Bem de acordo com seu ídolo, o ex-presidente Jair Bolsonaro, o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas não gosta do Bolsa Família.
Mas, ano que vem tem eleição, e, também como seu ídolo, Tarcísio resolveu fazer um "agrado" na área social e criou seu Bolsa Família, o SuperAção. Só que o Bolsa Família do Tarcísio finge que dá, mas tira dinheiro da área social. É o que se deduz a partir de dados de uma reportagem da Folha.
A Secretaria de Desenvolvimento Social de Tarcísio de Freitas deixou de usar milhões de reais que estariam na rubrica da Secretaria nos dois primeiros anos de governo.
"Do R$ 1,8 bilhão previsto para 2023, R$ 1,04 bilhão foi gasto. As sobras daquele ano, de R$ 779 milhões, já representam valor superior ao anunciado por Tarcísio para o SuperAção". [R$ 500 milhões]
"Somando os dois primeiros anos de governo Tarcísio, 2023 e 2024, as reduções na assistência social foram de R$ 817 milhões".
"Foi criado o programa Superação da Vulnerabilidade Social, que em 2024 contava com um orçamento de R$ 32,2 milhões, embora 21% (R$ 6,9 milhões) tenham sido efetivamente gastos. Já dos R$ 16,9 milhões previstos para 2025, até o início de junho, apenas R$ 18,7 mil (0,15%) foram empenhados, ou seja, reservados no orçamento para uso".
Resumindo: Tarcísio deixou de gastar R$ 817 milhões nos anos de 2023 e 2024 para fazer caixa e lançar o SuperAção em 2025, com um valor menor ainda do que economizou nos dois anos: o orçamento do programa é R$ 500 milhões.
R$ 817 milhões que deveriam ter sido utilizados na área social não o foram e agora o governo anuncia que vai gastar R$ 500 milhões desses R$ 817 milhões, como se fosse dinheiro novo, quando, na verdade, são parte do dinheiro que não usou em 2023 e 2024 e ainda está embolsando R$ 317 milhões.
Na mesma reportagem, o deputado estadual petista Paulo Fiorilo"questiona o fato de o SuperAção ter como promessa atender 105 mil famílias inscritas no Cadastro Único, utilizado para identificar famílias de baixa renda, sendo que há 3,7 milhões de famílias paulistas inscritas na ferramenta".
O SuperAção vai atender apenas 3,5% das pessoas necessitadas. É como anunciar um condomínio e entregar apenas a maquete.
Mas assim que ceder à pressão do mercado financeiro e da mídia e assumir a candidatura, Tarcísio pode contar que o SuperAção vai ser vendido como um aprimoramento do Bolsa Família, o "olhar social" de Tarcísio de Freitas, o Bolsonaro de coturno de verniz.
E ainda vai ter economizado (isto é, deixado de investir na área social) R$ 317 milhões, cortando verba social antes mesmo de virar presidente... É mesmo o candidato dos sonhos da Faria Lima.