Pimenta na filha dos outros é refresco

Pimenta NevesNum filme de Buñuel – se não me falha a memória “O Fantasma da Liberdade” – um franco-atirador do alto de um prédio mata várias pessoas. É julgado, condenado e, em seguida à leitura da sentença, levanta-se e sai para as ruas, livre, como se a sentença não fosse para ele.

Lembrei-me do filme, quando li agora que o mesmo aconteceu com o jornalista Pimenta Neves, que matou covardemente sua ex-namorada e também jornalista Sandra Gomide com dois tiros: um nas costas e outro próximo do ouvido, quando a vítima já estava caída e sem chances de defesa.

Pimenta foi condenado a mais de 19 anos de cadeia, mas saiu da sala de julgamento como o franco-atirador do filme de Buñuel, livre, leve e solto.

O juiz alegou que não podia contrariar uma decisão do STF, segundo a qual ninguém pode ser tratado como culpado sem que haja decisão transitada em julgado. O que, traduzido, quer dizer mais ou menos o seguinte: se você tem dinheiro para pagar bons advogados, esqueça que todos são iguais perante a lei. O seu dinheiro faz a diferença.

Minha solidariedade à família de Sandra.

(Aguardo pronunciamento do "comentarista-consultor informal" deste blog para assuntos jurídicos, o Tucano Rubicundo, que anda sumido)

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