Repórter dirigiu o motorista

volanteNo Blog do Josias ( e cito o blog, porque a Folha só é acessível a assinantes) há uma postagem deste sábado, 18 de março, sob título: "Não contei, só vi os pacotes".
É um trecho da entrevista que o motorista Francisco Chagas da Costa deu ao repórter da Folha Leonardo Souza. É um primor de antijornalismo, o repórter por todo o tempo induzindo o motorista a responder, quando a resposta já estava na pergunta.
Exemplo (os grifos são meus):

Folha - O sr. entregou dinheiro para alguém a pedido do Poleto?
Francisco - Isso aí é uma coisa que eu não tinha relatado, mas eu me lembro. Nós fomos ao Ministério [da Fazenda] e tinha um envelope, acho que possivelmente seria dinheiro, que eu levei com o [caseiro] Nildo. Nildo levou, segurando, eu dirigindo, e levamos ao ministério. Chegando lá, eu liguei para doutor Ademirson, ele desceu e nós passamos para ele.
Folha - Havia bastante dinheiro no envelope?
Francisco - É, bastante.
Folha - Era só dinheiro?
Francisco - Só dinheiro.

Para responder se havia entregue dinheiro, o motorista foi pra lá de reticente: começou com um "acho" e prosseguiu com um "possivelmente" e um "seria". Mas o repórter sabia onde queria chegar, esqueceu o "acho", pulou o "possivelmente", ignorou o "seria", acabou com qualquer dúvida do motorista e foi direto ao ponto: "Havia bastante dinheiro no envelope?"
De um envelope, onde possivelmente haveria dinheiro, passamos para a certeza de que sim, era dinheiro, e bastante dinheiro, só dinheiro, e mais nada.
Pois eu "acho" que "possivelmente" o repórter dirigiu o motorista. E vocês?