Justiça dá a Arthur Lira reintegração de posse de terras que não são dele no TSE

Quando uma pessoa se candidata a um cargo eletivo é obrigada a listar seus bens ao TSE.  Desde 2008, Arthur Lira é candidato e nunca declarou a posse de uma fazenda em Pernambuco, no município de Quipapá (a 180 km do Recife).

Mesmo não declarando a fazenda, ele entrou na Justiça pedindo reintegração de posse da fazenda que não existe como dele no TSE. E ganhou.

Em agosto de 2023, os agricultores Cícero e Maria José Silva foram obrigados a sair do seu sítio, onde viviam há mais de 50 anos, por causa de uma reintegração de posse movida pelo presidente da Câmara.

A área de cinco hectares faz parte da Usina Engenho Proteção, comprada por Lira em 2008. “Meus sete filhos foram quase todos criados lá”, contou o agricultor ao De Olho nos Ruralistas, que produziu um dossiê de 70 páginas sobre os negócios de Lira e família. Os camponeses foram despejados e agora são obrigados a pagar aluguel na cidade.
Questionado pela Folha, Lira disse que "segue a legislação e que todo seu patrimônio se encontra "devidamente registrado" junto à Receita Federal".

Como o jornalismo da Folha, quando não é contra Lula e seu governo, é apenas um jornalismo declaratório, nada mais lhe foi perguntado. Por que nunca declarou a fazenda ao TSE? A declaração não é obrigatória?

O caso da fazenda é grave e precisa ser esclarecido. Mas a maior ilegalidade é Arthur Lira ter sido eleito para representar seu estado de Alagoas no Congresso Nacional e agir como se tivesse sido eleito presidente da República, tentando usurpar poderes de Lula, usando de estratagemas, ameaçando sentar em cima de pautas de interesse do governo eleito, caso não lhe sejam entregues contrapartidas, como, por exemplo, a Caixa Econômica Federal com todas as suas doze vice-presidências, como conseguiu recentemente. 

Mas Arthur Lira deveria se mirar numa lendária batalha em versos de seu estado, em que o poeta Pedro Basílio, no alto de sua arrogância, resolveu desafiar o poeta popular Chico Nunes para um duelo com o mote "Eu sou melhor do que tu". E se deu mal no final. Será a antecipação de um duelo final Lira e Lula?


Pedro Basílio começou, cheio de poder, como Lira:

Sô rico, sô potentado,
Sô um poeta do direito,
Sô um homem de respeito.
Sempre fui considerado
Como um cantador honrado,
Desde o norte inté o sú,
Inté o Barão de Traipú
Me daria confiança;
Vivo cheiro de esperança
Eu sô mio do que tu.

Chico Nunes partiu para cima até o nocaute, "na humildade":

Sô ladrão de mandioca,
Sô a lama de um barreiro,
Sô do tipo cachaceiro,
Sô imbuiá, Sô minhoca,
Sô como sapo na toca,
Sô um sapo cururu,
Sô puleiro de urubu,
Sô um chocalho sem badalo,
Sô um ladrão de cavalo,
Eu sô mio do que tu”

Sô um tipo sem futuro,
Desses que não vale nada,
Sô igual a uma levada
Como bagaço de munturo,
Sô um recanto de muro
Onde só tem cururu,  
Só igual a um tatu   
Dentro do buraco fundo,   
Sô a desgraça do mundo,   
Eu sô mio do que tu

Já perdi a cirimônia,   
Eu ando cambaliando,  
Andam até me chamando   
De fumadô de maconha,  
Ajuntei-me com uma sem vergonha
Levei ponta pra chuchu,
Fui corno em Caruaru ,  
Viado no Maribondo,  
Mas mesmo dando o redondo,  
Eu sô mió do que tu!

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