União dos Povos Indígenas contesta nota da PF que não vê mandante nem organização criminosa nos assassinatos de Bruno e Dom

A Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari), onde foram mortos o indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips, contesta afirmações da Polícia Federal de que "os executores agiram sozinhos, não havendo mandante nem organização criminosa por trás do delito". 

A Equipe de Vigilância da UNIVAJA (EVU) aponta que a afirmação de que os culpados foram dois, mais adiante três, ainda com a possibilidade de mais oito envolvidos, mostra que há uma organização criminosa por trás do assassinatos.

Com esse posicionamento, a PF desconsidera as informações qualificadas, oferecidas pela UNIVAJA em inúmeros ofícios, desde o segundo semestre de 2021, período de implementação da EVU. Tais documentos apontam a existência de um grupo criminoso organizado atuando nas invasões constantes à Terra Indígena Vale do Javari, do qual Pelado e Do Santo fazem parte.

Esse grupo de caçadores e pescadores profissionais, envolvido no assassinato de Pereira e Phillips, foi descrito pela EVU em ofícios enviados ao Ministério Público Federal, à Policia Federal e à Fundação Nacional do índio. Descrevemos nomes dos invasores, membros da organização criminosa, seus métodos de atuação, como entram e como saem da terra indígena, os ilícitos que levam, os tipos de embarcações que utilizam em suas atividades ilegais.

Foi em razão disso que Bruno Pereira se tornou um dos alvos centrais desse grupo criminoso, assim como outros integrantes da UNIVAJA que receberam ameaças de morte, inclusive, através de bilhetes anônimos.

A nota à imprensa, emitida pela PF hoje (17/06/22), corrobora com aquilo que já destacamos: as autoridades competentes, responsáveis pela proteção territorial e de nossas vidas, têm ignorado nossas denúncias, minimizando os danos, mesmo após os assassinatos de nossos parceiros, Pereira e Phillips.

O requinte de crueldade utilizados na prática do crime evidenciam que Pereira e Phillips estavam no caminho de uma poderosa organização criminosa que tentou à todo custo ocultar seus rastros durante a investigação.

Esse contexto evidencia que não se trata apenas de dois executores, mas sim de um grupo organizado que planejou minimamente os detalhes desse crime. Exigimos a continuidade e o aprofundamento das investigações. Exigimos que a PF considere as informações qualificadas que já repassamos à eles em nossos oficios. Só assim teremos a oportunidade de viver em paz novamente em nosso território, o Vale do Javari.

Coordenação da UNIVAJA

Atalaia do Norte, 17 de Junho de 2022.

O governo tenta abafar o caso dos assassinatos, de repercussão mundial, com uma conclusão apressada e contra todas as evidências, com o intuito de tirar o assunto da mídia.

O caso é que a violência contra os povos indígenas daquela região, e do país como um todo, é política do governo Bolsonaro, que incentiva ou faz vista grossa a invasões de terras indígenas para o gado, garimpo e pesca predatória, usados muitas vezes por traficantes de armas e drogas para lavagem de dinheiro. 

Essa é a denúncia que custou a vida de Bruno Pereira, que levava provas dos crimes quando foi assassinado com o jornalista.

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