Verdes que apodrecem em vez de amadurecerem


Do amigo jornalista Alvaro Costa e Silva, o Marechal, na Folha:

Os arapongas do general

Quer dizer que gravaram um general do Exército, em reunião com subordinados do Comando Militar do Sudeste, de forma escondida? E depois o áudio foi vazado com a intenção de alimentar a insatisfação na caserna? O fato, além de evidente quebra de hierarquia, mostra que dentro das Forças Armadas há muito mais que um ambiente contaminado pela política; há politicagem.

A conversa se desenrolou quase que inteiramente sobre temas políticos. Em determinado momento da gravação feita em 18 de janeiro, o atual comandante do Exército, Tomás Paiva –que ainda não havia assumido o cargo em substituição ao general Júlio César de Arruda, demitido pelo presidente Lula– comenta a eleição que deu a vitória ao petista: "Infelizmente foi o resultado que, para a maioria de nós, foi indesejado. Mas aconteceu".

Tentando juntar os cacos da derrota, Tomás afirma que o governo Bolsonaro interferiu diversas vezes na Força, criando "desgastes" para os militares. Falou a verdade, mas todos ali estavam cansados de saber disso. Muitos concordaram com a situação e se aproveitaram dela financeiramente.

A aproximação com o bolsonarismo, assim como o desacordo com o controle civil sobre as Forças Armadas, havia sido escancarado em 2018, com o tuíte-ameaça do então comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, na véspera do julgamento do habeas corpus de Lula pelo STF.

A cooperação atingiu o auge numa motociata de 2021, realizada no Rio. Se comparada à arapongagem contra Tomás Paiva, o espanto é ainda maior. Segundo consta do processo disciplinar que era mantido em sigilo, um general da ativa avisou ao comandante do Exército, Paulo Sergio Nogueira, que iria descumprir a regra militar e participar de um ato de campanha presidencial. Nogueira só faltou dizer: "Não esquece de subir no palanque". Na época Pazuello já era candidato, tanto quanto Bolsonaro. Foi eleito deputado federal.

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