Em 2006, Lula e Alckmin não eram companheiros de chapa, como este ano, mas adversários: Lula pelo PT e Alckmin -- tratado como Geraldo -- pelo PSDB.
No dia anterior ao primeiro turno daquele ano, o Datafolha dava 50% das intenções de voto para Lula. Todos esperavam uma vitória do petista já no primeiro turno, como hoje. Que não veio, como hoje.
Em 2006, Lula teve 48,61% dos votos, em torno de sete pontos de vantagem sobre Alckmin. Este ano, no momento em que escrevo, com 99,75% das urnas apuradas, Lula tem 48,36%, em torno de cinco pontos de vantagem sobre Bolsonaro.
Em 2006, no segundo turno Lula deu uma surra nas urnas em Alckmin: 60,83% a 39,17%.
Mas há uma diferença fundamental nessas semelhanças: em 2006, Lula era presidente e buscava a reeleição. Tinha a caneta na mão, além das qualidades politicas que ninguém lhe nega. Este ano Lula é o adversário do presidente, que tem apenas a caneta na mão e a passividade do Judiciário, que permitiu o uso e abuso do ilegal "Orçamento Secreto", que apenas no mês de setembro liberou R$3,5 bilhões a políticos para usarem sem dar satisfação a ninguém -- o que, pela lei não poderia fazer, por ser ano eleitoral.
Basta olhar os resultados das eleições proporcionais para entender como esse dinheiro elegeu a turma do Bolsonaro de norte a sul, todos eles podendo gastar a fundo perdido com cabos eleitorais e com promessas de emprego.
Só que, agora, eles já se elegeram. Os cabos eleitorais já receberam ou aguardam a posse de seus candidatos eleitos para receberem sua parte do acordo.
Bolsonaro vai ter que liberar mais dinheiro, ilegalmente, nas barbas da lei. Mais orçamento secreto vai ser retirado da saúde, da educação, da ciência e até da merenda das crianças para comprar apoio à reeleição. Vão permitir ou perceberam o tamanho do estrago?
Outra coisa atrapalha Bolsonaro: no segundo turno, ele vai ter que enfrentar debate cara a cara com Lula, apenas os dois, sem ajuda de Ciro, do candidato do Novo ou do padre de festa junina.
O trabalho de quem quer que Lula vença as eleições é fazer sua parte, não esmorecer, não desanimar -- afinal não foi no primeiro turno, mas vencemos um presidente que busca a reeleição, o que nunca aconteceu antes no Brasil. Procurar os erros de campanha, corrigi-los e partir para a vitória, que virá fatalmente no segundo turno. Porque não há termo de comparação entre Lula e Bolsonaro.
É levantar, sacodir a poeira e dar a volta por cima. Vamos lá. Ganhamos uma vez e vamos ganhar a segunda, dessa vez definitivamente, e eleger Lula presidente.
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