Pode-se acusar Bolsonaro de boçal, homofóbico, machista, racista, preconceituoso. Tudo isso ele é. Mas, de burro, não.
Bolsonaro sabe que chegou à presidência sem ter a menor condição de fazer frente às responsabilidades do cargo. Não tem preparo nem vontade de trabalhar.
Conseguiu se eleger graças ao golpe judicial que impediu Lula de concorrer, à facada que o livrou dos debates e aos milhões de fake news disparados ilegalmente via WhatsApp.
Mas, isso o levou ao poder. Como se manteria lá, se o general seu vice já estava todo oferecido ainda durante as eleições?
Foi aí que ele deu o autogolpe.
Para barrar Mourão e qualquer tentativa de golpe que viesse a retirá-lo do poder, Bolsonaro montou uma superestrutura militar, com generais comandando grande parte dos ministérios e outros militares em postos-chave de todos os demais. Inclusive nas empresas e bancos públicos.
Há um general até auxiliando (tutelando) o presidente do STF, Dias Toffoli.
Teve até cargo para o ex-comandante do Exército, Villas Boas.
Moro e Guedes são apenas a fachada. E Bolsonaro, com Damares e outros malucos que ele juntou no governo, os encarregados de entreter a plateia.
Mas, não tenham dúvida. 55 anos após o golpe, os militares estão de novo no comando do Brasil, talquei?
Jair Bolsonaro acaba de nomear mais um aliado para um cargo-chave na administração. Desta vez, trata-se de um indivíduo com autoridade para bloquear, ignorar ou mesmo apagar as investigações contra um de seus filhos pela extorsão de funcionários chamada "rachadinha". Qual é a novidade? Todo dia, Bolsonaro infiltra em cargos-chave elementos de sua confiança. É sua prerrogativa, mas nunca um presidente amarrou tão bem o sistema visando a proteger-se, assegurar impunidade ou eternizar-se no cargo.Portanto, xinguem Bolsonaro à vontade, porque, afinal, ele merece. Mas não o chamem de burro.Bolsonaro já se garantiu na rede de procuradorias, corregedorias, controladorias, delegacias, órgãos públicos de busca e informação e até no STF, no qual implantou dois pinos. Tem pelo menos um cúmplice em cada tribunal. Foi fazendo isso aos poucos, em silêncio, enquanto nos distraía com a chusma de militares, nem tão decisivos, que transplantou para o governo. O resultado desse enraizamento está na tranquilidade com que afronta diariamente a lei e sai assobiando, como se se soubesse fora do alcance dela.
A literatura e o cinema criaram dois personagens igualmente sinistros: o professor Moriarty, arqui-inimigo de Sherlock Holmes, e o Dr. Mabuse, imortalizado em três filmes de Fritz Lang. O primeiro controlava Londres; o segundo, a partir de Berlim, fitava o mundo. O alcance de ambos compreendia desde uma carteira furtada no metrô até a manipulação de leis, passando pelo hipnotismo de gente influente, espionagem eletrônica e controle de organismos essenciais.
Quando, ao fim de uma história, achava-se que Moriarty e Mabuse estavam mortos ou derrotados, crimes como os deles continuavam acontecendo. Eram de seus auxiliares deixados impunes ou de estudiosos de seus métodos e que conseguiam replicá-los. O terror não tinha fim.
Bolsonaro, um dia, descerá da cadeira e responderá por seus crimes. Resta ver até que ponto os homens que impregnou no sistema impedirão que pague por eles.
Você vai ser direcionado ao seu aplicativo e aí é só enviar e adicionar o número a seus contatos
Recentes: