'A ética da hipocrisia'

Em artigo publicado hoje na Folha de São Paulo (aqui, para assinantes) o ator Paulo Betti critica a "corrente de intolerância e de farisaísmo político" que o vem perseguindo e ao maestro e compositor Vagner Tiso (mais recentemente até a Chico Buarque...) por declarações prestadas pelos dois primeiros à saída de um encontro com Lula no Rio de Janeiro.
"(...)...Os jornais e os jornalistas, os artistas, os intelectuais e os políticos que protagonizam esses ataques sabem de quem estão falando. Conhecem nossas trajetórias. Lembram-se de mim associado à trajetória do PT, mas também à memorável batalha de Betinho 'Pela Ética na Política'. Sabem que constatar as transgressões como inevitáveis não é o mesmo que defendê-las. É lamentável que o sistema político exija um pragmatismo que suja as mãos, mas é só pelo reconhecimento da existência dessas mazelas que poderemos superá-las.
Todos sabem que falei coisas óbvias, que dispensariam explicações em outro contexto e momento. Temos um sistema de financiamento privado de campanhas que a todos contamina. Com esse sistema, acaba a fronteira entre o público e o privado. Quem tiver mais acesso aos endinheirados arrecada mais, obrigando-se, nos cargos públicos, a responder com reciprocidade.
Enquanto fez campanhas vendendo bonés e estrelinhas, o PT não teve chances de chegar ao poder. Em 2002, diante do favoritismo de Lula, os cofres se abriram. E o partido se envolveu com forças das quais deveria ter guardado distância. Errou por fazer o que todos sempre fizeram.
Nem por isso devem ser linchados os que, mesmo condenando esse erro, defendem a reeleição de Lula pela qualidade do governo que vem fazendo, voltado para os mais pobres, dando-lhes mais poder de compra e alguma chance de ascensão social. Por estar vivenciando a melhora de suas vidas, e não por amoralismo, é que a maioria dos eleitores o apóiam, segundo as pesquisas. Nosso sistema político permite a eleição direta do presidente da República, mas não lhe garante a governabilidade. A profusão de partidos dispersa o voto para a Câmara. Lula teve 52% dos votos em 2002, mas o PT ficou com 17% das cadeiras.
Em busca da maioria, todos os presidentes têm sido obrigados a buscar acordos e alianças. Acabam dependendo do apoio das forças do atraso político, que, em troca, pedem cargos, verbas e mesmo recursos financeiros com a desculpa de que têm dívidas de campanha.(...)"

(Atenção: se você não quer eleger um parlamentar corrupto, clique aqui, e não deixe de ler esta postagem.)

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3 comentários:

  1. Anônimo5.9.06

    Engracado que o PT nunca disse que as transgressoes eram inevitaveis... sempre disse que faltava etica na politica ou que faltava vontade politica ou que estavam no poder eram um bando de corruptos....


    A proposito, Paulo Betti soh esqueceu de mencionar qual o programa do governo Lula ele defendia ao dizer que era preciso "botar a mao na merda". Estaria ele se referindo ao Prouni? Ao Bolsa-familia??

    E ainda tenta reescreer a historia dizendo que o crime do PT foi "apenas" caixa-dois .. .esquece-se e mencionar a COMPRA DE DEPUTADOS para que votassem com o governo, para que mudassem de partido... ou serah que isso jah nao eh mais crime??

    Os pensadores(??!!) petistas sao geniais... he he he

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  2. Pena que o próprio Paulo Nogueira Batista, ele mesmo um ex(?)-petista, comentou que se tratou sim de um convescote de amizade e apoio ao estilo Lula de governo: qualquer meio justifica os fins.
    Paulo Betti tenta livrar a cara do que disse, mas perceba que ele não nega tê-lo dito. Isso já explica tudo - inclusive a piada da tal hipocrisia, que nada mais é a tática de jogar no outro a merda (usando a linguagem lulística) que você próprio produz.

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  3. Ricardo,
    você está confundindo as coisas. O Paulo Nogueira não tem nada a ver com o encontro do Rio, mas com outro, em SP.
    O Paulo Betti em nenhum momento afirma que não houve, da parte dele, apoio a Lula. Mas também não afirmou, em momento algum, que qualquer meio justifica os fins.
    Meias verdades não formam uma verdade inteira, mas, geralmente, são utilizadas para produzir uma mentira - como é o caso.
    Tampouco, ele tentou livrar a cara. Reafirmou o que disse, tentou apenas contextualizar. Pelo visto, sem sucesso - ao menos com você.
    Publiquei parte do artigo dele, especialmente por causa disso, que acho pertinente:
    "Nosso sistema político permite a eleição direta do presidente da República, mas não lhe garante a governabilidade. A profusão de partidos dispersa o voto para a Câmara. Lula teve 52% dos votos em 2002, mas o PT ficou com 17% das cadeiras.
    Em busca da maioria, todos os presidentes têm sido obrigados a buscar acordos e alianças. Acabam dependendo do apoio das forças do atraso político, que, em troca, pedem cargos, verbas e mesmo recursos financeiros com a desculpa de que têm dívidas de campanha."

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