O Brasil voltou
Quero começar citando uma frase muito pequena, mas que traduz a
enormidade do desafio que cumprimos nesses primeiros 100 dias de
governo:
O Brasil voltou.
Antes de tudo, o Brasil voltou a ter governo. Um governo que se espelha no povo brasileiro e acorda cedo para trabalhar.
O Brasil voltou para trabalhar naquilo que deveria ser a razão de ser de todos os governos: cuidar das pessoas.
O
Brasil voltou a cuidar sobretudo dos brasileiros e brasileiras que mais
precisam, e que nesses últimos anos foram as principais vítimas da
ausência de governo.
O Brasil voltou para conciliar novamente
crescimento econômico com inclusão social. Para reconstruir o que foi
destruído e seguir adiante.
O Brasil voltou para ser outra vez um país sem fome.
Ao
mesmo tempo que prepara o terreno para as obras de infraestrutura que
foram abandonadas ou ignoradas pelo governo anterior, o Brasil voltou a
cuidar de saúde, educação, ciência e tecnologia, cultura, habitação,
segurança pública.
O Brasil voltou com ações e programas que ajudaram a resgatar a dignidade, a cidadania e a qualidade de vida do povo brasileiro:
O Bolsa Família. O Programa de Aquisição de Alimentos. O Programa Nacional de Alimentação Escolar. O Minha Casa Minha Vida.
O Mais Médicos. O Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania, e tantos outros.
O Brasil voltou a cuidar do que era urgente e inadiável: o povo brasileiro.
Senhores ministros, senhoras ministras, meus amigos e minhas amigas.
O Brasil voltou a olhar para o futuro.
Olhar
para o futuro significa investir em rodovias, ferrovias, portos,
aeroportos, geração e transmissão de energia, conectividade, expansão do
pré-sal, energia solar e eólica, entre outras iniciativas que irão
colocar outra vez o Brasil no rumo do desenvolvimento.
Mas significa, antes de tudo, olhar para as pessoas.
Não
se constrói um país verdadeiramente desenvolvido sobre as ruínas da
fome, dos ataques à democracia, do desrespeito aos direitos humanos e
das desigualdades de renda, raça e gênero.
Não se chega a lugar nenhum deixando para trás a metade mais sofrida da nossa população.
Por
isso, foi preciso reerguer alicerces, pavimentar novamente a estrada em
direção ao futuro. E foi o que fizemos nestes primeiros 100 dias de
governo.
O Brasil voltou a cuidar da saúde, com o Mais Médicos
renovado e ampliado, que vai aonde a população desassistida está, e com o
Programa Nacional de Imunização, para evitar que um único brasileiro
adoeça ou morra por falta de vacina. Ao mesmo tempo, a primeira etapa
dos mutirões de cirurgias começou em todo o país.
O Brasil voltou
com ações efetivas de combate à violência contra as mulheres. E avançou
no combate à desigualdade de gênero no mundo do trabalho, enviando ao
Congresso Nacional a Lei de Igualdade Salarial entre mulheres e homens.
O
Brasil voltou para cuidar de seus primeiros habitantes. Criou o
Ministério dos Povos Indígenas, deflagrou ações emergenciais para
interromper o genocídio dos yanomami, provocado pelo governo anterior.
O
Brasil voltou para fazer reparação histórica ao povo negro deste país,
com o Ministério da Igualdade Racial, a titulação de terras quilombolas e
a cota para negros nos cargos de chefia do serviço público.
O
Brasil voltou a cuidar de seus biomas, sobretudo da maior floresta
tropical do planeta, com o restabelecimento do Fundo Amazônia e a
criação e instalação da Comissão de Prevenção e Controle do
Desmatamento.
O Brasil voltou a ter uma política externa ativa e altiva, retomando as boas relações com todos os países do mundo.
O
Brasil voltou a dialogar com prefeitos, governadores, deputados,
senadores. O Brasil voltou a conversar sobretudo com a sociedade civil,
por meio da recriação do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e o
Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável, entre outras
instâncias de participação.
O Brasil voltou a cultivar a
harmonia e o convívio republicano entre os Três Poderes, cujo maior
exemplo foi a pronta reação à tentativa de golpe de 8 de janeiro.
No
dia seguinte à barbárie, os Três Poderes marcharam unidos – do Palácio
do Planalto ao Supremo Tribunal Federal, passando pelo Congresso
Nacional – para dizer NÃO ao fascismo.
O Brasil voltou a dizer SIM à democracia.
Meus amigos e minhas amigas.
Foram 100 dias de muito trabalho. Temos mais 1.360 dias para seguir reconstruindo este país. E já estamos a caminho.
Apresentamos
o novo arcabouço fiscal, que traz soluções realistas e seguras para o
equilíbrio das contas públicas. Que dá um fim às amarras irracionais – e
sistematicamente descumpridas – do falido teto de gastos. Que garante a
volta do pobre ao orçamento. E que possibilita a aplicação de recursos
no desenvolvimento econômico do país.
