O Jornal Nacional, assim como boa parte da mídia corporativa, tenta colar o tráfico de drogas por um sargento em voo da comitiva presidencial de Bolsonaro aos presidentes antes dele, Dilma, Temer, numa tentativa de normatizar a presença do traficante voador, que foi flagrado com 39 kg de cocaína anteontem, em Sevilha, Espanha.
Mas o porta-voz da Aeronáutica é claro: o sargento traficante só foi incorporado às comitivas presidenciais em 2016, e não em 2011, como afirmara reportagem anterior da Globo, ou 2010 (para botar Lula no rolo, Kamel?), como afirmou a Globo no Jornal Nacional, em reportagem de Délis Ortiz, aquela que entregou uma bíblia de presente a Bolsonaro num puxassaquismo constrangedor. Confira:
Não adianta a Globo tentar ligar sargento traficante aos governos do PT, porque ele só entrou em serviço em 2016 e foi pego traficando na equipe do AeroMula https://t.co/C379T6MZwvpic.twitter.com/KJrtKfSJaO
Com seu apoio o Blog do Mello é e vai continuar a ser de livre acesso a todos, e sem popups de propaganda
MAIS FORMAS DE APOIAR
Você também pode apoiar o blog fazendo uma doação direto na conta:
Antonio Mello
Banco do Brasil.
agência: 0525-8
conta: 35076-1
E também divulgando e compartilhando as postagens do blog com seus amigos e familiares.
Obrigado.
Desde a primeira semana depois do acidente, tenho afirmado aqui que os grandes culpados são os pilotos americanos. Embora até hoje eu não tenha conseguido encontrar um motivo real (a não ser uma subserviência total aos EUA e uma necessidade de criticar o governo Lula de qualquer jeito) nossa imprensa tem praticamente livrado a cara dos americanos e culpado alternada ou cumulativamente os controladores de vôo brasileiros e nosso sistema de controle aéreo.
Em maio passado voltei ao assunto, quando advogados dos americanos quiseram novamente livrar a cara deles. Reproduzo a postagem a seguir.
Estão querendo empurrar a culpa pelo acidente que envolveu o jato Legacy da empresa americana ExcelAire e um Boeing da Gol para as costas dos controladores de vôo brasileiros. O motivo é um só: o pagamento das milionárias indenizações às famílias das 154 vítimas do acidente – todas passageiros e tripulantes do Boeing da Gol.
No entanto, todos os laudos vão confirmando aquilo que já se sabe desde o início. O jatinho Legacy, pilotado pelos americanos Lepore e Paladino, voava desde São José dos Campos com destino a Manaus. O transponder (equipamento que transmite informações precisas sobre avião e vôo) funcionava normalmente. Até que, exatamente quando sobrevoava Brasília, o transponder pára de funcionar. A comunicação entre os americanos e o centro de controle de vôos, que estava em pleno funcionamento, também é misteriosamente interrompida. E isso acontece no instante em que os americanos não cumprem uma determinação do plano de vôo, a de mudança de altitude na entrada em Brasília. Vem o acidente e, milagrosamente, transponder e comunicação voltam a funcionar.
Não há relato de que algo semelhante tenha acontecido a qualquer outra aeronave que sobrevoava nosso espaço aéreo naquele instante. Portanto, o foco das investigações deve ser: por que transponder e comunicação não funcionaram durante aquele período, se estavam OK antes de Brasília e assim voltaram a ficar após o acidente? Falha do equipamento ou falha dos pilotos?
Foram realizados testes nos equipamentos. Eles estavam funcionando perfeitamente. Logo, o problema aconteceu com os pilotos americanos. E é para livrar a cara deles que vêm sendo expelidos documentos e aconselhamentos por diferentes órgãos americanos, de tempos em tempos.
A novidade da hora vem de um relatório do Conselho Nacional de Segurança dos Transportes dos Estados Unidos (NTSB, na sigla em inglês). Segundo o NTSB, o transponder, embora em perfeito estado (sic), não estava funcionando no momento do acidente porque estava em standby (quem o colocou em standby?...). Segue dizendo que este aviso estava escrito no painel da aeronave, mas os pilotos não perceberam (distraídos, não?). Então, sugere que um aviso sonoro ou equivalente passe a acompanhar o aviso visual.
Receitam, como se isso fosse uma falha do transponder do Legacy (não custa lembrar que o jatinho é fabricado pela Embraer). Só que o alerta unicamente visual é padrão em todos os aviões do mundo. Portanto, os pilotos sabem que têm de ficar de olho no monitor. Durante o intervalo de uma hora entre a perda de contato e o acidente, eles tiveram bastante tempo para olhar o monitor, mas não o fizeram.
Logo, concluem americanos, pilotos e seus advogados, os controladores do Brasil teriam de se comunicar com eles para avisá-los:
- Ei, acorda, se liga, o transponder está desligado!
Mas, como, se também não havia comunicação via rádio entre o jatinho e o Cindacta? Já li duas versões sobre o fato: uma diz que o rádio estava no volume mínimo (quem o teria diminuído?). A outra, que ele estava sendo operado em freqüências erradas (mais uma vez, quem?).
De qualquer maneira, querem nos fazer crer (e nossa bela mídia faz um grande esforço para que eles o consigam) que o problema aconteceu por causa dos nossos controladores, que não são nenhuma Brastemp, e por culpa de nosso sistema de controle aéreo (nós um país de botocudos e tupiniquins). Dão a entender que é um problema nosso, que se fosse nos Estados Unidos o acidente não aconteceria.
No entanto (e sobre isso a nossa grande mídia não dá uma palavra), nem um mês após o acidente aqui no Brasil, um aviãozinho deu um passeio por Nova Iorque e resolveu “estacionar” no meio de um prédio. Os controladores e o controle de vôo da maior potência do mundo (ainda por cima vivendo a paranóia do 11 de setembro) bateram cabeça, como mostra a reportagem da CNN acima.
Portanto, não me venham com essa. Tirem a mão do meu bolso, porque o que eles querem é que a culpa recaia sobre nosso controle do vôo, para que todos nós, brasileiros, tenhamos que pagar agora com dinheiro (das indenizações) o que antes já pagamos com as 154 vidas de brasileiros, que morreram simplesmente porque os americanos não leram o aviso no painel que afirmava que o transponder estava em standby.