Embora visualmente sejam muito diferentes, a Globo e Bolsonaro têm em comum pontos vitais em relação à economia, aos direitos trabalhistas e ao espectro políticos. As diferenças são mais de comportamento, mais superficiais que de fundo. A tal ponto que não é absurdo afirmar que a Globo é Bolsonaro de sapatênis.
Vamos lá:
Ambos são a favor do livre mercado, da independência do Banco Central, das privatizações de todas as empresas.
Ambos são contra a presença do estado na economia; contra os governos de esquerda em qualquer país.
Acham que a legislação trabalhista atrapalha o empresário.
Ambos são americanófilos e defensores intransigentes do estado de Israel, mesmo diante dos crimes cometidos agora em Gaza.
Ambos andaram de braços dados com a ditadura civil-militar de 1964.
Ambos acham que o agro é pop, o agro é tudo.
Ambos têm dupla moral. Quanto a Bolsonaro, nem é preciso dar exemplos, tantos que são. Mas a Globo não. A Globo, por exemplo, sempre criticou e ainda critica os banqueiros do bicho. Não apenas como contraventores envolvidos em outros crimes mais graves, mas por serem vindos de outra classe social.
Sendo assim, como justificar então a venda do triplex da Avenida Atlântica, em Copacabana, que pertencia a Roberto Marinho ao bicheiro e presidente da Beija-Flor Anísio Abraão David? [Veja aqui foto da cobertura]
Como separar o dinheiro sujo de sangue dos homicídios (também denunciados em editorial por O Globo) do usado para comprar o triplex do fundador da Rede Globo?
Outro caso aconteceu em outubro de 2010, quando da assinatura de um convênio entre o governo do
estado do Rio e a Fundação Roberto Marinho para a criação do Museu do Amanhã.
A Fundação entrou com o bolso e o governador da época, Sergio Cabral, com R$ 24 milhões, verba que deveria ser usada para prevenção de enchentes, desviada do Fundo Estadual de Conservação Ambiental (Fecam), da Secretaria do Ambiente, para o Museu.
O dinheiro não foi usado pela Secretaria do Ambiente e dois meses
depois, no início de janeiro de 2011, ocorreu a Tragédia da Região
Serrana, segundo o Portal G1 (da própria Globo), "maior tragédia
climática da história do país.
Segundo a Polícia Civil, 470 corpos já foram identificados pelo IML, num
total de 511 mortos".
Por último, outro denominador comum: ambos são contra Lula e o PT.
Embora a Globo faça oposição a Bolsonaro, sua oposição é ao político, não a grande parte de suas ideias.