O ministro do STF Kássio Nunes Marques, no momento também vice-presidente do TSE, enviou a queixa-crime do deputado federal e candidato derrotado à prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos contra o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas para o Procurador Geral Eleitoral (PGE) Paulo Gustavo Gonet Branco.
Bem no dia da eleição, com as urnas ainda abertas convocou uma coletiva de imprensa onde divulgou informações de uma suposta orientação de voto do grupo criminoso PCC para Boulos, prejudicando não apenas a candidatura como a reputação do deputado.
"Aconteceu aqui também, teve o salve. Houve interceptação de conversas, de orientações que eram emanadas de presídios por parte de uma facção criminosa orientando determinadas pessoas em determinadas áreas a votar em determinados candidatos. Houve essa ação de intercepção, de inteligência, mas não vai influenciar nas eleições", afirmou Tarcísio.
Perguntado por uma repórter que já sabia a resposta, pois o vazamento de três bilhetes havia sido publicado na noite anterior, Tarcísio respondeu: "Boulos".
Os bilhetes foram produzidos em cadeias diferentes e tanto podem ser verdadeiros como podem ser forjados como partes dos famosos arregos entre presos ou entre policiais e presos.
Fato é que o governador convocou uma coletiva, usando de prerrogativa do cargo, para divulgar informações de que apenas ele dispunha de uma investigação de seu governo para prejudicar uma candidatura, pois quem iria votar num candidato apoiado pelo grupo criminoso PCC?
"Quando o Governador constrói, durante a entrevista, que essa ação é contra o crime organizado na política, e correlaciona tais acusações que teriam o condão de influir na candidatura de Guilherme Boulos, pratica ato sabidamente ilícito", afirma a defesa de Boulos na queixa-crime.
Tarcísio não comentou o assunto em público, mas fez vazar para a imprensa que a declaração não teria o poder de influenciar no resultado eleitoral tamanha a diferença de votos entre os candidatos.
A desculpa é a mesma de seu ídolo, Jair Bolsonaro, sobre o golpe de Estado fracassado que articulou. Uma tentativa de desviar o foco da atitude criminosa minimizando seu efeito. Se não houve o golpe, houve a tentativa. Isso vale para os dois casos. Ambos criminosos.
O ministro Nunes Marques deu ao Procurador Geral Eleitoral (PGE) Paulo Gustavo Gonet Branco o prazo de uma semana para que se manifeste se indicia ou não o governador de São Paulo no crime eleitoral.