Moro mente sobre Lula e Lava Jato em entrevista na Argentina

Sergio Moro

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A visita de Bolsonaro à Argentina foi precedida de uma entrevista do ministro da Justiça Sergio Moro ao jornal Clarin, grupo que já foi hegemônico lá, como a Globo aqui, e que cresceu do mesmo modo, durante a ditadura que apoiava.

Mas o foco da entrevista não foi o ministro da Justiça, O Clarin queria a palavra do justiceiro de Curitiba, o homem que colocou Lula na prisão, para que ele atacasse a candidata Cristina Kirchner, que vem sendo processada por lá, e que deve concorrer à vice-presidência nas eleições de outubro deste ano, na chapa com seu ex-ministro Alberto Fernández.

O problema é que na entrevista Moro mentiu descaradamente, como mostra o trecho a seguir, traduzido por mim (o original e a íntegra da entrevista estão aqui). Grifos e observações são meus.
Posso dizer que no Brasil a questão da perseguição política foi usada como álibi. Em vez de discutir as provas, discutiu-se a integridade dos juízes, do Ministério Público. Na verdade, o que deve ser visto é o que existe como prova e responder sobre as provas. Há uma frase famosa na advocacia que diz que a melhor defesa é o ataque. Então, às vezes, há um objetivo mais complexo nessas causas: remover o foco das provas e colocá-lo no processo. No Brasil, o que havia era uma Petrobras que literalmente foi drenada. E as provas eram muito robustas [qual a prova robusta de que o tríplex pertencia a Lula? Nenhuma]. Fala-se muito dos colaboradores que denunciaram, mas todas as palavras desses colaboradores foram corroboradas com outros tipos de provas, documentais, materiais [idem anterior]. Por isso, não foi a Justiça que inventou que vários diretores da Petrobras tinham contas milionárias em países como a Suíça. Não foi a Justiça que inventou que as construtoras reformaram uma propriedade usada pelo ex-presidente (Lula da Silva), sem que houvesse qualquer motivo para a realização daquelas reformas [e nem poderia haver, porque as reformas foram feitas num sítio que não é nem nunca foi de Lula nem de ninguém de sua família e elas foram feitas quando Lula já não era mais presidente da República, portanto, em nada poderia beneficiar a construtora].

Moro se aproveita da informação que é distribuída no exterior por nossa mídia corporativa, que apoia o golpe jurídico midiático, para mentir, quando ele mesmo afirmou, em despacho do próprio punho (na página 6) que:
Este Juízo jamais afirmou, na sentença ou em lugar algum, que os valores obtidos pela Construtora OAS nos contratos com a Petrobrás foram utilizados para pagamento da vantagem indevida para o ex-Presidente.

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