Com o movimento que defende o boicote ao pagamento do IPTU, parece que finalmente o Rio acordou e resolveu fazer justiça ao ex-prefeito do Rio, ainda no exercício do cargo, César Maia, o Vaia.
Em ano eleitoral, é sempre bom prestar atenção no que (ou quem) está por trás de alguns movimentos espontâneos como este. Mas o que quero destacar é a importância da reação – especialmente na zona sul, considerado curral de CM – da população aos desmandos do prefeito.
Em dezembro de 2006 eu já postava aqui meu comentário sobre CM, numa postagem em que o comparava a seu rival à época e atual aliado, o ex-governador Garotinho. Repito o trecho sobre o ex-prefeito, ainda no exercício do cargo:
César Maia vem tentando destruir o Rio, desde o primeiro dia de suas múltiplas administrações. Disfarçado de administrador competente, ele se esmera em destruir os valores e as belezas da cidade, com a tranqüilidade arrogante dos tecno-burocratas. Criou uma guarda municipal que não serve para absolutamente nada, a não ser caçar esporadicamente camelôs ou multar carros. Um grupo incapaz de auxiliar uma velhinha a atravessar a rua, e que a tudo responde com um "não é nossa responsabilidade".
César Maia destruiu as históricas calçadas de Copacabana. Arrasou as de Ipanema, onde ainda permitiu um obelisco infame e inútil, em frente a uma passarela que liga nada a lugar algum, que podem ser considerados símbolos de todas as administrações do alcaide. Fez o mesmo com o Leblon. Tudo isso numa penada só, sob acusação - nunca devidamente explicada - de que só teria autorizado as obras para permitir o cabeamento do filé mignon da cidade pela NET, das Organizações Globo.
Tentou acabar com o carnaval de rua, o que só não conseguiu porque os blocos de bairros se unem e correm atrás de patrocínios. Pôs fim à tradicional decoração do centro da cidade, especialmente na Avenida Rio Branco - coração do carnaval de rua da cidade -, desde que teve proibido o patrocínio ilegal de uma operadora de telefonia, que produziu um dos maiores monstrengos visuais de que se tem notícia. Não satisfeito, entregou aos bicheiros a administração dos desfiles das escolas de samba.
Tentou nos enfiar goela abaixo o projeto do museu Guggenheim. Agora, faz o mesmo com a marina da Glória. Loteou a areia das praias. Autoriza propaganda na orla - o que é proibido. Graças a ele, tivemos a garrafa monstro da Coca-Cola na enseada de Botafogo. Agora, temos a árvore de Natal da Lagoa anunciando ilegalmente o banco que a patrocina (em boa parte com recursos públicos). Tudo isso, com apoio explícito de César.
Saúde, sinalização das ruas, asfaltamento - tudo caindo aos pedaços, enquanto o ex-prefeito dedica-se a palpitar sobre marketing político e a produzir zumbis, que apóia de dois em dois anos em eleições majoritárias.
César não gosta do Rio. Tanto que geralmente passa o carnaval fora da cidade. Aliás, não existe ninguém menos carioca que o encasacado e burocrático prefeito. Agora mesmo passaria o reveillon na Disney (é mole?!). Só mudou de idéia e resolveu ficar na cidade para faturar politicamente a desgraça dos outros - a nossa desgraça. [Na época ocorriam as queimas de ônibus na cidade].
Finalmente, parece que a cidade acordou, neste que é o último ano de César à frente da Prefeitura do Rio.
Que ele encontre sua não-praia e divirta-se entre os demos - são os votos deste Blog.
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Como paulista, lamento pelo Rio. Aqui tivemos nossos Césares, Maluf, Pitta, Jânio, até a Marta fez muita besteira... Qual será a explicação para tais tragédias nas duas metrópoles? Não temos consciência política, trabalhamos demais pra pensar em voto ou são os perfis das cidades q atraem tais parasitas marketeiros?
ResponderExcluirO problema é que o JB e o Globo estão dando força ao boicote ao IPTU. E eu estou sempre do lado OPOSTO ao desses dois integrantes do PIG. Então só vou decidir se pago ou não quando souber o que está por trás dessa coisa de classe média, por mais eficaz que possa ser de uma perspectiva simbólica. Me parece que ambos jornais estão é testando a capacidade que teriam de insuflar no público uma rebeldia política, ou uma espécie de desobediência civil ao governo, como fazem com a histeria da febre amarela, e isso poderá ser usado contra o governo Lula. Não compro esse teste, tô fora, me recuso a funcionar como carneirinha.
ResponderExcluirAnônimo (ou Anônima, já que você ao final diz que se recusa a funcionar como carneirinha),
ResponderExcluircomo eu disse na postagem, também tenho o pé atrás com esse movimento e todo o apoio que as Organizações Globo estão dando a ele.
O que eu destaco é que os cariocas finalmente parecem estar acordando para o embuste que é César Maia.
Ou melhor, César Maia, seu grupo e os demos.
Quanto a tentarem fazer o mesmo com Lula - bem, é o que vêm fazendo há bastante tempo...
Pelo que ouço e vejo nos lugares onde ando no Rio, e ando muito, o César Maia só conseguia votos na classe média histérica, embora ele tenha tentado se infiltrar na Zona Oeste. Mas uma parte da classe média histérica, agora está irada é com o prefeito, e a Zona Oeste me parece mais chegada ao Crivella ou mesmo ao Cabral. Quero saber é quem o PIG vai apoiar aqui no Rio; o PSDB é zero, e o DEM é o CM. Então não sei. Bom, o PIG já faz, é claro, campanha contra o Lula, mas acho que estão testando a capacidade de instigar a fúria do "povo" (leia-se a classe média leitora do Globo e os gatos pingados do JB) contra qualquer coisa que eles resolvam inventar. O aparente sucesso do terrorismo contra a "epidemia" da febre amarela pode indicar uma forma de instigar a população contra qualquer outra coisa, não lhe parece? Pelo menos, enquanto as pessoas não se derem conta de que não há epidemia nenhuma de febre amarela. Só assinei como anônima porque não sei como assinar com meu nome. Vera Borda
ResponderExcluirFaltou comentar que o transporte público do Rio é a maior zona que existe, especialmente o de responsabilidade municipal, que são os modais rodoviários (ônibus urbanos (com e sem ar), kombis, vans, táxis).
ResponderExcluirEm proporção ao tamanho da cidade, é a mais mal planejada do mundo, sem dúvida. Não há nenhuma espécie de integração (a não ser tímidas ligações com os trens e o metrô, que são usadas por poucas pessoas).
A tarifa explodiu desde o início do Plano Real de 30 centavos para 2,10, o maior aumento que há registro para qualquer item no Brasil. E o serviço apenas piorou, não existem corredores exclusivos, há excesso de oferta em certos lugares e completa ausência de transporte em outros, aonde as pessoas precisam ou depender de carro, ou andar quilômetros a pé até um ponto de transporte público.
Um verdadeiro caos, talvez o maior problema da cidade dentre tantos outros citados.
Parabéns pelo blog e pela postagem.