domingo, 19 de março de 2006

Repórter dirigiu o motorista

volanteNo Blog do Josias ( e cito o blog, porque a Folha só é acessível a assinantes) há uma postagem deste sábado, 18 de março, sob título: "Não contei, só vi os pacotes".
É um trecho da entrevista que o motorista Francisco Chagas da Costa deu ao repórter da Folha Leonardo Souza. É um primor de antijornalismo, o repórter por todo o tempo induzindo o motorista a responder, quando a resposta já estava na pergunta.
Exemplo (os grifos são meus):

Folha - O sr. entregou dinheiro para alguém a pedido do Poleto?
Francisco - Isso aí é uma coisa que eu não tinha relatado, mas eu me lembro. Nós fomos ao Ministério [da Fazenda] e tinha um envelope, acho que possivelmente seria dinheiro, que eu levei com o [caseiro] Nildo. Nildo levou, segurando, eu dirigindo, e levamos ao ministério. Chegando lá, eu liguei para doutor Ademirson, ele desceu e nós passamos para ele.
Folha - Havia bastante dinheiro no envelope?
Francisco - É, bastante.
Folha - Era só dinheiro?
Francisco - Só dinheiro.

Para responder se havia entregue dinheiro, o motorista foi pra lá de reticente: começou com um "acho" e prosseguiu com um "possivelmente" e um "seria". Mas o repórter sabia onde queria chegar, esqueceu o "acho", pulou o "possivelmente", ignorou o "seria", acabou com qualquer dúvida do motorista e foi direto ao ponto: "Havia bastante dinheiro no envelope?"
De um envelope, onde possivelmente haveria dinheiro, passamos para a certeza de que sim, era dinheiro, e bastante dinheiro, só dinheiro, e mais nada.
Pois eu "acho" que "possivelmente" o repórter dirigiu o motorista. E vocês?

4 comentários:

  1. Anônimo19.3.06

    Eu já tenho certeza que Palocci emntiu várias vezes na CPI. Quanto ao repórter, não vejo nada que tenha alterado o fato de que Palocci mentiu na CPI e que participava do tráfico de influência no governo. Você ainda tem alguma, Mello?

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  2. Anônimo19.3.06

    Mello, você simplesmente sacaneou o "jornalista" motorista da Folha. Depois dessa "barbeiragem", urge perguntar (como faria o Hélio Fernandes da Tribuna da Imprensa) inocentemente, ingenuamente, puerilmente, despretensiosamente, será que ele tem carteira?

    Ao anônimo aí de cima, eu responde que só tenho uma certeza: há muitas dúvidas no ar. Eu continuo preservando o estado de inocência do Palocci.

    Parabéns, Mello, você é o terror dos pelegos da mídia.

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  3. Anônimo19.3.06

    O repórter dirigiu o motorista e derrapou na informação.
    Mas eu acho que o ministro tem culpa no cartório.

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  4. Anônimo20.3.06

    Cara-de-pau.

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