Pode ser apenas coincidência, mas não faz muito tempo que Rodrigo Maia deu uma enquadrada no atual ministro da Justiça e chefe da PF, Sergio Moro, chamando-o de "funcionário do presidente".
A resposta parece ter vindo agora com um pedido da PGR Raquel Dodge ao ministro Fachin para que amplie o prazo de investigações da PF sobre Rodrigo Maia e seu pai César Maia, porque perícia da própria PF teria encontrado indícios de corrupção e lavagem de dinheiro dos dois.
O inquérito, aberto após a delação da Odebrecht, apura supostos pagamentos ilícitos a pai e filho entre 2003 e 2013.
Segundo o delator Benedicto Júnior, Rodrigo Maia lhe pediu, em 2013, R$ 350 mil para o diretório fluminense do DEM, valor que teria sido entregue na casa do deputado. Já em 2010, solicitou R$ 600 mil para a campanha do pai.
Melo Filho, por sua vez, disse que Rodrigo lhe pediu dinheiro em 2013 a pretexto de quitar dívidas de campanha do ano anterior. De acordo com o delator, a negociação foi na época da tramitação de uma medida provisória no Congresso —a MP 613, que desonerava o setor de indústrias químicas, beneficiando diretamente a Braskem, petroquímica do grupo Odebrecht.
Além desse relatório recente, a PF já havia apontado em outro, do final de 2017, indícios de caixa três para campanhas de Rodrigo Maia. O deputado recebeu doações das empresas Praiamar e Leyroz Caxias Indústria Comércio e Logística, ligadas à Cervejaria Petrópolis, que fabrica a Itaipava.O resultado da perícia ficou pronto em janeiro, mas o relatório da PF com o pedido da PGR só foram enviados nesta semana, três meses depois, ao STF.
Tanto o dono da cervejaria como o dono dessas duas empresas admitiram à polícia que fizeram as doações a pedido da Odebrecht. Em troca, a Petrópolis ganhava da empreiteira descontos na construção de suas fábricas. [Fonte: Folha]
Talvez um vazamento anterior do resultado da perícia esteja na raiz da cobrança feita por Moro sobre Rodrigo Maia e da resposta deste. Afinal, no momento, com as votações da reforma da Previdência e da lei anticrime de Moro quem está com o poder nas mãos é Rodrigo Maia, que comanda a Câmara. E Moro pode estar atacando com as armas de que dispõe.
Mas, qual o interesse em levantar esses casos justamente agora?
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