3 anos sem Marielle. O crime, os criminosos, os envolvidos e as histórias mal contadas. Falta o mandante


Há três anos, no dia 14 de março de 2018, o motorista Elcio Queiroz para o Cobalt que dirige diante da cancela do condomínio Vivendas da Barra, onde têm residência Jair e Carlos Bolsonaro.
 
Um porteiro, que trabalha há vários anos no condomínio, vem atendê-lo e Elcio informa que está indo para a casa do então deputado Jair Bolsonaro. O porteiro, em depoimento à polícia, informa que ligou para o deputado Bolsonaro e este autorizou a entrada de Elcio Queiroz no condomínio, onde, além de Jair e Carlos Bolsonaro tem residência o ex-policial e matador do chamado Escritório do Crime, Ronnie Lessa.
 
O Escritório do Crime é um grupo de milicianos especializados em executar desafetos, que tinha como homem proeminente o ex-militar do Bope, Adriano Magalhães da Nóbrega, conhecido como Capitão Adriano ou Gordinho. Mãe e mulher de Adriano eram funcionárias do gabinete de Flávio Bolsonaro, chefiado por Fabrício Queiroz, o ex-PM que sempre foi um faz tudo para a família Bolsonaro, passado de pai para filho.
 
Já dentro do Condomínio, Élcio Vieira dirige seu Cobalt à casa de Ronnie Lessa para executarem a missão que lhes fora determinada, a de assassinar a vereadora Marielle Franco. O que fizeram que frieza e presteza.
 
Quando Jair Bolsonaro, já presidente da República (eleito por fraude), soube do depoimento do porteiro, deu ordem a seu ministro da Justiça, o ex-Sergio Moro, para colocar a PF no encalço do porteiro, pois Jair estaria em Brasília naquele momento - o que, no entanto, não o impediria de dar uma ordem por telefone ao porteiro autorizando a entrada.
 
Fato é que após a visita à PF, o porteiro, que trabalhava no prédio há anos e conhecia bem Jair Bolsonaro e sua voz peculiar, mudou o depoimento, disse que se enganara.
 
Teriam se enganado de Bolsonaro? O filho Carlos Bolsonaro, o Carluxo, também é morador do Condomínio. Mas Carlos Bolsonaro alegou que estava na Câmara do Rio, onde não vai quase nunca, na ocasião.
 
Para provar que houve uma armação para incriminar seu pai, Carlos Bolsonaro conseguiu com o síndico do Condomínio acesso às fichas e registros das câmeras de segurança.
 
Só que aí cometeu um erro. Na ficha havia registro de que ele, Carluxo Bolsonaro, estava no Condomínio no horário em que o Cobalt, o motorista e o executor usados no assassinato de Marielle estiveram por lá.
 
Ele havia, segundo seu próprio depoimento, autorizado a entrada do que seria o homem da pizza - não se sabe se o alimento ou a armação do inquérito.
 
A polícia suspeita da presença de um terceiro homem no Cobalt, no momento do crime. Esse terceiro homem é um mistério até hoje. 
 
Como também é um mistério o nome de quem mandou matar a vereadora. Já houve informação de que seria o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão, cujos familiares receberam passaporte diplomático do presidente Jair Bolsonaro.
 
O chefe do Escritório do Crime, capitão Adriano, que foi homenageado com medalhas por Flávio Bolsonaro em duas ocasiões (uma delas lhe foi entregue na cadeia), foi morto pela polícia na Bahia em 9 de fevereiro de 2020. Ele havia confessado a amigos e à esposa que era um arquivo vivo e tinha certeza de sua morte, num confronto ou mesmo na cela. Acertou na primeira opção.
 
Em seu poder foram encontrados 13 celulares, cujo conteúdo até hoje é ignorado (com o duplo sentido da palavra).
 
Hoje, três anos após o assassinato cruel e covarde de Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, não se sabe quem foi o mandante.
 
Talvez o caso só venha a ser totalmente esclarecido após a saída de Jair Bolsonaro da presidência. Não que haja suspeita de participação direta da família Bolsonaro no crime, mas por seu envolvimento com os milicianos - responsáveis diretos e provavelmente mandantes do crime.
 “Não tenho nenhum indício, e nem a investigação aponta para isso, sobre a autoria ou envolvimento da família Bolsonaro, eu não posso ser leviano. Agora, que a família Bolsonaro sempre defendeu a legalização das milícias, isso é público”, disse o deputado Marcelo Freixo, responsável pela CPI das Milícias no Rio, em entrevista a um programa do Datena.
Se o objetivo era calar Marielle, parcialmente conseguiram. Privaram familiares, amigos e colegas de sua presença viva. Mas, politicamente, o efeito foi inverso. Multiplicaram suas palavras, sua luta.
 
Quanto mais tempo dura a impunidade do crime bárbaro cometido, mais forte fica a mensagem de Marielle de luta por Justiça.
 
Três anos de luta. 
 
#QuemMandouMatarMarielle



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