Estamos trabalhando em uma
reforma tributária que corrige as distorções históricas de um sistema de
tributação regressivo e injusto para os brasileiros e os entes
federados. E cria um ambiente muito mais dinâmico e descomplicado para o
setor empresarial.
Retomamos a capacidade de planejamento de
longo prazo. E esse planejamento será traduzido em um grande programa
que traz de volta o papel do setor público como indutor dos
investimentos estratégicos em infraestrutura.
Com muito diálogo
federativo, vamos retomar as obras paradas e acelerar as que estão em
ritmo lento, além de selecionar novos investimentos estratégicos para o
país.
Já recebemos dos governos de cada estado uma lista de obras
prioritárias, e os ministérios estão identificando outros investimentos
estruturantes. Até o início de maio, anunciaremos a lista definitiva de
empreendimentos e os mecanismos que farão com que eles saiam
rapidamente do papel e gerem milhões de empregos de qualidade.
Vamos
aproveitar a experiência que já tivemos com o PAC e os programas de
concessão para aprimorar esses mecanismos, tornando-os ainda mais
eficientes.
Articularemos ainda com mais eficiência os
investimentos públicos e privados e o financiamento dos bancos oficiais,
em uma mesma direção: a do desenvolvimento com inclusão social e
sustentabilidade ambiental.
Nosso programa de investimentos
estratégicos em infraestrutura contará com seis eixos: transportes;
infraestrutura social; inclusão digital e conectividade; infraestrutura
urbana; água para todos e transição energética.
A transição
energética será acelerada. Vamos lançar editais para contratação de
energia solar e eólica que, somados, representarão capacidade de geração
equivalente à de nossas maiores usinas hidrelétricas. E os leilões para
novas linhas de transmissão irão tornar ainda mais rápida e atrativa a
implantação desses parques de energia limpa.
E não perderemos a oportunidade de nos tornarmos uma potência global do hidrogênio verde.
A
Petrobrás financiará a pesquisa para novos combustíveis renováveis. Ao
mesmo tempo, retomará o papel protagonista nos investimentos, ampliando a
frota de navios da Transpetro e gerando emprego em nossos estaleiros.
Na
inclusão digital e conectividade, levaremos Internet de alta velocidade
para as escolas e para os equipamentos sociais, a exemplo de postos de
saúde, melhorando o acesso dos profissionais e dos usuários aos
prontuários e exames.
No transporte, as ferrovias, rodovias,
hidrovias e portos voltarão a ser pensadas de modo estruturante.
Reduzirão o custo do escoamento de nossa produção agrícola. E
incentivarão o florescimento de uma nova base industrial, mais
tecnológica e mais limpa.
Vamos acelerar a construção das ferrovias, essenciais para a integração do país e o escoamento da nossa produção agrícola.
Além
disso, vamos equacionar as concessões de rodovias e aeroportos que
ficaram desequilibradas, retomando os investimentos previstos.
No
eixo de água para todos, a Integração do São Francisco retomará seu
ritmo. Concluiremos obras fundamentais, a exemplo da adutora do Agreste
Pernambucano; do Cinturão das Águas do Ceará; do Canal Acauã-Araçagi da
Paraíba; e da Barragem Oiticica do Rio Grande do Norte.
Na
infraestrutura urbana, investiremos fortemente na melhoria das condições
de habitação e vida das pessoas que moram em favelas, palafitas e
outros locais precários. E vamos tirar do papel obras de prevenção a
desastres causados por cheias e deslizamentos.
O Minha Casa, Minha Vida contratará 2 milhões de moradias.
O
Novo Marco do Saneamento, aprovado na semana passada, remove as amarras
que por tanto tempo impediram o investimento no setor. Em dez anos,
vamos praticamente universalizar o fornecimento de água tratada e a
coleta e tratamento de esgoto, com investimentos públicos e privados.
A
qualidade de vida nas cidades não se faz apenas de casas, saneamento e
transporte. E é exatamente por isso que o programa também conta com um
eixo específico para infraestrutura social, com investimentos em
hospitais, escolas, creches e centros de cultura e de esportes.
Para
além do programa de investimentos estratégicos em infraestrutura,
lançaremos em maio o Plano Safra do agronegócio. Queremos aumentar a
produtividade no campo, e criar mecanismos que garantam a
sustentabilidade socioambiental.
O Brasil voltará a ser
referência mundial em sustentabilidade e enfrentamento das mudanças
climáticas. E cumprirá as metas de redução de emissão de carbono e
desmatamento zero.
O desmatamento será combatido em todos os
biomas brasileiros. Desenvolveremos a economia da sociobiodiversidade,
integrando a pesquisa científica e o conhecimento tradicional.
A
mudança para uma economia de baixo carbono será tratada como estratégia
de desenvolvimento do país. A transformação da estrutura produtiva
nacional passará por uma Reindustrialização Verde e Digital.
