Temos cerca de 13 milhões de pessoas em comunidades no Brasil. O que está sendo feito por elas?

Complexo do Alemão, Rio

É preciso cuidar em primeiro lugar dos mais vulneráveis


Medidas como lavar as mãos, usar álcool gel, ficar em casa, isolar possível infectado num cômodo da casa, tudo isso que é recomendado para combater a pandemia da COVID-19 não diz absolutamente nada para 13 milhões de brasileiros, moradores de comunidades espalhadas pelo Brasil, mas concentradas nos grandes centros, como Rio e São Paulo.

Em muitas dessas comunidades não há saneamento básico nem água (há informação de que Rocinha e Alemão estão sem água no Rio). Muito menos dinheiro para comprar álcool gel (e come o quê?). Falar em isolamento em habitações onde convivem várias pessoas, às vezes duas ou mais famílias, com avós, pais e netos, seria risível se não fosse trágico.

Isolamento em casa, não sair para trabalhar também não dá. Quem ainda está trabalhando, com carteira ou não, fazendo biscates, tem que correr atrás ou não tem o que comer.


Quando a COVID-19 chegar à Rocinha, ao Complexo do Alemão, da Maré (no Rio), em Heliópolis e Paraisópolis em São Paulo e nas outras comunidades no Brasil é que o bicho vai pegar.

O espaço apertado entre as habitações, a superpopulação e as condições sociais são um convite para a epidemia se espalhar rápida e cruelmente.

Pior: ainda vai servir de motivo para críticas sociais e antigos preconceitos, daqueles que acham que a remoção das favelas (tirem esses pobres daqui) é a solução para o problema. E são os mesmos que não abrem mão de contratar suas domésticas, diaristas, seus cozinheiros, garçons, porteiros, todos moradores das comunidades.

Eles ainda podem ser os vilões do coronavírus.

E o que tem feito os governos por eles? Nada. Vão esperar a COVID-19 se alastrar por ali para culpá-los. Como na Itália culpam os idosos.

Culpam-se os mortos por suas mortes.

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