Jornalista e indigenista provavelmente foram mortos numa emboscada, denuncia indígena da região

Com a condição ter preservada sua identidade, um indígena revelou ao site Amazônia Legal que o indigenista brasileiro Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips foram vítimas de uma emboscada. A testemunha faz parte de uma equipe de 13 vigilantes indígenas que circulavam com o jornalista e o indigenista pela região do Vale do Javari, em Atalaia do Norte, no Estado do Amazonas, na fronteira com o Peru.

Indigenista e jornalista estão desaparecidos desde a manhã de domingo, 5, e até o momento não se tem notícia deles nem da embarcação em que viajavam.

Pelo relato, por volta das 4 horas do domingo (5), o indigenista e o jornalista avisaram que iriam conversar com o ribeirinho “Churrasco”, presidente da comunidade São Rafael. Dias antes, eles já haviam cruzado com um outro grupo em uma embarcação de 60 HP, motor considerado incomum para navegar em cursos d’água (furos e igarapés) mais estreitos. Este grupo que cruzou com os indígenas fez questão de mostrar que estava armado e fez intimidações. Alertados e preocupados com a situação, os indígenas chegaram a pedir que Bruno, que já foi chefe da Coordenação Regional Vale do Javari e coordenador geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Funai, não prosseguisse sem segurança. “Aí ele disse: ‘Não, eu vou baixar só, vou baixar cedo, vou pegar eles de surpresa’.” 

Segundo o indígena, Bruno e Dom foram recebidos apenas pela mulher de “Churrasco”, que ofereceu a eles “um gole de café e um pão”. Depois, seguiram viagem em um barco da Funai com motor de 40 HP. Nessa comunidade, haveria uma embarcação de 60 HP, fornecida por narcotraficantes para os ribeirinhos. Com um motor dessa potência, seria muito fácil alcançar o barco do jornalista e do indigenista pelo rio. A suspeita, segundo essa fonte, é que “um traficante mandou o 60 (HP do motor) para lá exatamente esperando a vinda do Bruno, porque com certeza existe informante na cidade (de Atalaia do Norte) e tinha a informação de que o Bruno ia chegar na região”.

Confirmadas as mortes, mais dia, menos dia (ainda que demore milhares de dias, como no caso Marielle), os executores serão apanhados. Mas eles são apenas a ponta criminosa de um esquema, que começa na presidência da República, que defende a Amazônia para os garimpeiros e o agronegócio e para quem indígenas e seus defensores são apenas um estorvo, que deve ser aculturado ou eliminado.

Leia a reportagem completa no Amazônia Legal.


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