Investigação da Polícia Federal encontrou no celular apreendido do ex-presidente Jair Bolsonaro uma carta com pedido de asilo ao presidente da Argentina Javier Milei, salvo no telefone do ex-presidente em 10 de fevereiro de 2024, dois dias após a deflagração da Operação Tempus Veritatis, que mirou Bolsonaro e aliados da trama golpista.
Segundo a PF, a carta estava num arquivo docx, do programa Word da Microsoft, editável, nome de usuário "Fernanda Bolsonaro". O nome da esposa do senador Flavio Bolsonaro é Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro.
Além do conteúdo que foi revelado e está sendo utilizado em geral pela imprensa, com apenas duas páginas, o documento contém 33 páginas no total, com várias referências a leis e acordos internacionais que sustentariam o pedido de asilo do ex-presidente.
Ocorre que a esposa do senador Flávio é dentista. Flávio é que é formado em Direito e sempre justificou a origem de sua fortuna, inclusive para comprar a mansão milionária que mora em Brasília, com os rendimentos de seu trabalho como advogado.
Logo, o mais provável é que Flávio tenha usado o equipamento da esposa para driblar a vigilância e ocultar a origem do pedido de asilo do ex-presidente, pois seu laptop ou celular poderia estar grampeado — ou ele suspeitar disso.
A Polícia Federal deveria chamar o casal para depor e tirar a dúvida: afinal, qual dos dois escreveu o pedido de asilo, Flavio ou Fernanda?
O asilo ou os asilos?
No dia 10 de fevereiro 2024, quando Bolsonaro salvou o arquivo em seu celular, o ex-presidente estava muito preocupado com uma ordem de prisão, que lhe parecia iminente.
Dois dias antes, a PF deflagrou a Operação Tempus Veritatis, em plena semana de Carnaval.
O medo era tanto que Bolsonaro passou parte do Carnaval na embaixada da Hungria, do ditador de direita Viktor Orban, fato que só foi revelado por uma reportagem do The New York Times.
Na época, Bolsonaro alegou que não estava fugindo ou pedindo asilo, mas apenas fazendo contatos políticos, coisa que nunca fez em seus quatro anos como presidente.
A ida de Jair Bolsonaro (PL) para a embaixada da Hungria para
permanecer lá por dois dias, depois de ter seu passaporte apreendido por
ordem do STF, de ver dois de seus principais assessores presos e de
fazer um vídeo incendiário convocando seus seguidores radicais para uma
manifestação repercutiu em todo o planeta, como mostrado na segunda (25) após divulgação de um
vídeo da escapada pelo The New York Times.
Pois saibam que até em terras húngaras o fato teve bastante ressonância
e a abordagem da imprensa de lá mostra que ninguém tem dúvidas do que o
ex-presidente brasileiro fez.
Entre os três maiores e mais
influentes jornais do país, dois deles disseram claramente que Bolsonaro
“fugiu” para a embaixada da Hungria para não ser preso, e no terceiro o
assunto foi simplesmente ignorado. O ‘Magyar Hirlap’ foi o veículo que não repercutiu o acontecimento, enquanto o ‘Magyar Nemzet’
afirmou em sua manchete que o ex-chefe de Estado sul-americano “está
atualmente sob processo criminal em seu país e é suspeito de se preparar
para um golpe depois de perder as eleições presidenciais de 2022” o que
o fez então “buscar refúgio na embaixada da Hungria”, ainda que este
periódico diga em sua chamada que Bolsonaro “sofre perseguição
política”.
Segundo relatório atual da PF, o pedido de asilo a Milei foi editado no dia 12 de fevereiro daquele ano. segunda-feira de Carnaval, com Bolsonaro na embaixada da Hungria.
Flavio abatido ou preocupado?
Hje o senador Flavio Bolsonaro surgiu abatido. Ou preocupado que a PF chegue a ele e o envolva de dez no esquema de pedido de asilo de seu pai?
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) surgiu nesta
quinta-feira (21) abatido durante entrevista para o canal Auri Verde.
Durante a conversa, o parlamentar demonstrou certo desespero com o
relatório da Polícia Federal, que indiciou seu pai, o ex-presidente Jair
Bolsonaro, seu irmão Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o pastor Silas Malafaia por tentativa de obstrução da Justiça.
Flávio
Bolsonaro disparou ataques contra o ministro Alexandre de Moraes, do
Supremo Tribunal Federal (STF): "A palavra que eu encontro para Alexandre de Moraes hoje é que ele é uma pessoa asquerosa. Uma
pessoa que joga muito baixo. Uma pessoa que não tem limites para expor a
relação familiar, que não tem nada a ver com o processo [...] com a
única intenção de manipular a opinião pública, de atacar o presidente
Bolsonaro."
Em outro momento, Flávio Bolsonaro supôs que os colegas de Moraes no STF
não o suportam mais: "Me coloco no lugar de outros ministros do
Supremo, que neste momento estão ali numa situação puxados para dentro
de um problema que o Alexandre de Moraes criou [...] se vazasse conversa
dos ministros com seus familiares, viria à tona algo do tipo: 'Olha, esse cara tá maluco. O Alexandre de Moraes não tem limite.'"
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