Justiça britânica autoriza extradição de Assange aos EUA, conforme antecipou WikiLeaks

O WikiLeaks antecipou, e eu publiquei aqui, que a justiça britânica iria autorizar a extradição de Assange aos Estados Unidos. O caso agora passa para a mão da ministra do Interior do Reino Unido, Priti Patel, que vai dar a decisão final, provavelmente também autorizando a extradição.

Nos EUA, Assange pode ser condenado a até 175 anos de prisão pelo "crime de divulgar crimes de guerra dos Estados Unidos", mas, como não podem confessar isso, alegam que ele teria exposto vidas de pessoas ao liberar os documentos secretos. Só que isso também não é verdade.

Aos fatos: ao receber os arquivos secretos, Assange viu que pelo tamanho do material não teria com dar conta dele (mais ou menos como aconteceu aqui com os arquivos da Vaza Jato). Chamou jornalistas de alguns dos principais jornais do mundo para ajudá-lo com o material.

Foi um sucesso, as reportagens bombaram (com duplo sentido) pelo mundo, inclusive no Brasil.

Mas, como não poderia deixar de ser, os documentos estavam guardados com uma chave secreta, de que apenas Assange e esses jornalistas parceiros tinham conhecimento. Todos são unânimes em afirmar da intensa preocupação de Assange com a divulgação de nomes, que pudessem colocar a vida de pessoas inocentes em risco.

No entanto, dois jornalistas do britânico Guardian —David Leigh e Luke Harding— revelaram a senha em um livro que publicaram sobre o Wikileaks (Wikileaks: Inside Julian Assange's War on Secrecy). [imagem abaixo].

Reparem na preocupação de Assange, ao acrescentar uma palavra que deveria ser apenas gravada na memória (Diplomatic) e não escrita, para garantir um segredo maior.

Temerosos com a divulgação da senha, Assange e o WikiLeaks resolveram abrir os arquivos para todo mundo acabando com a chave de acesso. Com isso, pretendiam evitar que um governo interessado em brecar a divulgação das mensagens (seriam os Estados Unidos, amigos leitores?...) pudesse usar a senha, mudá-la e trancar o acesso ao material.

Por isso, Assange está há dez anos afastado da sociedade (sete anos como exilado na embaixada do Equador, sem poder sair, e mais três anos na prisão de segurança máxima de Belmarsh, em Londres).

E os jornalistas do Guardian que divulgaram a chave de segurança e acabaram forçando a liberação geral dos documentos? Nem testemunhar em favor de Assange foram.

A prisão, extradição e condenação de Assange é um crime que vem ocorrendo há dez anos, para servir de exemplo aos jornalistas do mundo, que devem aprender que não se deve divulgar crimes de guerra dos Estados Unidos e aliados. Ou sofrerão como Assange.

A defesa de Assange tem prazo até 18 de maio para recorrer, mas dificilmente vão conseguir reverter a decisão da justiça britânica. A menos que haja uma intensa pressão mundial pela libertação de Assange, ou um súbito desinteresse dos EUA por sua extradição —infelizmente hipóteses remotas.

#FreeAssange


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