A campanha e os candidatos ao governo do Rio

evolução pesquisa IBOPE

Quem acha que está difícil escolher em quem votar este ano não mora no Rio. Aqui está impossível. A última pesquisa do Ibope volta a apontar uma vitória de Sérgio Cabral (PMDB), já no primeiro turno.

Sérgio Cabral (PMDB)

O Sérgio Cabral - como explicá-lo para quem não mora no Rio? - tem um ar de bom moço, cada vez mais gordinho, com uma cara bonachona como a do Nizan Guanaes. Mas anda em más companhias. Tem uma conversa mole, de que é o protetor dos idosos, mas certa vez chegou a dizer que teria como secretário de governo o doutor Eduardo Espíndola, que veio a tornar-se tristemente famoso por ser um dos donos da Clínica Santa Genoveva - aquela onde morreram mais de 100 velhinhos por maus tratos e abandono, há dez anos, aqui no Rio, lembram-se?

Cabral lidera a pesquisa, mesmo sendo o candidato do casal Garotinho. A governadora Rosinha conseguiu, segundo o Ibope, a incrível proeza de ter seu governo avaliado como péssimo por 26% dos eleitores do Rio. Para 9% é um governo ruim. O esposo, após fracassarem suas tentativas de concorrer à presidência da República, sentou-se no Pudim - nome do candidato que Garotinho apoiou para a prefeitura de Campos (e foi derrotado duas vezes) e que ele agora se dedica de corpo e alma a eleger deputado federal.

E por que Cabral lidera? Vamos aos outros.

Marcelo Crivella (PRB)

Em segundo lugar, aparece o senador Marcelo Crivella (PRB). Para quem não é do Rio, mas acha que conhece o nome de algum lugar: sim, é ele mesmo, o sobrinho do bispo Macedo. Crivella também é bispo da Universal (ou foi, não sei). O que sei é que ele é da cúpula da igreja, fundada pelo tio. Diz que não recebe mais voto por puro preconceito. Acho que está certo. Eu, por exemplo, assumo: nada tenho contra os fiéis da tal igreja, mas a cúpula... Qualquer dúvida sobre os objetivos do grupo é só dar uma clicada no texto em vermelho que rola aqui em cima neste blog. Veja o vídeo perdido do bispo Macedo e conclua você mesmo se é possível votar em quem participa desse time.

Denise Frossard (PPS)

Depois de Crivella, em terceiro lugar, com uma boa subida na pesquisa, vem a juíza Denise Frossard (PPS). A juíza é uma mulher séria, corajosa. Enfrentou e botou em cana a cúpula do jogo do bicho no Rio - o que não é para qualquer um. O diabo na vida da juíza Frossard é que o marqueteiro dela é o ex-prefeito do Rio, ainda no exercício do cargo, César Maia. Todo candidato programado pelo marqueteiro César Maia fica igual ao candidato César Maia. Inclusive o próprio, que é uma criação do seu lado marqueteiro. Os mesmos gestos, os mesmos tiques, que mataram, por exemplo, a candidatura de Solange Amaral (outra criatura de César) ao governo do Rio, em 2002. A diferença é que a juíza tem história. E tem votos. Foi a deputada mais votada nas últimas eleições do Rio.

Mas a juíza também tem outros problemas. É contra o nepotismo, mas empregou um sobrinho em seu escritório em Brasília. E emitiu um parecer que vai persegui-la por toda a sua vida política. Historio: Em setembro de 2001, o deputado Nelson Pellegrino (PT-BA) apresentou na Câmara o "projeto de lei 5448, que estabelece como crime a discriminação de pessoas em razão de doença de qualquer natureza". A juíza deu um parecer recomendando a rejeição do projeto. A íntegra do parecer você pode ler clicando aqui, mas, entre outras coisas, a juíza diz:

"A deformidade física fere o senso estético do ser humano. A exposição em público de chagas e aleijões produz asco no espírito dos outros, uma rejeição natural ao que é disforme e repugnante, ainda que o suporte seja uma criatura humana. Portadores de doenças e deformidades costumam freqüentar locais públicos exibindo as partes afetadas do corpo, não só com o intuito de provocar comiseração, como também, com o propósito de afrontar a sensibilidade dos outros para o que é normal, saudável e simétrico."

Não é preciso comentar, né?

Eduardo Paes (PSDB)

Além desses três, que, pelas pesquisas, são os candidatos principais, há mais oito. Um deles, o deputado federal Eduardo Paes (PSDB), destaca-se porque tem 2% das intenções de votos (os outros, 1%, ou nem isso). O candidato tucano é fruto de uma dissidência do grupo de César Maia no Rio. É uma cria do ex-prefeito ainda em exercício. Resolveu candidatar-se para preparar terreno a uma disputa para a prefeitura do Rio, em 2008.

Vladimir Palmeira (PT)

Agora, a grande curiosidade da campanha, o candidato do PT, Vladimir Palmeira. Vladimir foi líder estudantil. Comandou a famosa passeata dos 100 mil, e de tal forma, que Nelson Rodrigues andou lhe dedicando algumas crônicas. Comandou também um grande racha no PT do Rio, em 1998. Ele era o indicado do partido no Estado para a disputa, mas a direção nacional interveio e obrigou o diretório regional a fazer uma coligação com Garotinho (na época no PDT de Brizola), entrando a (na época) senadora Benedita da Silva como vice.

Teoricamente, com os governos estadual e federal desgastados no Rio, Vladimir seria um candidato forte para o partido neste ano. Fez oposição aos acordos do grupo do ex-deputado José Dirceu, e também oposição a Garotinho. No entanto, em vez de se impor como candidato e lançar-se de corpo e alma na disputa, Vladimir parece apenas querer tirar uma forra com os desafetos. Primeiramente, aceitou o tal palanque duplo de Lula no Rio - que de duplo não tem nada: Lula pede votos para Crivella e chama Vladimir de companheiro... Depois, inventou uma forma sui generis de criticar os problemas do PT e da política nacional: Vladimir realiza, se assim se pode chamar, a primeira campanha metalingüística da política brasileira. Resultado: não sai do 1%. Mas parece estar se divertindo bastante com isso. Os eleitores...Bem, os eleitores, como o gol para o Parreira, são um detalhe...

E no seu estado, está pior ou melhor?

(Atenção: se você não quer eleger um parlamentar corrupto, clique aqui, e não deixe de ler esta postagem.)

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