Crise Brasil-Bolívia (II)

Álvaro García LineraMais um trecho da entrevista do vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, ao repórter da BBC Hernando Alvarez.


As indústrias petrolíferas estrangeiras

Quando a Bolívia explorava sozinha - sem investimento estrangeiro - seus próprios recursos, no ano de 1995, entregava ao Estado US$ 390 milhões.

Depois vieram onze empresas petrolíferas, dizem que investiram US$ 3 bilhões - veremos se o investiram -, descobriram 1,1 trilhão de metros cúbicos, exportaram gás para o Brasil, a Argentina, e até janeiro deste ano entregavam apenas US$ 20 milhões a mais do que o que entregava o governo boliviano há dez anos.

Agora recentemente, não por elas mas apesar delas, com o IDH (Imposto Direto dos Hidrocarbonetos), melhorou notavelmente o rendimento em favor do Estado.

O negócio do Estado - gás, petróleo e gasolina - gera US$ 1.6 bilhão para um país que tem um Produto Interno Bruto de US$ 8 bilhões. É uma percentagem muito elevada, 20% do PIB.

Disso, o Estado, com o IDH, recebe somente US$ 550 milhões. Isto significa que US$ 1.1 bilhão ainda fica na mão das indústrias petrolíferas, o que é muito dinheiro. Elas dizem que investiram muito, mas vêm dizendo o mesmo desde 1997; investiram muito e não pagavam impostos. Bom: 1998, 1999, 2000, 2004, a mesma coisa. Até quando? Sempre estão investindo e nunca estão gerando ganhos?

Com a aplicação do IDH, agora têm que pagar ao Estado. Graças a isso, o Estado boliviano recebe US$ 380 milhões a mais. Em janeiro [de 2005] elas [as empresas petrolíferas] diziam: não podemos pagar um só centavo de impostos. Hoje estão pagando US$ 380 milhões e não se foram, seguem aqui. Isto é: o negócio rende.

Queremos que elas se mantenham aqui, mas também queremos que o Estado ganhe mais.

Daqui a pouco:

“Já a propriedade, a definição de preços, o mercado interno, industrialização, exportação, serão assumidas pelo Estado. São regras claras. Eu creio que essa não é uma atitude abusiva, nem vingativa.”

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