quarta-feira, 4 de abril de 2007

Zuenir Ventura e Henry Sobel

Aproveitando o fato de que estamos em plena comemoração da Semana Santa cristã, publico este trecho do artigo de hoje do jornalista Zuenir Ventura, de O Globo, sobre o rabino Henry Sobel, que vem sendo achincalhado por muitos.

Não sou judeu, mas nesse caso de Sobel, sim, sou judeu – se é que me entendem.

Há 35 anos à frente da Congregação Israelita Paulista, Sobel teve algumas atitudes cívicas cujas dimensões transcenderam a comunidade judaica. Ao desobedecer os militares e se recusar corajosamente a sepultar como suicida o jornalista Vladimir Herzog, torturado e assassinado nas dependências do II Exército em 1975, ele ajudou a apressar o fim da ditadura. Pela tradição judaica, o suicídio é crime, e quem o comete deve ser enterrado fora do cemitério.

Pois ele não só tomou a decisão de sepultá-lo numa área nobre do cemitério israelita, como presidiu a solenidade. A denúncia era indireta, mas o país entendeu o que ele queria dizer com o gesto - que a versão oficial era mentirosa, que o governo torturava e matava em seus quartéis.

Sete dias depois, uma cerimônia ecumênica em memória de Vlado, celebrada conjuntamente pelo cardeal de São Paulo, D. Paulo Evaristo Arns, por D. Hélder Câmara, pelo pastor James Wright e por Henry Sobel, transformou-se num poderoso protesto contra a ditadura. A partir de então, o rabino promoveu importantes ações que aproximaram as religiões, incluindo a muçulmana. A democracia e o ecumenismo muito devem a ele.

Clique aqui e receba o Blog do Mello em seu e-mail

2 comentários:

  1. Anônimo4.4.07

    Mello, desculpe-me, mas não consigo entender o porquê de algumas pessoas (com você) acharem que o rabino Henry Sobel está sendo achincalhado. Não está.E se está, por quem? Ele cometeu um delito, foi preso e certamente a justiça levará em conta a cada vez mais plausível justificativa de ele ter furtado as gravatas por conta de um grave distúrbio psicológico. Ponto. Ao lado da exposição do fato, sempre vi textos mencionando a importância de Sobel para o rabinato não só paulista mas brasileiro e para a defesa dos direitos humanos. Não sou nada fã da imprensa brasileira, mas acho que, com raras exceções, os jornalistas souberam preservar a biografia do rabino. Agora, se ele fosse evangélico ou católico... Sei não. Abraços, Mariana.

    ResponderExcluir
  2. Mariana,
    se ele fosse evangélico, certamente estaria enrascado. Mas tenho cá minhas dúvidas, em relação à igreja Católica, como disse na minha postagem A polêmica sobre o rabino Sobel.
    Abrir espaço, como fez O Globo, para divulgar comunidades da internet com piadinhas sobre o fato, não sei não...

    Abraço,
    AM

    ResponderExcluir

Gostou? Comente. Encontrou algum erro? Aponte.
E considere apoiar o blog, um dos poucos sem popups de anúncios, que vive apenas do trabalho do blogueiro e da contribuição dos leitores.
Colabore via PIX pela chave: blogdomello@gmail.com
Obrigado.