O Globo, que foi contra 13º salário, agora ataca reajuste de aposentadorias e BPC

O Globo, que considerou "desastrosa" para o país a implementação do 13º salário, agora se volta contra o reajuste do BPC e das aposentadorias pelo salário mínimo. É verdade que o jornalão carioca não está sozinho. Toda a mídia hereditária vocaliza o mercado e se opõe a qualquer reajuste que não seja a reposição da inflação, e olhe lá.

Os argumentos de hoje são quase os mesmos dos usados há mais de 60 anos, bastando apenas atualizar a ortografia e os valores. Confira:

 

Os meios financeiros consideram altamente inflacionária e de conseqüências desastrosas para a economia nacional a implantação de um 13º mês de salário, nos termos do projeto do sr. Aarão Steinbruch (MTR-Estado do Rio), aprovado pelo plenário de Câmara dos Deputados, e que agora irá ao Senado. Deixando de lado a agricultura, para a qual faltam dados positivos, o economista Eugênio Gudin calcula em cêrca de Cr$ 80 bilhões a sobrecarga salarial que o aumento representaria no orçamento das empresas.

 

 

Em editorial, O Globo vai ao ponto logo no título: "É preciso desvincular BPC e aposentadoria do salário mínimo".

O Brasil não é o único a adotar programa com esses objetivos, mas na comparação internacional o valor do BPC já é alto. Além disso, o reajuste foi anabolizado (sic). A regra de correção é a mesma do salário mínimo, que desde o ano passado permite aumento acima da inflação.

Mudança idêntica deveria ser feita na política de reajuste das aposentadorias. Quem trabalha costuma ter filhos e dependentes. Gasta mais com aluguel, comida, luz e água. [Ué, aposentados não têm esses gastos?!]

Nos dois casos, a solução é a mesma: "o razoável é sua remuneração ser corrigida também pela inflação, de modo a preservar seu poder de compra, mas sem o ganho real devido aos que estão na ativa". 

Isso, claro, é por enquanto. Porque esse mesmo raciocínio pode vir a ser usado mais uma vez adiante para retirar até o reajuste pela inflação. Vão alegar que isso deveria ser apenas para os que trabalham, já que os aposentados e os beneficiários do BPC não têm os mesmos gastos dos que trabalham, segundo eles, que imaginam que aposentadoria é ficar dando de comer aos passarinhos na gaiola ou aos pombos nas pracinhas, realidade bem diversa da maioria dos aposentados brasileiros.

BPC

Lembrando:

O Benefício de Prestação Continuada – BPC, previsto na Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, é a garantia de um salário mínimo por mês ao idoso com idade igual ou superior a 65 anos ou à pessoa com deficiência de qualquer idade. No caso da pessoa com deficiência, esta condição tem de ser capaz de lhe causar impedimentos de natureza física, mental, intelectual ou sensorial de longo prazo (com efeitos por pelo menos 2 anos), que a impossibilite de participar de forma plena e efetiva na sociedade, em igualdade de condições com as demais pessoas.

O BPC não é aposentadoria. Para ter direito a ele, não é preciso ter contribuído para o INSS. Diferente dos benefícios previdenciários, o BPC não paga 13º salário e não deixa pensão por morte.

Para ter direito ao BPC, é necessário que a renda por pessoa do grupo familiar seja igual ou menor que 1/4 do salário-mínimo.

Além da renda de acordo com o requisito estabelecido, as pessoas com deficiência também passam por avaliação médica e social no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). [Gov]


É dessas pessoas que O Globo, Folha, Estadão, Veja etc. querem tirar o reajuste pelo salário mínimo.

São os mesmo jornalões que defenderam ardentemente a desoneração da folha, que gera um custo para o governo, estimado em R$ 9,4 bilhões ao ano. A desoneração os beneficia a todos, coisa que nunca informaram a seus leitores.

Mas o problema está nos aposentados e nos beneficiários do BPC. Porque a mídia corporativa está onde sempre esteve: na contramão dos interesses do povo brasileiro.

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