O
combate às mudanças climáticas também se dará nos centros urbanos. Vamos
incentivar e promover ações de redução das emissões de carbono na
mobilidade urbana e na construção civil.
Minhas amigas e meus amigos...
Sempre
tenho dito que governar é cuidar das pessoas. E que garantir que cada
brasileira e cada brasileiro consiga fazer as três refeições do dia é
minha obsessão.
O Brasil sairá novamente do Mapa da Fome com a
integração das ações já existentes e outras que serão articuladas pela
Câmara Interministerial que reúne 24 de nossos 37 ministérios.
A população mais pobre e a classe média precisam se ver livre das amarras das dívidas.
Com o Programa Desenrola, os consumidores poderão renegociar seus débitos e limpar seus nomes.
Vamos
trabalhar para que os bancos públicos possam garantir crédito
facilitado e com prazos adequados para micro, pequenas e médias empresas
e cooperativas, além de microcrédito para empreendedores individuais.
Nossas
crianças e jovens vão recuperar o tempo perdido na pandemia. Em
conjunto com estados e municípios, desenvolveremos políticas para
superar a defasagem no ensino, a evasão e o abandono escolar. A escola
de tempo integral, da creche ao ensino médio, ganhará maior amplitude. E
nossos estudantes, educação de qualidade.
Ampliaremos vagas nas
universidades. Retomaremos o Programa Nacional de Assistência
Estudantil, que assegura a permanência dos estudantes carentes no ensino
superior.
Depois de anos congeladas, as bolsas da Capes e do
CNPq foram reajustadas, beneficiando 258 mil doutores, mestres e
pesquisadores.
Fortaleceremos o Sistema Nacional de Ciência,
Tecnologia e Inovação, para que universidades e centros de pesquisa
produzam ainda mais conhecimento para alavancar o desenvolvimento
nacional.
Na saúde, retomaremos o Aqui Tem Farmácia Popular, garantindo medicamentos gratuitos e baratos para a população.
E
implantaremos a rede atenção médica especializada multiprofissional,
perto do usuário que precisa de consultas, exames e cirurgias com menor
tempo de espera.
Cuidar das pessoas também é garantir sua segurança, em especial daqueles que mais sofrem com a violência.
Uniremos
os estados, municípios e a sociedade civil organizada em um pacto para
enfrentar o massacre dos jovens negros e da periferia.
As
políticas para combater todas as formas de violência contra as mulheres
serão ampliadas por meio do Programa Mulher Viver Sem Violência e das
novas unidades da Casa da Mulher Brasileira. E garantiremos que não haja
impunidade aos agressores.
Em parceria com Estados e municípios,
iremos ampliar as políticas de garantia de direitos às juventudes, aos
idosos, às pessoas com deficiência e à comunidade LGBTQIA+.
Como
já fizemos com o povo yanomami, seguiremos protegendo os direitos e os
territórios dos povos indígenas, povos e comunidades tradicionais,
quilombolas e de comunidades de matriz africana e de terreiro,
assegurando o bem viver e a cidadania.
O combate ao crime
organizado e às facções criminosas será prioridade. Fortaleceremos as
áreas de investigação e a inteligência tecnológica das forças policiais.
E valorizaremos de verdade os profissionais de segurança, usando
programas como o Bolsa Formação.
Seguiremos combatendo a
desinformação nos meios analógicos e digitais, contribuindo de maneira
firme com o debate sobre a regulamentação das plataformas digitais que
ocorre no Congresso Nacional.
O acesso à cultura, ao esporte e ao
lazer será ampliado, bem como o apoio aos empreendedores culturais e
aos atletas de alto rendimento.
Seguiremos fortalecendo a
democracia brasileira, enfrentando e vencendo a ameaça totalitária, o
ódio, a violência, a discriminação e a exclusão que pesam sobre o nosso
país.
Ampliaremos ainda mais o diálogo com o Legislativo, o Judiciário, os entes federados e a sociedade brasileira.
Ainda
neste semestre, serão deflagrados os debates do Plano Plurianual
Participativo. Com atividades nos 27 Estados, ele possibilitará à
sociedade participar ativamente no processo de planejamento das ações
para a reconstrução do Brasil. E contribuirá muito para a transparência
orçamentária.
Minhas amigas e meus amigos.
Cada ministra e
cada ministro aqui presentes, juntamente com suas equipes, merecem todo
o nosso reconhecimento, pelo tanto que foram capazes de entregar em tão
pouco tempo.
Mas a mensagem principal que deixo aqui é a seguinte: se preparem, pois temos de trabalhar muito mais.
Quero terminar citando outra frase, que traduz o nosso sentimento ao fim destes primeiros 100 dias:
O Brasil voltou a ter futuro. E isso é apenas o começo.
Luiz Inácio Lula da Silva, 10 de abril de 2023
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