Cabral e o jogo do bicho

O governador Sérgio Cabral, que tem tido a coragem de levantar temas polêmicos como a legalização do aborto e a descriminalização das drogas, chutou uma bola fora quando defendeu a legalização do jogo do bicho, a pretexto de liberar os policiais para ações mais importantes.

Nada contra a legalização do jogo do bicho, mas o motivo alegado tem que ser outro. O bicho não é reprimido em lugar algum do Rio, onde é possível fazer sua fezinha praticamente em qualquer esquina. Portanto, os policiais já estão liberados há muito tempo. Se não cuidam de outras coisas mais importantes o motivo não é este.

E a legalização do jogo vai trazer alguns problemas. Em primeiro lugar, vai tornar possível a lavagem de dinheiro – que é a principal razão da existência da jogatina legalizada, para todos os que conseguem dinheiro ilicitamente. Em segundo lugar, vai jogar no desemprego os apontadores, que serão trocados por jovens de boa aparência, que correrão atrás da carteira assinada. Os apontadores atuais, muitos deles idosos, com passagens pela polícia (efeito colateral da profissão), são geralmente pessoas que não conseguem emprego formal. E, por último, legalizado, tendo que pagar impostos, assinar carteira, o diabo, o jogo do bicho sobrevive?