Para tentar conter a realidade que lhe é cada vez mais adversa sobre o genocídio que comete em Gaza, Israel pressiona os Estados Unidos pelo lado político e a imprensa ocidental pelo lado da comunicação.
Como nada disso está adiantando — os protestos aumentam e se espalham pelo mundo, com as pessoas exigindo um cessar-fogo imediato e até a criação de um estado Palestino livre —, Israel deu um passo a mais adiante e agora fechou a Al Jazeera em Israel e proibiu a transmissão de suas reportagens no país.
Não bastou assassinar quase 140 jornalistas palestinos nesses período, Israel decidiu calar o jornalismo livre de suas amarras e do controle ocidental.
No Festival Internacional de Jornalismo de Perugia, realizado em abril na Itália, a porta-voz do Sindicato dos Jornalistas Palestinos, Shuruq As’ad, relata o dia a dia dos jornalistas em Gaza, sob ataques de Israel:
"O que os nossos colegas em Gaza, e até nós na Cisjordânia, enfrentamos não é novo. Desde o primeiro dia da ocupação, somos atacados diretamente por Israel, com jornalistas sendo agredidos ou humilhados em postos de controle, ou tendo seus escritórios invadidos e equipamentos demolidos. Mas, depois de 7 de outubro, há uma grande escalada. Agora, em Gaza, morre quase um jornalista por dia. O principal desafio é permanecer vivo: até agora, 130 já perderam suas vidas. Já são 84 escritórios bombardeados, um da AFP, um da Reuters e de canais de TV árabes e locais. Tivemos 100 jornalistas presos, e 40 ainda estão na prisão ou em detenção administrativa, sem qualquer tribunal nem permissão para receberem o sindicato ou seus advogados. Dois colegas estão desaparecidos, e vários recebem ameaças. Outros foram feridos e perderam suas vidas porque Israel não permitiu que saíssem de Gaza. Muitos estão deslocados, alguns pela quinta ou sexta vez. Eles vivem em tendas feitas à mão, com algumas madeiras e nylon. Carecem do básico para viver, como comida, água, cobertores, internet, eletricidade e gasolina. Movem-se a pé ou em carroças puxadas por burros. Estão traumatizados." [O Globo]Neste domingo, 5, o governo Netanyahu votou a favor do encerramento da transmissão da Al Jazeera, a estação de televisão do Catar, em Israel devido à sua cobertura durante a guerra de Gaza.
A lei, proposta pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e pelo ministro das Comunicações, Shlomo Karhi, concede a Karhi a capacidade de proibir o funcionamento do canal por 45 dias.
O governo autorizou Karhi a ordenar a cessação das transmissões do canal em Israel, em árabe e inglês; fechar seus escritórios em Israel; confiscar equipamentos utilizados por seu pessoal, exceto telefones e computadores; e limitar o acesso de Israel ao site da rede.
A opinião do serviço de segurança Shin Bet é de que as transmissões do canal prejudicam a segurança do Estado, condição exigida para o fechamento, de acordo com a lei aprovada em abril. As opiniões da Mossad, do exército israelense e da censura militar não incluíam tal afirmação, mas apoiavam a restrição das transmissões.
O jornalista e membro do conselho editorial do Haaretz, mais tradicional jornal israelense, Gideon Levy, comenta o fechamento da Al Jaazera:
"Uma vergonha. Que vergonha ser israelense e jornalista hoje. Banir a Al Jazeera é o fim da imprensa livre em Israel"
— FEPAL - Federação Árabe Palestina do Brasil (@FepalB) May 5, 2024
Gideon Levy, jornalista e membro do conselho editorial do Haaretz, mais tradicional jornal israelense, comenta o fechamento da Al Jaazera em "israel" pic.twitter.com/vBUUUVLSyo
Com informações do Haaretz.
Na imagem, a jornalista palestina Shireen Abu Akleh assassinada pelo exército de Israel em 11 de maio de 2022.