O mea-culpa que ministro da Justiça não fez quando acusou policiais e políticos do Rio de responsáveis pela violência no estado


O ministro da Justiça Torquato Jardim fez graves acusações a comandantes da polícia e deputados do Rio de Janeiro, apontando-os como responsáveis pela violência no estado.

Mas esqueceu de falar em dois aspectos que colocam o governo federal, de que ele faz parte como ministro, em posição igual ou até mesmo pior que a dos acusados pelas mazelas do Rio.

Primeiro, o fator do exemplo. Como se exigir de alguém que cumpra as leis se o governo federal do país sob golpe é o primeiro a descumpri-las?
  • Primeiro, através de um golpe de Estado, uma armação em conluio com mídia corporativa, Legislativo e Judiciário que tirou do poder uma governante eleita com mais de 54,5 milhões de votos com uma acusação forjada de pedaladas fiscais, anteriormente utilizadas - sem punição - por todos os governos federais, estaduais e municipais.
  • Segundo, pela chegada ao poder de uma quadrilha, onde boa parte dos ministros e de políticos apoiadores do governo são acusados, processados e alguns até condenados por corrupção, a começar pelo acusado de ser o corrupto mor, sentado na cadeira presidencial.
  • Terceiro, a compra de votos em favor da barragem da delação por corrupção do golpista no poder, o presidente Temer. Uma compra escancarada com direito a acompanhamento diário até pela mídia corporativa.
Que exemplo de respeito às leis, à ordem e à Justiça dão os Três Poderes para serem respeitados pela população em geral?

Outro aspecto que o ministro não tocou em suas acusações ao Rio de Janeiro é a responsabilidade do governo federal, do ministro da Justiça, na chegada de armas ao estado, já que o estado do Rio não as produz.

Leia a seguir artigo de Marco Aurélio Canônico, na Folha de hoje, que toca nesses pontos.

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Não é preciso ser ministro da Justiça, com acesso a informações privilegiadas, para saber que o crime se imiscuiu na polícia e na política fluminenses há muito tempo. Basta acompanhar a imprensa.
Torquato Jardim afirmou que comandantes de batalhões da PM são "sócios do crime". Surpresa? Eis uma notícia de 2012: "Após prisão de 59 PMs, comandante do batalhão de Caxias é substituído". Outra, de 2014: "'Próprio bandido é quem comanda batalhão', revela policial militar no RJ". Uma deste ano: "Comandante de batalhão é exonerado após operação contra o jogo do bicho na Baixada".
Mesmo sendo uma platitude, a manifestação do ministro foi absolutamente intempestiva. Qual sua intenção, derrubar o secretário de segurança? Preparar o terreno para uma intervenção federal no Estado? Mexer com os brios dos policiais e políticos honestos para que ajam contra os corruptos?
Ao apontar o dedo acusador para o Estado, o ministro também se esqueceu da imensa responsabilidade federal no caos da segurança pública. Ele criticou o vazamento de informações que tornou inócuas as operações recentes das Forças Federais no Rio. É verdade, mas o suspeito que foi detido até agora é soldado do Exército.
As drogas e os fuzis que estão nas mãos de traficantes não foram produzidos no Rio: chegaram contrabandeados por estradas, portos e aeroportos que são vigiados por órgãos federais, parte deles subordinada ao Ministério da Justiça. E o que dizer dos chefões do tráfico que seguem operando dentro de prisões federais?
Seu diagnóstico sobre os problemas do Rio está correto, ministro —mas isso qualquer carioca sempre soube. O que falta aqui não é gente para lembrar quão incompetente o governador é, quão corrupta a polícia pode ser.
Que solução o senhor propõe? "O Rio de Janeiro tem de consertar a si mesmo."

A maior novidade de sua fala foi deixar claro que os fluminenses não devem contar com os atuais governos federal e estadual do PMDB. "O grande desafio é (...) quando o carioca for às urnas eleger um novo governo, nova assembleia, novos representantes federais e concentrar autoridade e força onde hoje não existe." Torçamos para chegarmos vivos a 2019.

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