Não adianta o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso achar que um rato é um gato apenas porque ele o chama assim. Um rato é um rato. E o que houve em 1998 em Minas, não foi apenas caixa dois para a campanha tucana, como declarou o ex-presidente. Foi – e é esse o eixo central da denúncia do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza – desvio de dinheiro público para a campanha dos tucanos, especialmente do então candidato à reeleição Eduardo Azeredo, mas também para a campanha à reeleição do próprio FHC. E não sou eu quem diz isso, mas o próprio Azeredo, conforme já publiquei aqui anteriormente:
FOLHA - A Polícia Federal diz que houve caixa dois na sua campanha...
EDUARDO AZEREDO - Tivemos problemas na prestação de contas da campanha, que não era minha só, mas de partidos coligados, que envolvia outros cargos, até mesmo de presidente da República.FOLHA - O dinheiro da sua campanha financiou a de FHC em Minas?
AZEREDO - Sim, parte dos custos foram bancados (sic) pela minha campanha. Fernando Henrique não foi a Minas na campanha por causa do Itamar Franco, que era meu adversário, mas tinha comitês bancados pela minha campanha.
A denúncia do procurador-geral não deixa margem a dúvidas. Azeredo não só recebeu dinheiro, como passou recibo. Veja:

A Lista do Mourão e a Lista de Furnas
A denúncia do procurador também confirma a veracidade da lista do Mourão, por muitos confundida com outra, posterior, e também muito famosa e bem mais explosiva - a lista do Dimas, mais conhecida como a lista de Furnas.Existem muitas semelhanças entre as listas, daí provavelmente a confusão entre elas. A mais notável é a presença de grandes nomes no PSDB como principais beneficiados. A outra grande semelhança é que ambas as listas falam de desvios de verbas que teriam ocorrido no governo de Fernando Henrique Cardoso. A de Mourão, em 1998, a de Furnas, em 2002.
Mas quatro anos as separam. E muitos milhões a mais. Se na lista de Mourão, o atual governador de Minas, Aécio Neves, aparece como tendo recebido R$ 110 mil, na lista de Furnas o valor salta para R$ 5,5 milhões. José Serra, que não estava na primeira, aparece na de lista de Furnas com se beneficiado com o recebimento de R$ 7 milhões na campanha de 2002.
Quando surgiu a lista do Mourão, muitos contestaram sua veracidade. Agora, esta foi atestada pela PF. O documento é verdadeiro, embora possa ser mentiroso seu conteúdo – é o que diz o relatório da PF.
A lista de Furnas vai pelo mesmo caminho. Pelo menos um dos citados, o ex-deputado Roberto Jefferson, confirmou que recebeu o valor anotado na lista. As primeiras investigações da PF concluíram pela veracidade do documento. Vamos ver se isso será comprovado no relatório final.
As semelhanças e diferenças entre as duas listas você poderá constatar clicando nas imagens abaixo para ampliá-las. As duas primeiras formam a lista do Mourão, página 1 e página 2, respectivamente. As demais são as cinco páginas da lista de Furnas, apresentadas em ordem crescente.
Lista do Mourão


Lista de Furnas





Se quiser ler a íntegra da denúncia do procurador-geral contra os tucanos, clique aqui.
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Melo,
ResponderExcluirAs duas listas têm uma origem comum - Nilton Monteiro.
Segundo ele afirma, em depoimentos à Polícia Federal, recebeu a Lista de Furnas das mãos de Dimas Toledo. Seria um instrumento de lobby para a permanência de Dimas no cargo de diretor da empresa, após a eleição de Lula, no que logrou êxito parcial. Somente após as denúncias de Roberto Jefferson é que ele foi demitido. Posteriormente, Nilton foi procurado por Cláudio Mourão para ajuda-lo a cobrar uma dívida de campanha deixada em seu colo por Eduardo Azeredo. Então, Nilton exibiu a Cláudio o seu troféu - O relatório de Furnas. Cláudio gostou da idéia e produziu o seu relatório. Assim, a dívida foi recebida em acordo judicial firmado entre Cláudio e Azeredo, graças a intervenção de Nilton Monteiro. Entretanto, Cláudio Mourão não cumpriu o trato pelos serviços de Nilton, deixando de pagar a Nilton a quantia combinada pelo sucesso da empreitada. Por isto a maionese desandou. Nilton entregou à PF o relatório de Cláudio Mourão e várias provas da sua veracidade, como o recibo do Azeredo que você exibe no Blog.
No caso de Furnas há um novo desdobramento. Apesar de Dimas Toledo ter negado conhecer Nilton Monteiro na PF e na CPMI dos correios, surge agora um fato revelador: Nilton Monteiro está "executando uma promissória" emitida por Dimas, a seu favor, no forum de Belo Horizonte, pelos serviços prestados à época. Uma simples consulta no site do TJMG mostrará a existência do processo.