8 de março: Como o Dia Internacional de Luta das Mulheres se transformou em comércio de flores e bombons

O nome disso é capitalismo, cuja essência é transformar o azedo-amargo do limão numa doce e aguada limonada, e extrair o maior lucro possível disso.

O mesmo aconteceu com a luta das mulheres e a história da criação do 8 de março como Dia Internacional da Mulher,  que remonta a uma marcha de mulheres russas naquele dia em 1917, um dos fatores deflagradores da Revolução Comunista daquele ano na Rússia.

O mês de março já era o mês de luta das mulheres, graças a um incêndio ocorrido na fábrica de roupas Triangle Shirtwaist, nos EUA, em 25 de março de 1911. Um ano antes, as trabalhadoras dessa fábrica haviam feito uma greve reivindicando melhores condições de trabalho, que chegavam a 16 horas diárias.

A opressão era tanta que os portões da fábrica ficavam trancados para que nenhuma delas saísse antes do horário estipulado pelos patrões. Ocorreu então o mesmo que na boate Kiss, quando um grande incêndio tomou a fábrica. Morreram 146 pessoas; 23 homens e 123 mulheres. 

Mas o que transformou o 8 de março no Dia Internacional das Mulheres foi a marcha das mulheres russas em 8 de março de 1917, em "São Petersburgo para pedir por pão, melhores condições de vida e pela saída da Rússia da Primeira Guerra Mundial. O movimento operário aderiu à manifestação e cerca de 50 mil trabalhadores entraram em greve. O evento marcou o início da chamada Revolução Russa de 1917". [Estadão].

Comemorado todos os anos nessa data desde então, o 8 de março somente foi reconhecido oficialmente como Dia Internacional da Mulher pela ONU em 1977, 60 anos após a marcha das russas que lhe deu origem.

E o capitalismo não apenas não se refere às mulheres russas originárias no Dia Internacional da Mulher, como também tenta apagar todo o sentido de luta e reivindicatório das mulheres, com declarações tchutchucas e comércio de flores e bombons. 

Tudo isso para camuflar que a luta das mulheres continua, que, segundo os últimos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o desemprego é maior entre as mulheres (9,8% no 4º trimestre de 2022, enquanto os homens registravam 6,5%), e elas continuam a receber um rendimento médio mensal 22% menor que o dos homens.


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