Anunciado 1º medicamento eficaz contra COVID-19 em estudo científico da Universidade de Oxford


Ainda não é a cura, mas é o medicamento que se mostrou mais eficaz até o momento no combate à COVID-19. A cura só virá com a vacina. Mas, diferentemente da cloroquina, foi aprovado em estudo em que o método científico foi respeitado.

De Sofia Neves no jornal português Público:
Um grupo de investigadores do Reino Unido acredita ter encontrado as primeiras evidências de que um medicamento pode ajudar no tratamento de doentes diagnosticados com covid-19. De acordo com um documento do grupo de trabalho da Universidade de Oxford divulgado esta terça-feira, a dexametasona, um esteroide com um baixo custo e disponível no mercado para tratamento de outras patologias, reduz a probabilidade de morte dos pacientes hospitalizados com a doença.
Este medicamento está incluído num grande ensaio mundial que tem estado a analisar os tratamentos já existentes para outras doenças e a verificar se estes também funcionam em pacientes que tenham o novo coronavírus. Grande parte dos doentes infectados com SARS-CoV-2 recuperam sem serem internados e apenas uma parte dos que são precisa de ajuda para regularizar os níveis de oxigênio que é feita através de botijas ou de ventiladores. E é precisamente este grupo de doentes de risco que a dexametasona parece ajudar. De acordo com os investigadores da universidade britânica, o medicamento reduz o risco de morte para os doentes que estão ligados a ventiladores em um terço. Para os pacientes que estão apenas a receber oxigênio através de botijas — método não invasivo utilizado antes de se recorrer aos ventiladores — o tratamento reduziu a probabilidade de morte em um quinto.
“Um total de 2104 pacientes foram escolhidos de forma aleatória para receber seis miligramas de dexametasona uma vez por dia (por via oral ou através de injeção intravenosa) e durante dez dias. [Este primeiro grupo] foi comparado com um outro de 4321 pacientes escolhidos da mesma forma e que receberam apenas os cuidados habituais [de um doente com covid-19]. Entre os pacientes que receberam os cuidados normais e durante 28 dias, a taxa de mortalidade foi mais alta do que no grupo que necessitou de ventilação (41%), intermédia nos pacientes que necessitavam apenas de oxigênio (25%) e menor entre aqueles que não necessitaram de intervenção respiratória (13%)”, lê-se no documento agora divulgado.
De acordo com a Autoridade para a Alimentação e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla inglesa), a dexametasona é utilizada para o tratamento de diversas patologias, entre estas distúrbios do sistema endócrino, reumatismo, artrite, doenças da pele, oftálmicas, gastrointestinais ou respiratórias (como asma), mas também para tratar alergias, distúrbios hematológicos (relacionados com o sangue) ou síndromes neoplásicas (doentes com leucemia e linfomas, por exemplo). O medicamento é ainda utilizado como anti-inflamatório.
De acordo com a BBC, os investigadores estimam que se o medicamento tivesse sido usado para tratar pacientes com covid-19 no Reino Unido desde o início da pandemia cerca de 5 mil vidas podiam ter sido salvas. No Reino Unido já morreram quase 42 mil pessoas por covid-19.
Peter Horby, professor de Doenças Infecciosas Emergentes na Universidade de Oxford e um dos principais investigadores do ensaio, afirma que é a primeira vez que se prova que um medicamento pode ajudar a salvar a vida de doentes infectados com o SARS-CoV-2. “Este resultado é recebido com entusiasmo. O benefício para a sobrevivência é claro e imenso em pessoas doentes o suficiente para necessitar de tratamento com oxigênio. A dexametasona deve tornar-se um medicamento padrão a ser usado no tratamento a estas pessoas. A dexametasona é barata, está disponível, e pode ser utilizada imediatamente para salvar vidas em todo o mundo”, refere o docente citado no comunicado.
É de ressalvar, no entanto, que os dados agora divulgados não foram ainda publicados nem avaliados de forma independente ou pelos pares. De acordo com o comunicado e dada “a importância destes resultados para a saúde pública”, o grupo de investigadores garante estar a trabalhar para publicar todos os detalhes assim que possível. “É importante reconhecer que não encontramos evidências de benefícios em pacientes que não receberam tratamento com oxigênio e que não estudamos pacientes fora do ambiente hospitalar”, ressalvam os investigadores.
Leia reportagem completa no Público.







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