O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) teve o primo Glaycon Raniere de Oliveira Fernandes preso flagrante por tráfico de drogas em Uberlândia (MG), com 30 kg de maconha e 4 gramas de cocaína em seu carro.
Glaycon disse à polícia que levava a droga para Nova Serrana, MG. Seu pai, logo tio de Nikolas, Enéas Fernandes, foi candidato a prefeito da cidade nas últimas eleições e recebeu R$ 1,5 milhão de Nikolas para a cidade, mesmo não sendo prefeito, mas candidato — e que não se elegeu.
"Recebi no gabinete de Belo Horizonte, nosso pré candidato a Prefeito por Nova Serrana: Enéas. Anunciei a destinação de R$1.000.000,00 para área da saúde e R$500.000,00 para pavimentação de vias. O dinheiro do pagador de impostos retornando para o mesmo" — escreveu o deputado no dia 28 de junho de 2024, na Rede X.
PIX e lavagem de dinheiro
Quando o governo do presidente Lula tentou fazer uma modificação nas regras do PIX para combater a lavagem de dinheiro, o deputado Nikolas Ferreira fez um vídeo, que teve mais de 100 milhões de visualizações, que insinuava que o governo estava na verdade querendo taxar as operações com PIX dos pequenos comerciantes e entregadores.
"O Pix não será taxado, mas não duvido que possa ser. Enfim, quem será mais afetado com essa medida será o trabalhador informal. Foi antes o seu João, que vende picolé como ambulante, motorista de Uber, pedreiros, entregadores de iFood. Todos aqueles que lutam diariamente para ganhar vida honestamente vão sofrer. Esses trabalhadores que já vivem no aperto agora terão suas movimentações vigiadas como se fossem grandes sonegadores. Se fizeram uma vaquinha para pagar o churrasco..." — disse no vídeo.
Usou a afirmação de que "o PIX não será taxado", mas seguiu falando como se o fosse e a quem atingiria a medida: pequenos comerciantes e entregadores.
Foi um auê, houve vendedores sobretaxando as operações com PIX com medo da possível taxação, que era, na verdade, pura fake news.
O objetivo do governo era monitorar as fintechs, especialmente depois que um policial de São Paulo, Cyllas Salerno Elia Junior, movimentou mais de R$ 6 bilhões em duas fintechs criadas por ele (2GO Bank e para o InvBank), em operações de lavagem de dinheiro do PCC.
Nesta terça-feira (25 de fevereiro de 2025) de manhã, policiais federais e promotores de justiça cumpriram dez mandados de busca e apreensão e um de prisão preventiva. O alvo principal da Operação Hydra era o agente da Polícia Civil de São Paulo Cyllas Salerno Elia Junior, criador e dono do 2GO Bank, uma das instituições financeiras citadas por Gritzbach.
Cyllas já tinha sido preso em novembro de 2024 pela Polícia Federal, suspeito de movimentar R$ 6 bilhões para contrabandistas internacionais. Saiu da prisão em dezembro, beneficiado por um habeas corpus, e voltou a trabalhar como policial civil em janeiro de 2025.O esquema funcionava assim: o dinheiro que o PCC arrecadava com o tráfico de drogas era transferido para o 2GO Bank e para o InvBank por meio de empresas de fachada. Em seguida, essas instituições mandavam os valores para contas de "laranjas", que muitas vezes nem sabiam que seus nomes estavam sendo usados pelos bandidos. Toda essa operação financeira servia para lavar o dinheiro ilícito, que depois era usado pelos traficantes para comprar imóveis. [Jornal Nacional]
Prisão do primo
Com a prisão do primo com 30 Kg de maconha e 4g de cocaína o deputado Nikolas tem a obrigação de esclarecer à população onde foi utilizada a verba de R$ 1,5 milhão que ele afirmou ter destinado às áreas de Saúde e Pavimentação de Nova Serrana.
Como disse o deputado em relação ao PIX ("O Pix não será taxado, mas não duvido que possa ser"), a verba pode não ter sido desviada para o tráfico de drogas, mas não se pode garantir que não. Cabe ao deputado esclarecer.
Coisa que não fez. Dez dias após saber da prisão do primo, Nikolas fez uma publicação na rede X onde não esclareceu nada sobre o destino do R$ 1,5 milhão.
Pra mim não é uma situação que merece que eu perca meu tempo, até porque não é algo que me envolve. Se qualquer pessoa, seja relacionada a mim de alguma forma ou não, cometer crime, ela tem que pagar por isso. É bem simples. O que eu vejo é mais uma tentativa frustrada de desgastarem minha imagem. E mais uma vez sem sucesso. Sabe o que essa notícia muda pra pessoas honestas? Nada. Agora, talvez mude pra quem não goste de mim, porque até eles percebem a tentativa de me desgastar a qualquer custo. Agradeço por este presente de aniversário. Porque mesmo meu primo sendo preso há 7 dias, fizeram questão de noticiar no meu aniversário. Agora, é no mínimo curioso que pessoas de uma ideologia que defende a descriminalização das drogas de repente estejam preocupadas com isso. Quem é preso com drogas merece cadeia assim como os rachadores e outros corruptos que inclusive estão soltos por aí. Valeu a tentativa, mas tentem na próxima.
Normalmente já seria desejável que deputados esclarecessem o destino das verbas (dinheiro público, é bom não esquecer). Ainda mais num caso como esse que envolve tráfico de drogas.
É leviano afirmar que Nikolas tenha algo a ver com a atividade ilícita do primo. Mas até para isso é bom que ele esclareça o destino do R$ 1,5 milhão.
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