“Fora Collor!” (da cadeia?) e um novo acordão nacional, com STF, com tudo

Impressão minha ou o Brasil caminha novamente para um novo acordão nacional, como aquele flagrado na conversa do ex-senador Jucá em 2016, com o STF, com tudo, inclusive acertado pela mesma figura nefasta: o golpista impune Temer.

Há no ar um cheiro de impunidade, a começar pela defesa do PGR Gonet da prisão domiciliar do ex-presidente Collor. Finalmente condenado à cadeia sem direito a recursos, o "caçador de marajás" subitamente se revela um velhinho muito doente, tadinho. A defesa de Collor alega que ele sofre de doença de Parkinson, apneia do sono grave e transtorno afetivo bipolar, solicitando sua transferência para o regime domiciliar.

O episódio me lembra o da prisão de um outro político, Paulo Maluf. Na cadeia pela primeira vez, junto com o filho, em 2005, a imprensa divulgava diariamente o péssimo quadro da saúde de Maluf, que ele estava prestes a morrer, que era desumano mantê-lo preso com aquela idade e seus problemas cardíacos graves. Liberto, ele foi flagrado, no dia seguinte (sic), tomando cerveja em Campos do Jordão. E está (muito) vivo até hoje. Fora da cadeia.

O mesmo acontece com os "coitadinhos" do 8 de janeiro, os "velhinhos", as"vovós", a mãe"dama do batom", que largou os filhos menores de idade em casa e foi para Brasília defender a derrubada de um governo eleito pelo povo numa das disputas mais acirradas da História, porque ela só teria "pichado uma estátua com batom"...

Já há um acordão nacional sendo gestado, exatamente como aquele denunciado no áudio flagrado de uma conversa do ex-senador Jucá, em que ele afirma já ter conversado com ministros do Supremo e eles teriam topado um acordão nacional, desde que sem Dilma e com Temer presidente.

Agora, fala-se em mudança na lei do golpe de Estado, não para agravar as penas, mas para abrandá-las. Seria necessário individualizar a ação de cada um dos milhares de manifestantes e puni-los pelo que tivessem efetivamente feito; ou melhor, puni-los por aquilo que fosse flagrado pelas câmeras, porque nunca se sabe no meio da multidão o que cada um realizou na realidade. Deslocar-se de sua cidade pra Brasília, acampar diante dos quartéis pedindo golpe militar, marchando para a praça dos Três Poderes e invadindo e depredando tudo, enquanto defendiam o golpe de Estado, não é nada. Valeria apenas a "pichação do batom" flagrada.

Os aprisionados pelo 8 de janeiro tiveram oportunidade de não irem a julgamento (os que não foram flagrados cometendo outros delitos). Vários concordaram; outros, não, preferiram ir a julgamento porque julgavam estar certos em defender um golpe militar que implantasse uma ditadura no país.

Há vários já julgados e condenados, mas os comandantes e futuros beneficiários ainda vão a julgamento. Outros, como a mulher e filhos de Bolsonaro, nem isso; pelo menos por enquanto.

No entanto, nem chegou a vez deles e já há sinais de fumaça por todos os lados em defesa de uma "pacificação da sociedade". Tomaram a "dama do batom" como parâmetro e querem diminuir a pena de golpistas (repito, golpistas, gente que foi à ação para derrubar um governo constitucionalmente eleito).

Logo, todos estariam nas ruas, alguns até pedindo indenização (não duvidem disso) pelo tempo "excessivo" que pegaram de cadeia.

Mas essa não é a grande parte que o pedido do procurador Gonet em relação a Collor sinaliza: pode vir aí uma prisão domiciliar para todos os "velhinhos" com grave problema de saúde, a começar pelo infame e cabeça do esquema, Jair Bolsonaro.

Já é possível prever todos os generais do golpe (Heleno à frente) brandindo atestados que comprovariam seus graves problemas de saúde. Médicos bolsonaristas, que defenderam uso de cloroquina e kit Covid, não faltarão para assinar laudos comprobatórios dessa gravidade.

Escreveu Gonet sobre a prisão domiciliar de Collor:

“A manutenção do custodiado em prisão domiciliar é medida excepcional e proporcional à sua faixa etária e ao seu quadro de saúde, cuja gravidade foi devidamente comprovada”.

Troque Collor por Bolsonaro, Heleno, etc., e veja o grande acordão nacional, que começa pela "dama do batom" mas visa livrar a cara dos golpistas em nome da "pacificação do país", como a anistia pós ditadura, com o resultado que assistimos em 8 de janeiro de 2023. Lugar de golpista é na cadeia.






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