CPI do MEC pode queimar Bolsonaro de vez e levar Lira junto

A instalação da CPI do MEC no senado, para investigar a corrupção na pasta, que já botou na cadeia o ex-ministro Milton Ribeiro e os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, pode atingir Bolsonaro e chegar até o todo-poderoso presidente da Câmara Arthur Lira.

Porque a corrupção no MEC não é só da verba liberada a pedido dos pastores, com corrupção em dinheiro ou barras de ouro. Tem mais: as gigantescas verbas do FNDE (Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação), em grande parte enviadas a Alagoas, terra de Lira, com a corrupção denunciada no Kit robótica e na compra superfaturada de ônibus escolares.

O senador Renan Calheiros, adversário de Lira em Alagoas, escreveu em seu perfil no Twitter:

As labaredas ardem no MEC. Quem botou a “cara no fogo” se queimou. A POLÍCIA FEDERAL sabe quem te roubou. Chegará ao kit robótica, ônibus etc. Enquanto Roma queimava a lira soava. Em Alagoas ela já não toca mais. #CPIdoMEC

Reportagem de Eduardo Militão, no UOL, mostra o tamanho do problema que vão enfrentar  Bolsonaro e Arthur Lira na CPI.

Alagoas, o estado de origem do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), foi a unidade da federação que recebeu mais empenhos (reservas para pagamento) de emendas parlamentares vinculadas ao FNDE (Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação) entre janeiro de 2021 e este mês. É o que mostra levantamento feito pelo UOL no sistema Siga Brasil, mantido pelo Senado.

Comandado por Marcelo Ponte, ex-chefe de gabinete do ministro da Casa Civil, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), o FNDE tem um orçamento de R$ 42 bilhões, mas cerca de R$ 1 bilhão é destinado a emendas parlamentares, individuais, coletivas ou do chamado "orçamento paralelo", alvo de suspeitas de corrupção do governo Bolsonaro.

Prefeituras, fundações e empresas de Alagoas superam R$ 100 milhões em empenhos, dos quais já conseguiram receber mais de R$ 40 milhões do FNDE.

Entre essas verbas, muitas ligadas ao kit robótica:

A empresa Megalic, ligada ao vereador de Maceió João Catunda (PSD), que é aliado de Arthur Lira (PP), vendeu kits de robótica para prefeituras com uma diferença de 420% em relação ao preço que declarou ter pago.

Os equipamentos foram comprados pelos municípios com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Foram adquiridos por sete cidades alagoanas, reduto eleitoral de Lira. São elas: União dos Palmares, Canapi, Barra de Santo Antonio, Santana do Mundaú, Branquinha, Maravilha, Flexeiras. [CartaCapital]

O MEC teria ainda superfaturado R$ 732 milhões em licitação de ônibus escolares, o que deve ser outro objeto de investigação da CPI. Alagoas, base eleitoral do presidente da Câmara, Arthur Lira, teria ficado com 106 deles.

Se a situação eleitoral de Jair Bolsonaro é no mínimo difícil, com as pesquisas indicando até a vitória de Lula em primeiro turno, com a CPI da corrupção do MEC vai piorar muito mais, e ainda pode levar no fogo a reeleição de Lira.

No Twitter, uma montagem de Renan Calheiros tomando um cafezinho enquanto o fogo arde ao fundo, recebeu endosso do senador. Confira:


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