E Lula chorou pela segunda vez...

Enquanto aguardamos a punição da infame e criminosa quadrilha da Lava Jato, que, a serviço dos Estados Unidos e por ambições pessoais, quase destruiu o Brasil, vamos chorando nossas dores, lambendo nossas feridas e nos fortalecendo para a longa luta que será passarmos o Brasil a limpo.

Do amigo jornalista Leandro Fortes, no DCM:

ARTHUR

Na foto, todos sorriem. Lula, Marisa e Arthur. O menino, na verdade, mais que sorri, comemora um gol imaginário nos braços do avô, na festa familiar pelos 70 anos do líder petista, em 2015. Arthur tinha, então, três anos. A avó, ao lado deles, 65.

O garoto, claro, nem desconfiava, mas os avós tinham poucos motivos para sorrir. A roda da vingança das oligarquias, sabiam, já tinha sido posta a girar contra o segundo mandato de Dilma Rousseff, o quarto consecutivo do PT, algo intolerável para uma burguesia moldada na escravidão e no patrimonialismo. Diante da perspectiva de um projeto perene de governos populares, fez o que previa Rosa Luxemburgo, ela mesma vítima da mesma desgraça. Pôs-se, a Casa Grande, numa luta de vida e morte.

Em dois anos, exausta, agredida, perseguida e humilhada, Marisa Letícia morreria, vítima de um Acidente Vascular Cerebral, em 2017. Para atingir Lula, a gangue da Lava Jato comandada por Sérgio Moro e Deltan Dallagnol tornou-a ré em duas ações penais por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, uma relacionada ao famigerado triplex do Guarujá, outra a apartamento de São Bernardo do Campo. Companheira de uma vida, ajudou a fundar o PT, em 1980. Deixou quatro filhos, netos e netas. Entre eles, Arthur, cuja semelhança com ela – o sorriso, os cabelos encaracolados de querubim – saltava aos olhos.

No ano seguinte, sem provas e com o intuito de influenciar na disputa eleitoral de 2018, Moro sentencia Lula à prisão, onde ficaria por 580 dias, numa cela da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. Lá, na solidão do cárcere, em 1º de janeiro de 2019, à viuvez do ex-presidente uniu-se a dor da perda de um irmão, Genival Inácio da Silva, o Vavá. Por determinação do então presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, Lula foi impedido de ir ao velório e ao enterro do irmão.

Antes, Toffoli tinha impedido Lula de dar entrevista. Estarrecido, o ex-presidente se deu conta de que o ministro, indicado por ele ao STF e a quem tinha como filho, havia se aliado aos algozes da Lava Jato.

Dois meses depois da morte de Vavá, em 1º de março de 2019, vítima de meningite, o pequeno Arthur, de apenas 7 anos, viria a falecer, em São Paulo. Dessa vez, diante da dor de Lula, nem os torquemadas da Lava Jato nem a pusilanimidade de Toffoli foram capazes de impedir o encontro de Lula com o corpo inerte do neto, a quem ele tanto amava.

Lula chorou. O Brasil chorou com ele.

Agora, novamente presidente da República, a memória de Arthur veio outra vez tocar a alma de Lula. Em visita a Rondonópolis, no Mato Grosso, onde foi entregar casas populares do programa Minha Casa Minha Vida, ele foi informado pelo prefeito da cidade, Zé Carlos do Pátio, do PSB, da inauguração de uma creche com o nome do garoto: Arthur Lula da Silva, filho de Sandro e Marlene, neto de Lula e Marisa.

Lula chorou e, outra vez, o Brasil chorou com ele.

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