Depois de entupir primeira página de domingo com matérias contra Lula e seu governo, a Folha agora vem com uma matéria que reproduz sem crítica a associação que grupos de extrema direita faz, de modo arbitrário e sem provas, entre Lula, PT e organizações criminosas como o PCC e o CV.
Mais uma peça de jornalismo declaratório utilizada como estratégia de combate ao "inimigo", o governo do presidente Lula.
Grupos bolsonaristas ligam recentes episódios envolvendo a música funk e MCs presos para associá-los ao PT, sem prova alguma disso.
Tudo começa com um PL apresentado por uma vereadora da cidade de São Paulo (sic) criminalizando o funk e culmina com a prisão do MC Poze do Rodo, no Rio, sem que fique clara a ligação dos fatos com o PT, a não ser pela narrativa bolsonarista nas redes de WhatsApp.
Mas a matéria da Folha não é uma denúncia dessa falsa ligação feita pela extrema direita. É uma reprodução dela.
Numa salada típica da lógica bolsonarista, que leva membros da "seita" a orar para pneus e atrair discos voadores com lanternas dos celulares, a matéria narra a mistura que os grupos fazem entre o PL da vereadora, chamado de PL anti-Oruam, ao fato de o governo Lula não aceitar a classificação de PCC e CV como organizações terroristas e, sim, organizações criminosas, e a prisão espetacular do MC no Rio, descalço e sem camisa, o que "provaria" que todos são petistas... talvez fazendo uma associação entre o perigo vermelho comunista, o Comando Vermelho e o vermelho da bandeira do PT. Porque é a única ligação entre os fatos, curiosamente a única que nem é citada na matéria.
Curiosamente também, os dois parágrafos finais são como uma autocrítica da própria reportagem:
Esse conjunto articulado de mensagens, vídeos e memes formou uma tempestade perfeita. A estratégia é típica das operações de desinformação contemporâneas: criar uma cadeia de associações indiretas, promovendo uma suspeita generalizada, mesmo sem apresentar qualquer prova concreta de vínculo entre as partes.
O episódio evidencia como a oposição digital opera: apropriando-se de eventos de forte apelo midiático, reinterpretando-os dentro de uma narrativa preexistente e, assim, reforçando campanhas sistemáticas de criminalização, preconceito e desinformação. Mais do que um caso isolado, demonstra como o ambiente digital brasileiro permanece vulnerável a campanhas que misturam política, crime e cultura, contaminando o debate público com suspeitas plantadas e difíceis de desfazer.
Faltou o fecho: "contaminando o debate público com suspeitas plantadas e difíceis de
desfazer", principalmente quando ainda amplificadas pela Folha numa "estratégia é típica das operações de
desinformação contemporâneas: criar uma cadeia de associações indiretas,
promovendo uma suspeita generalizada, mesmo sem apresentar qualquer
prova concreta de vínculo entre as partes".
Os "petistas" envolvidos com o tráfico
Seguem prints de matérias de vários órgãos de imprensa, inclusive a Folha, com nomes de "petistas" envolvidos com PCC, CV e o tráfico de drogas e armas.
- Primo do deputado Nikolas Ferreira (PL/MG).
- Avião da comitiva do à época presidente Bolsonaro (PL).
- Avião da igreja do tio da senadora Damares (Republicanos).
- Caminhão da família do senador Jorge Seif (PL/SC).
- Influencer Cariani, assumidamente bolsonarista.
- Helicóptero do ex-deputado Gustavo Perrella, muito ligado a Aécio Neves, flagrado com 450 kg de cocaína numa fazenda no Espírito Santo, em crime até hoje sem punição.
Não tem Genoíno do Borel. Dirceuzinho Beira-mar ou Lindbergh da Maré. Nenhum petista ou parente de petista envolvido com tráfico de drogas, armas ou CV e PCC.
Mas a Folha amplifica a fake news assim mesmo, porque o objetivo é criminalizar o PT e o presidente Lula de qualquer modo. E isso tende a piorar com a aproximação das eleições de 2026.
garantem a sobrevivência do blog sem anúncios ou popups.
Contribua com R$ 1.
PIX: blogdomello@gmail.com