segunda-feira, 18 de junho de 2007

RGTV e RCTV: Tudo a ver

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Dois fatos explicam a grita e mostram a relação umbilical da RGTV (Rede Globo de Televisão) com a RCTV (Radio Caracas de Televisión).

Um, a perda de poder da Rede brasileira, que já mandou no Brasil, mas há duas eleições vê seu candidato ser derrotado por Lula.

Trecho de uma palestra de Paulo Henrique Amorim, transcrita em seu site Conversa Afiada, mostra o poder de que já desfrutou a Globo:

Eu era editor de economia da Rede Globo e não podia dizer o nome do ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, porque havia uma divergência sobre um negocio empresarial do doutor Roberto Marinho com o Maílson da Nóbrega. O doutor Roberto queria fazer uma exportação de casas pré-fabricadas em condições lesivas ao patrimônio público. O Maílson da Nóbrega não concordou e era proibido falar o nome do Maílson da Nóbrega. Então tinha que falar “governo”, “autoridades fazendárias”. Não se podia falar “Maílson da Nóbrega”.

Aliás, a nomeação do Maílson da Nóbrega é muito interessante e merece ser registrada. O Maílson da Nóbrega era vice-ministro da fazenda do Bresser Pereira. O Bresser Pereira caiu e, aí, o Maílson da Nóbrega ficou lá interino. Eu era editor de economia, tinha uma coluna de economia no “Jornal da Globo” e fazia entrevistas no “Jornal da Globo”. Fui a Brasília para entrevistar o Maílson da Nóbrega. Naquele tempo a gente podia fazer na televisão uma entrevista de dez minutos com um ministro da Fazenda. Hoje, nem pensar. E aí o Maílson se saiu muito bem, ele é meu amigo e é uma pessoa muito articulada. Deu respostas boas, e o presidente José Sarney viu a entrevista. Ele não conhecia muito bem o Maílson e resolveu nomeá-lo naquela noite.

Ele chamou o Maílson ao Palácio no dia seguinte, no Planalto. Entrevistou o Maílson de novo e, aí, disse: “Você aguarde. Vá ali para aquela sala ao lado”. Aí, naquela sala ao lado, ele foi conduzido pelo Antonio Carlos Magalhães, ministro das Comunicações, por um corredor e entrou numa outra sala e estava lá o doutor Roberto Marinho. E aí o doutor Roberto sabatinou Maílson da Nóbrega. E concordou com a nomeação do Maílson da Nóbrega. E o Maílson da Nóbrega achou aquilo tudo muito esquisito, saiu, foi embora para o Ministério. Quando ele chegou ao Ministério, a secretária disse: “Ministro! Ministro, parabéns !”. Ela tinha acabado de assistir a uma edição extra do “Jornal Nacional” dizendo que ele era o Ministro da Fazenda escolhido pelo presidente José Sarney. Quem conta essa história numa entrevista à revista “Playboy” chama-se Maílson da Nóbrega.

O outro fato a que me referi é que a grita da Globo é preventiva. Eles querem criar na mente dos brasileiros a ligação: “não renovação de concessão” é igual a “antidemocracia”, “autoritarismo”, “censura”.

Será que é por que este ano vence a concessão da afiliada da Globo de Brasília?

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Um comentário:

  1. Faz sentido, tudo bem. A globo é um cancro, feia e boba, todos sabemos disso e aparentemente somos muito preguiçosos e conformados para contestar.
    Não obstante, o apelo da maioria da população venezuelana não lhe diz nada? E menos obstante -mas com alguma pertinência- concessão governamental para expressar... não seria, por acaso, um contra senso em uma democracía?

    ...prefiro ser prudente e não acreditar que a liberdade de expressão no Brasil esteja condicionada às peripécias de um chapolim aloprado. Se a Globo realmente acredita nisso é porque realmente é feia e boba, e quem não protesta contra um chapolim aloprado é boçal. Se não renovarem a concessão da afiliada no DF, então vamos às armas (supondo que estejamos sendo administrados por um chapolim aloprado como Chávez).
    Mas resta a dúvida...atirar nos boçais ou no governo?
    abs,

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