
A mídia noticiou o fato, na grande maioria das vezes, em pequenas notícias perdidas nas páginas de menor visibilidade. Não se leu um editorial reclamando que a Constituição estava sendo violentada, não se viu um editorial defendendo a necessidade de o Exército restabelecer a ordem. Os políticos que se pronunciaram através da imprensa criticavam não os ruralistas, mas a “insensibilidade do governo para o grave problema no campo”.
Como resultado, o governo liberou bilhões para os ruralistas, em créditos a perder de vista e novos financiamentos de dívidas, que vêm sendo roladas ano após ano, governo após governo.
Agora, com a invasão da Câmara por membros do MLST, tudo muda. Invoca-se a Constituição, clama-se por uma ação do Exército, exige-se repressão violenta e cadeia “ para os baderneiros”.
E o que queriam esses “baderneiros”? Resumidamente, duas coisas: pressa na reforma agrária, penalização para os que exploram o trabalho escravo. Sobre este tema, existe um projeto a ser votado que pune com desapropriação o proprietário que for flagrado beneficiando-se de trabalho escravo. A bancada ruralista sabota a votação, e o projeto está parado.
Os membros do MLST foram à Câmara e queriam ser recebidos ontem mesmo porque buscavam ser ouvidos, queriam que os deputados votassem esses projetos. A urgência explica-se: amanhã começa a Copa do Mundo. Após, começa a campanha eleitoral, e o Congresso simplesmente não vai votar mais nada nesta Legislatura – embora vá continuar a receber normalmente.
A mídia e boa parte da opinião pública criticam aquilo que foi visto nas imagens reproduzidas na TV e nos depoimentos de seguranças da Câmara, que afirmam que o MLST já chegou quebrando tudo. Os membros do MLST dizem que desceram dos ônibus e pretendiam apenas entrar para falar com os deputados e que isso lhes foi proibido pela segurança. ( Na verdade, vídeo recolhido pela polícia mostra que eles pretendiam fazer uma manifestação no interior da Câmara – mais especificamente no Salão Verde – para divulgar suas pretensões. Mas, alegam, foram impedidos de entrar.)
Artigo do jornalista Fernando Rodrigues, na Folha de hoje, afirma que "Basta vestir terno e gravata, olhar para cima e qualquer um entra ali [na Câmara]". Será que se, em vez do MLST, quem quisesse entrar na Câmara fossem 500 membros da poderosa Fiesp, todos devidamente de terno, eles seriam barrados pela segurança?
É verdade que não se justificam o vandalismo e o quebra-quebra que aconteceram, mas enxergar no episódio de ontem apenas esta parte visível e encobrir o grave problema da falta de reforma agrária e do trabalho escravo no Brasil é querer tapar o sol com a peneira.
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Não somos um país sério.
ResponderExcluirO MSLT é liderado por um engenheiro frustrado filho de usineiro.
Uma das "vândalas" mais ensandecidas usava tatuagem. Apesar do meu preconceito, acho difícil negar que é no mínimo inusitado.
Bom, nada haver o preconceito dito aí, então todo mundo que usa tatuagem é baderneiro!?
ResponderExcluir-==-
É íncrivel que praticamente nenhum meio da mídia tenha colocado esse posicionamento do seu post. Aliás, nem é íncrivel, estamos no Brasil e isso é rotina, passa despercebido pela cabeça do povo, ninquém enxerga como muita gente tenta ludibriar os fatos reais.
Praticamente nenhum jornal também explicou que o fato ali, ocorreu de um grupo DISSIDENTE do MST, e não o próprio, simplesmente os chamavam de "sem terra". Cabia no mínimo, explicar direito quem eram eles, mas nem isso fizeram, se preocuparam em relacionar diretamente o PT ao "quebra-quebra" e esqueceram que o ataque foi apenas uma reação a uma ação que ocorre todos os dias na vida dessas várias pessoas.
Como já foi dito, nada justifica o ato dessas pessoas(porque quem paga aquilo que foi quebrado, é o próprio povo)mas esquecer e não noticiar corretamente o porque do ataque, é um erro fatal.
Quanta besteira...
ResponderExcluirSim, se vc se lembra a paralisação das estradas apareceu até no Jornal Nacional, com um pedido de ação da Polícvia, pois os caminhoneiros estavam perdendo suas cargas;
É o mesmo tratamento de quando trabalhadores da Volks paralizam a Anchieta - ninguém pede cacetetes, e sim desobstrução;
O caso da Câmara é mais grave pela violência, daí o pedido de cadeia e punição;
Lembrando : "Engravatados" prefeitos em moviemnto, também foram impedidos de entrar e bangunçar a Câmara....lembra?
Você está sendo partidário, com meias verdades e falacioso...
Quanta besteira...
ResponderExcluirSim, se vc se lembra a paralisação das estradas apareceu até no Jornal Nacional, com um pedido de ação da Polícvia, pois os caminhoneiros estavam perdendo suas cargas;
É o mesmo tratamento de quando trabalhadores da Volks paralizam a Anchieta - ninguém pede cacetetes, e sim desobstrução;
O caso da Câmara é mais grave pela violência, daí o pedido de cadeia e punição;
Lembrando : "Engravatados" prefeitos em moviemnto, também foram impedidos de entrar e bangunçar a Câmara....lembra?
Você está sendo partidário, com meias verdades e falacioso...
Mello o Jornalista do PT.
ResponderExcluirSe estes pobres coitados nao entram nem em shopping center...
ResponderExcluirAcho que a maneira de se analisar o fato utilizada pelo Mello é perfeita. Os atos injustificáveis de violencia que vimos pela TV tem origem em um problema antigo e gravíssimo que temos no Brasil: a falta de uma Reforma Agrária real e definitiva, que resulta em violencias muito maiores do que as mostradas pela midia, que ocorrem todos os dias atraves de trabalho escravo, grilagem de terra, etc.
ResponderExcluirE qual seria essa reforma agrária? Nos moldes propostos pelo MST usando pequenas propriedades no estilo dos anos 50/60?!?!?!?! Fazendo isso quanto tempo levaria até a produção agrícola ser insuficiente para sustentar o país?
ResponderExcluirApesar do pessoal de esquerna não perceber o mundo mudou, e muito! Agricultura agora, assim como muitas outras coisas, é produção em massa! Propriedades gigantescas e altamente mecanizadas com foco na produção. Existem muitas bocas p'ra alimentar, esse sistema de "agricultura familiar" não produz em quantidade suficiente.
Laércio disse.......
ResponderExcluirMello,
Tem todo o meu apoio, parabéns pela análise lúcida e perspectiva histórica sobre as questões tratadas em seu blog. Os jornalões, emissoras de tv e outros blogões deste Brasil, tem memória seletiva, agem partidariamente, além de desinformar, estimulam luta fratricida, como se vê nos comentários destes blogões .
São os que denomino de "cavaleiros do apocalipse". Mello neles.