Senna: 30 anos da morte. E o milagre de Osmar Santos no dia seguinte

No dia 1º de maio em Ímola, Ayrton Senna correu sua última corrida. A expectativa daquele dia era grande, especialmente no Banco Nacional, um dos maiores bancos brasileiros na época, de que Senna era garoto propaganda.

No dia seguinte, uma segunda-feira, 2 de maio, seria lançada a campanha de incentivo daquele ano do banco, que tinha como tema "Campeão Nacional". Obviamente toda centrada no Senna.

Vídeos, flyers, uma quantidade imensa de material estava pronta para o grande dia. Senna havia comentado com amigos da diretoria do banco que tinha grande esperança de vencer em Ímola.

O banco também contava com aquela vitória para levantar o astral da campanha.

Para os que eram muito jovens ou nem eram nascidos naquela época, Ayrton Senna era um semideus no Brasil, adorado por todo mundo, exceto por Nelson Piquet.

Mas aí, em vez da vitória, aconteceu o trágico acidente que levou à morte do piloto.

Cogitou-se suspender o evento do dia 2, mas era impraticável, tantos os compromissos assumidos.

O evento inaugural, o de lançamento da campanha, dirigido por mim, seria transmitido da TV E do Rio para todo o Brasil, a partir das 8h. No comando da apresentação, o genial locutor Osmar Santos, o maior locutor esportivo (e não apenas esportivo, Osmar foi o locutor de todos os grande eventos das Diretas Já), o homem do ripa na chulipa e pimba na gorduchinha.

Mas o clima geral era, como não poderia deixar de ser, de luto. O Brasil parou — com a possível exceção de Piquet.

Temia-se um desastre, porque uma campanha de incentivo...bom, é pra jogar todo mundo pra cima, para baterem suas metas (as metas estabelecidas pelo banco), para serem "Campeões Nacionais". Mas o clima era de luto.

E aí fez-se o milagre. Aos poucos, Osmar Santos foi tocando o evento, chamando os diretores, os vídeos, e levantando o astral das pessoas de tal modo que o evento foi um sucesso.

E, apesar dos esforços de todos, do material produzido, o sucesso daquele dia só pode ser creditado ao gênio de Osmar Santos. Quem estava lá pode confirmar o que digo.

Peço desculpa aos que vieram aqui à procura de alguma novidade sobre Ayrton Senna. Pelo menos saia com o consolo de saber que o Brasil tem outros gênios além de Ayrton. Osmar Santos é um deles.

Por uma dessas estranhas coincidências da vida, no mesmo 1994 do acidente fatal de Senna, Osmar Santos bateu seu carro num caminhão, na antevéspera do Natal, teve perda de 15 cm de massa encefálica, e sobrevive com sequelas que o impediram de continuar na profissão.

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