terça-feira, 27 de março de 2007

TV Globo, Folha e a violência

Ontem, em artigo publicado na Folha, Fernando de Barros e Silva apontou as edições do Jornal Nacional como uma das causas do aumento da sensação de insegurança na população, revelado em pesquisa do Datafolha.

Parece claro, para dar logo nome aos bois, que a Rede Globo capitaneia, pelo menos desde a morte de João Hélio, uma campanha por "justiça já" que só tende a reforçar, ainda que involuntariamente, o caldo de cultura a favor do aprofundamento das injustiças do país.
Há no ar (e na TV) um clima de "justiça justiceira", uma mistura de clamor punitivo com alarmismo social cultivado pela mídia. Serve como exemplo o reality show macabro protagonizado diariamente em horário nobre pelos pais do menino brutalmente assassinado. O "JN" os transformou em celebridades.

Em carta à Folha, publicada hoje, o diretor-executivo de jornalismo da Globo, Ali Kamel, rebate as críticas, afirma que Fernando foi grosseiro ao chamar os pais do menino João Hélio de “celebridades”. Afirma que a Folha também dá cobertura ao tema violência, e termina:

O leitor da Folha que assiste ao "Jornal Nacional" é testemunha de que a ênfase dos dois veículos, quando o assunto é violência, é bem parecida: ambos cumprem com sua obrigação de informar.

Mas, Kamel, nunca li uma reportagem da Folha sobre o caso do menino assassinado, em que um repórter perguntasse a outro como ele se sentiu ao entrevistar os pais do menino, como William Bonner fez com a esposa Fátima Bernardes no Jornal Nacional.

Informar sobre a violência é uma coisa, espetacularizá-la, é outra, e bem diferente.

3 comentários:

  1. Anônimo27.3.07

    Sangue e Sexo vendem bem ...

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  2. Ah Mello, finalmente! Estava comentando com um amigo exatamente isso. Ele me chamou de louco, mas acho que a Globo está fazendo muito show em cima do tema.

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  3. Anônimo29.3.07

    Especialista em ver sempre o lado ruim de qualquer coisa ligada ao Governo Lula, a Folha se superou nessa manchete, na qual distorce e falseia até mesmo suas próprias pesquisas do "seu instituto", o Data Folha.

    Veja só : a pesquisa do Data Folha de 2004 dizia que para 49% dos entrevistados, o desemprego era o pior item de desempenho do Governo Lula.
    Agora, só 22% acham isso.

    Ou seja, a percepção do desemprego CAIU PELA METADE.

    Em vez de ressaltar essa mudança, que reflete objetiva melhoria de vida de milhões de familias brasileiras, principalmente as de menor poder aquisitivo, dos estratos sociais e raciais que sempre foram excluídos, a FOLHA mostra novamente sua cara de desdem e preconceito contra os mais pobres, com quem aliás, a mídia"nunca esteve nem aí mesmo".

    Não.

    Apesar de certamente a queda da preocupaçào com o desmprego ser um fato jornalistico, preferiu não comentar nem ver nada.Nem mesmo pensando nas demais repercussões que tem , para o próprio mercado, essa menor percepção do desemprego. Afinal, esse dado é um excelente termometro da disposição para o consumo e a confiança na economia, indicadores que interessam muito a industria e o comercio, que podem assim planejar melhor suas atividades.

    Não.

    A FOLHA não quer ver nem falar sobre isso.

    Seguindo os manuais de jornalismo da CIA para desestabilizar governos não alinhados com o "império", a FOLHA e seu "instituto de pesquisas" prefere ver a parte vazia do copo.

    Acontece que, num ranking qualquer, quando algo desce, outra coisa passa à frente, recebendo "votos" do item que deixou de preocupar...

    Assim, o ítem violência passou de 16% EM DEZEMBRO DE 2006 PARA 31% EM MARÇO DE 2007, como "principal problema não resolvido pelo Governo Lula" para 31% dos brasileiros.

    Como se as policias militares e as polícias civis, encarregadas da segurança pública pela Constituiçào Federal, FOSSEM SUBORDINADAS AO PRESIDENTE DA REPUBLICA E NÃO AOS GOVERNADORES DOS ESTADOS !

    Ou seja, a própria pergunta da pesquisa já foi feita errada, buscando confundir o respondente incauto, desinformado sobre as atribuiçõs dos governadores e do presidente.

    Além disso, percebe-se que essa pesquisa foi realizada quase "de encomenda", logo depois de um caso como esse de arrastarem o menino no Rio, para capturar o efeito da comoção causada não só pela crueldade dos bandidos como pela repetitiva e batida cobertura que a midia deu ao caso.

    Prova disso é que esse "primeiro lugar do ítem violencia" é coisa de dezembro para março, pois em menos de 3 meses atrás eram só 16% e agora são 31% os que apontam-no como "principal problema do governo Lula".Já a comparação da queda do desemprego foi feita entre 2004 e 2007!

    Ou seja: muito provavelmente, essa "meteórica" subida do item violencia foi fruto da campanha massiva de "anti-marketing", que em apenas tres meses, com uma pergunta capciosa, o "instituto" ( ou será "prostituto"?) Datafolha conseguiu "capturar".

    E capturou o que queria capturar: algo que a própria midia regou e regou, como se os bandidos que arrastaram o menino fossem autorizados pelo Lula a fazer o que fizeram.

    Manipulações assim tão escrachadas permitem até aos mais desconfiados, pensar algo terrível sobre essas "pesquisas de encomenda".

    E que é : quanto será que alguém muito forte e poderoso como um grande órgão de midia, precisaria pagar, através de dois ou tres "laranjas", para que bandos de assassinos drogados colocassem fogo num ônibus a cada seis meses ? Ou para torturar, matar e queimar um reporter que houvesse sido mandado filmar traficantes vendendo drogas na feira do tráfico?

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