Sábado com Cinema: 'Assalto ao Trem Pagador', de Roberto Farias


Assalto ao Trem Pagador uma produção por Herbert Richers e Jarbas Barbosa. Quinto longa-metragem dirigido por Roberto Farias (1932) e tem como base para o argumento um episódio verídico ocorrido em junho de 1960. Uma quadrilha, com seis integrantes, explode com dinamite os trilhos próximos à Estação de Ferro Central do Brasil e rouba 27 milhões de cruzeiros de um trem postal. Contudo, o objetivo maior do filme não é dramatizar ou reconstituir os eventos que envolvem o assalto em si, mas explorar as ações que se seguem à divisão do dinheiro roubado, quando esses seis indivíduos tornam se alvo das investigações e buscas policiais.

Em 1962, ano de lançamento de Assalto ao Trem Pagador, o cinema brasileiro vive um momento de euforia. Entre os jornalistas e os jovens diretores estreantes, boa parte não simpatizante das chanchadas, há um desejo de renovação, de que surja uma cinematografia nacional com forte presença de conteúdo social. O cinema novo e seus adeptos debatem e questionam os valores estéticos vigentes e propõem transformações coerentes com esse projeto nacionalista de conscientização política, tendo Glauber Rocha (1939-1981) à frente dessas discussões. Em outra perspectiva, O Pagador de Promessas (1962), de Anselmo Duarte, torna-se sucesso de público e recebe a Palma de Ouro no Festival de Cannes, premiação inédita para um filme brasileiro. É nesse contexto de otimismo e de boa repercussão internacional que Assalto ao Trem Pagador estreia nos circuitos comerciais do Rio de Janeiro e de São Paulo.

A imprensa, ansiosa pela novidade, acompanha durante meses a realização do filme, noticiando desde a assinatura de contrato entre Farias e os produtores Richers e Barbosa até o processo de escolha, por concurso popular, do motorista Eliezer Gomes para viver o papel de Tião Medonho. A reconstituição do crime agregada à crítica social - incluindo a presença de personagens psicologicamente bem estruturados - é o ponto forte do filme. Além da sequência inicial, quando a filmagem do assalto é realizada de modo a garantir uma encenação realista, com a explosão de dinamites verdadeiras e o uso do mesmo trem roubado em 1960, outros dois momentos sintetizam a sua proposta. [Leia mais]





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