Há dois anos, o Papa Francisco mandou um emissário enviar mensagens aos presidentes de Cuba, Raúl Castro, e dos EUA, Barack Obama, propondo uma reaproximação entre os países.
A intermediação do Papa produziu efeitos imediatos, e a reaproximação entre os dois países (adversários há 50 anos) surpreende o mundo, não apenas com declarações amistosas de ambos os lados, mas também com ações concretas, a principal delas a reabertura de embaixadas nos dois países. Por isso, a visita do Papa a Cuba, que começa hoje, neste sábado, é muito festejada na ilha.
Sentado na frente de sua pequena livraria no centro de Havana, Orlando Ramos Leiva afirma que nunca acreditou em Deus e deu de ombros quando, guiado pelo espírito revolucionário, o governo mudou a Constituição em 1976 para definir o país como um Estado ateu.
Os olhos azulados brilham, porém, quando o ex-marinheiro de 79 anos é questionado sobre a chegada do representante máximo da Igreja Católica à ilha, neste sábado. Para ele, a primeira visita do papa Francisco a Cuba será "um dos acontecimentos mais importantes para o país na última década".
"Essa visita não é sobre religião, é sobre política", ele diz à BBC Brasil.
Leiva e muitos cubanos são gratos ao papa por sua participação na recente retomada das relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos. Após 54 anos de distanciamento e hostilidade, a embaixada cubana em Washington voltou a funcionar em julho, e um mês depois a missão americana em Havana foi reaberta.
O pontífice enviou cartas ao presidente americano, Barack Obama, e ao cubano, Raúl Castro, conclamando-os ao diálogo, e diplomatas dos dois países se reuniram no Vaticano para tratativas iniciais.
Em Havana, o entusiasmo com a visita do primeiro papa latino-americano levou muitos moradores a espalhar pôsteres de Francisco pela cidade.
Muitos deles – entre os quais o aposentado Sideo Barroso, que colou a foto do pontífice na porta de casa – agora esperam que, ao deixar Cuba rumo aos Estados Unidos na terça-feira, o argentino convença o Congresso americano a pôr fim ao embargo econômico à ilha. [Fonte: BBC Brasil]
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