'Temos que votar uma Contribuição Coronavírus de 20% para os bilionários e de 10% para os milionários' - por Jean Marc von der Weid

Forbes, bilionários brasileiros

Ex-presidente da UNE na época da ditadura comenta a pandemia e soluções para o Brasil


Recebi do meu amigo Jaimão, de quem publiquei um texto aqui outro dia, este texto que reproduzo a seguir, escrito por Jean Marc von der Weid, que foi presidente da UNE em pleno AI-5, em 1969. Preso, acabou trocado pelo embaixador suíço, como outros, inclusive Jaimão.

Ele comenta o problema da pandemia e toca num tema fundamental: quem deve ajudar a pagar pela crise são os bilionários e milionários brasileiros, naquilo que chama de Contribuição Coronavírus.
O vídeo do médico de Sorocaba apontando para a inconsciência ou a inconsequência "dos brasileiros", com ruas cheias em muitas cidades ou parques e praias pede uma explicação. Um outro vídeo mostrando um supermercado com multidões se aglomerando dentro e fora para comprar álcool em gel dá uma parte da resposta. 

É claro que para muita gente a questão do "isolamento" é para os outros. A pesquisa do Ibope indica apoio a uma série de medidas para limitar o contato individual mas não as restrições ao comércio. Não caiu a ficha de que vai ser necessário não botar o pé na rua por um bom tempo mas rigorosamente nestes 15 dias iniciados na última sexta-feira. 

Esta desconexão tem a ver com as mensagens contraditórias das "autoridades". Bolsonazi e mesmo Mandetta minimizam ou contrariam a necessidade de quarentena e atacam governadores e prefeitos que as propõem. Por outro lado, há um choque entre a orientação de ficar em casa e a exigência da grande maioria dos patrões pela presença de seus empregados. Na maré brutal de desemprego o trabalhador vai se contaminando no transporte abarrotado, nas filas e no emprego preferindo um risco desconhecido do que um conhecido há cinco anos. 

Para funcionar a quarentena vai ser preciso não só garantir a renda básica para todos mas, pelo menos na fase mais aguda da epidemia, que os produtos essenciais sejam levados até os confinados. Será uma imensa operação logística. 

Por outro lado, será preciso construir centenas de hospitais de campanha, em estádios, praças, hotéis, navios, ... vai ser preciso mobilizar todos os médicos e enfermeiros do país independente de sua especialidade para ajudar os especializados nas infecções pulmonares. Que venham os cubanos e chineses, vamos precisar. 

Vai ser preciso reorientar a indústria para produzir tudo quer for necessário para tratar os doentes e combater a contaminação. Pensem, como exemplo no volume de desinfetante necessário para aplicar em prédios, ruas, carros, etc. e nos equipamentos e roupas para os desinfetadores. 

E quem vai pagar para salvar o país do caos? Pelas contas do presidente do Sindifisco os 206 bilionários do Brasil detêm uma fortuna (a parte conhecida) de 1,2 trilhão de reais. Já os milionários são 500 mil e detêm 6,8 trilhões de reais. Estes dois grupos, juntos, detêm a metade de toda a renda do povo brasileiro. Considerando que a família média no Brasil tem quatro membros, o grupo dos nababos chega a pouco mais de 2 milhões de pessoas ou menos de 1% da população. 

Temos que votar uma Contribuição Coronavírus de 20% para os bilionários e de 10% para os milionários. Chegaremos a 920 bilhões para cobrir os diferentes gastos emergenciais. As taxas de contribuição dos nababos seria única e deixaríamos para depois a reforma tributária onde lutaremos por impostos progressivos ao estilo dos países escandinavos. 

Mas tudo isto vai exigir uma troca de comando no país. Está mais do que demonstrado que Bolsonazi não tem a mínima condição de liderar o país nesta crise e se isto ainda não chegou à sua base de fiéis irredutíveis ainda estabilizada em 33% de apoio em breve chegará. 

Por outro lado os atores políticos e empresariais da "elite" estão se dando conta da cagada. Há uma busca de saídas alternativas, mas o problema maior é que as forças ditas populares e de esquerda parecem preferir esperar para ganhar eleições no fim deste ano e em 2022. É uma tremenda capitulação que vai nos deixar sem direção nem liderança no momento mais dramático da nossa história.

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