
O ex-ministro Palocci ferrou-se porque olhou o extrato bancário do caseiro, viu o depósito e, pelo rabo, pensou que fosse um gatinho. Puxou-o e, tarde demais, descobriu que era um leão - que o engoliu.
Portanto, independentemente de nossa posição (a minha explicitei neste artigo no Jornal do Brasil), qualquer tentativa de impichar o Lula sem provas é golpe. Ele pode até parecer culpado, mas a lei do país afirma que todo mundo é inocente, até que se prove sua culpa.
Muito embora eu, confesso, não consiga entender o funcionamento da Justiça e as prerrogativas do exercício da profissão de advogado. Agora mesmo no caso da Suzane Richthofen, que encomendou a morte dos pais e apareceu na TV sendo instruída por seu advogado para que fingisse arrependimento, chorasse e culpasse os irmãos Cravinhos (que fizeram a parte suja do crime, matando os pais da moça a golpe de barras de ferro)...
Pois bem, tenho lido imprecações contra a TV Globo, que teria violado o segredo da relação advogado-cliente. Também li que é lícito ao réu mentir para se defender. E que o trabalho do bom advogado é conseguir a menor pena ou a absolvição de seu cliente, mesmo que usando de mentiras.
Há pouco tempo, um famosíssimo advogado foi flagrado mandando seu cliente falsificar a assinatura. Pelo visto, em defesa do cliente isto é legal. A mim parece-me absurdo. O dever do advogado deveria ser defender seu cliente para que fosse punido por aquilo que efetivamente praticou – e não por qualquer outra coisa. Que não tivesse a pena agravada por ser pobre ou rico, negro, umbandista, evangélico, estrangeiro, judeu ou homossexual. Em resumo: ajudar a fazer Justiça.
Mas não. Parece que o dever do bom advogado é livrar a cara de seu cliente, mesmo a custo de cometer uma tremenda injustiça...pois uma mentira bem urdida pode livrar um criminoso do pagamento da pena a que deveria ser condenado. Como compreender uma profissão dessas?
Por favor, corrijam, se eu estiver certo.
(Ah, e sem provas, é golpe.)
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Eu também não consigo entender como funciona a Justiça. sei que é cara e para quem ela funciona: os poderosos.
ResponderExcluirAbraço
Calma Ptista , seria melhor vc pintar a estrela solitária do Botafogo de VERMELHO.
ResponderExcluirGERALDINHO NELES.
Caro Mello, pra você refletir, segue um pensamento daquele que foi um dos maiores advogados criminalistas do país, filho do grande Antônio Evaristo de Moraes (que não era formado em Direito, mas também foi grande criminalista - naquela época havia o "solicitador"), e que foi um dos advogados de Collor:
ResponderExcluir"O verdadeiro cliente do advogado criminalista é a liberdade humana, inclusive daqueles que não nos compreendem e nos hostilizam, se num desgraçado dia precisarem de nós para livrarem-se das teias da fatalidade". (Antonio Evaristo de Morais Filho)
E sobre esse seu sentimento de justiça, que julgas vilipendiado pela atitude do advogado da pobre menina, tolhida pela fatalidade, cito uma passagem da oração de meu tio, já falecido, quando de sua formatura em 1959 pela Faculdade de Direito da UFMG, quando contava com apenas 22 anos de idade:
"E por este ângulo de vista ideal-realístico é que vislumbramos o mundo a nos esperar lá fora dissemelhando, muitas vezes, do sonhado nos albores de nossa juventude. Porque o ideal, o real e o possível relacionam-se - mas inconfundem-se - assistiremos freqüentemente ao conflito ou à simples dissonância entre a idealidade e realidade da Justiça e demais valores éticos, cumprindo-nos, amiudadamente, ante a impossibilidade do bem ideal, escolher o menor mal possível; ante a irrealizabilidade do justo, o mínimo injusto realizável; ante a inconcretizabilidade do perfeito, o mínimo imperfeito concretizável. Advogados, juizes, promotores, homens públicos - cidadãos, enfim - serviremos os nossos ideais, tratando a sociedade "humana", entrincheirados contra o "ideal-utopismo", dirigido não a homens, mas a anjos ou quiçá deuses, e, por outro lado, contra um certo realismo pouco realista, que enxerga em cada ser o indivíduo-fera-do-próximo. Inspirar-nos-á este outro idealismo, em que o Direito se destina a uma sociedade em que a pessoa humana não surge como um ente seráfico ou deífica entidade, mas singelamente como HOMEM, abaixo de Deus, aquém dos anjos, mas infinitamente além da fera; nem "homo hominis lupus" nem "homo hominis agnus", mas homem-irmão-do-homem, fraterno ou fratricida, samaritano ou cruel, mas afinal sempre HOMEM, para Lamartine um deus, mas um deus caído, saudoso de sua perdida divindade, chorando o paraíso perdido. E para assim - ideal-realisticamente - nos conduzirmos, baixaremos o DIREITO - como quer Nelson Hungria - ao "chão do átrio, onde ecoa o rumor das ruas, o vozeio da multidão, o estrépito da vida, o bramido da tragédia humana, porque o Direito não se pode alçar às nuvens no rumo dos céus; tem de estar presente ao entrevero dos homens, ao dantesco tumulto da humanidade"!
(Lincoln Westin da Silveira, 1937-1979)
E para completar, visto que não coube no outro comentário, segue a máxima do saudoso jurista italiano, Piero Calamandrei, em sua obra imortal, "Eles, os juizes, vistos por nós, os advogados":
ResponderExcluir"O sentimento de justiça, segundo o qual, conhecidos os fatos, se sabe desde logo de que lado está a razão, é uma virtude inata do ser humana, que nada tem a ver com a técnica do direito".
Abraços!
A gente não entende não é só como eles agem, é também como eles falam. pqp. Afinal, o advogado pode mandar o cliente mentir?
ResponderExcluirEu entendi o que você quis dizer, mas o que esses dois aí antes falaram não.
A hora do geraldo está chegando. Ele esempre esteve com o armário fechado. Agora que é o candidato o armário está aberto. De cara já apareceram 400 vestidos e um filho vendendo pó de chá. Já que descobrem o resto, e as 69 cpis acontecem, e aí é que são elas.
ResponderExcluircOMO DIRIA O GRANDE MESTRE DIDI MOCÓ : " VOTOU NO MULLA , AGORA AGUENTA"
ResponderExcluirMello, às vezs não concordo com o que você escreve. Como nesta postagem. Eu acho que tem muito motivo sim para o impeachment de Lula e grandes juristas como Miguel Reali Junior também. Mas você tem o melhor texto entre os blogueiros políticos e mesmo quando não concordo, gosto de ler, porque voc6e respeita a intelig6encia de quem lê.
ResponderExcluirOs advogados são os defensores da sociedade contra o arbítrio dos governantes.
ResponderExcluirO Brasil já teve grandes deles, como os doutores Sobral Pinto, Evandro Lins e Silva e tanos outros.