Só a guerra mantém Netanyahu no poder; por isso ele não permite a paz

Não importa a solução que lhe tragam para um cessar-fogo imediato em Gaza, a resposta de Netanyahu será a mesma e definitiva: paz apenas com a libertação de todos os reféns e a autodissolução do Hamas — que ele sabe ser impossível.

Afinal, após 115 dias de intenso bombardeio, que provocou o deslocamento de quase dois milhões de palestinos, a destruição de suas terras, escolas, igrejas, hospitais, a morte de 25 mil deles, sendo quase 18 mil mulheres e crianças, Netanyahu só conseguiu neutralizar 1/3 da força do Hamas. Ainda há em torno de 20 mil combatentes em armas contra as Forças Armadas de Israel.

As agências de inteligência dos EUA estimam que as forças israelenses mataram 20 a 30 por cento da força de combate do Hamas em Gaza, um pouco abaixo da estimativa de Israel de 10.000 combatentes mortos, informou o WSJ. As autoridades estimam que o Hamas ainda tem munições suficientes para continuar a lutar durante meses, afirma o relatório. [Haaretz]
Uma pesquisa do Instituto de Democracia de Israel (IDI) divulgada no início do ano mostrou que somente 15% dos israelenses apoiam a permanência de Benjamin Netanyahu como primeiro-ministro após o fim da guerra do país com o Hamas.

Nova pesquisa, divulgada pela CNN hoje, aponta uma derrota do partido de Netanyahu. Embora novas eleições estejam marcadas apenas para outubro de 2026, elas podem ser antecipadas, e muitos desejam que elas ocorram agora, ainda durante a guerra, tal a impopularidade do primeiro-ministro.

Benny Gantz, um opositor e ex-ministro da Defesa que se juntou ao gabinete de guerra de Netanyahu após os ataques de 7 de outubro, seria o maior vencedor, sugere a pesquisa para o Channel 13 da CNN. Seu partido da Unidade Nacional ganharia 37 assentos, segundo a pesquisa. O partido Likud de Netanyahu ganharia 16 com ele no comando, e o partido Yesh Atid do ex-primeiro-ministro Yair Lapid viria em terceiro lugar com 14, sugerem projeções.


A mesma pesquisa apontou que uma maioria de 53% acha que Netanyahu luta por interesses pessoais, para salvar sua pele do julgamento de três crimes que lhes são imputados: 

Netanyahu é suspeito de ter aceitado presentes caros de empresários ricos em troca de favores oficiais, além de oferecer benefícios regulatórios e financeiros a 2 magnatas da mídia em troca de uma cobertura positiva da imprensa.

Só uma vitória consagradora poderia mantê-lo no cargo e talvez livrá-lo das acusações. A maioria do povo de Israel, segundo a pesquisa, já percebeu isso. Mas ele não tem alternativa: é vencer ou vencer.

Fica evidente que a única chance de paz é a destituição de Netanyahu. Com ele no poder segue a guerra de extermínio.

Assine e apoie o blog que resiste há 18 anos.