Demitida pela Folha por abandono de emprego, quando jornal sabia que ela estava presa, torturada pela ‘ditabranda’

Aconteceu com a jornalista Rose Nogueira. Ela foi presa em novembro de 1969, quando ainda amamentava o filho de pouco mais de um mês de vida. Torturada, privada da companhia do filho, Rose ficou presa por nove meses.
Cheguei à história de Rose Nogueira, graças ao artigo O papel sujo da Folha de S.Paulo, escrito por Uraniano Mota. Encontrei o depoimento da jornalista no DHNet.

Vinte e sete anos depois, descubro que fui punida não apenas pela polícia toda-poderosa daqueles tempos, pela “justiça” militar que me absolveu depois de me deixar por nove meses na prisão, pela luta entre vida e antivida nesse período.
(...) Ao buscar, agora, nos arquivos da Folha de S. Paulo a minha ficha funcional, descubro que, em 9 de dezembro de 1969, quando estava presa no DEOPS, incomunicável, “abandonei” meu emprego de repórter do jornal. Escrito à mão, no alto: ABANDONO. E uma observação oficial: Dispensada de acordo com o artigo 482 – letra ‘i’ da CLT – abandono de emprego”. Por que essa data, 9 de dezembro? Ela coincide exatamente com esse período mais negro, já que eles me “esqueceram” por um mês na cela.
Como é que eu poderia abandonar o emprego, mesmo que quisesse? Todos sabiam que eu estava lá, a alguns quarteirões, no prédio vermelho da praça General Osório. Isso era e continua sendo ilegal em relação às leis trabalhistas e a qualquer outra lei, mesmo na ditadura dos decretos secretos. Além do mais, nesse período, caso estivesse trabalhando, eu estaria em licença-maternidade.
Essa é uma história da Folha e da ditadura, que a Folha quer ditabranda para se autoindultar. Por isso é importante que todos os que estejam em São Paulo no próximo sábado, dia 7, compareçam às 10h, em frente ao prédio da Folha, na rua Barão de Limeira, para protestar contra essa tentativa de fraude histórica.
Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail
imagem RSSimagem e-mail

Por que tucana Yeda Crusius não processa o Psol?

Veja as provas a que o Psol teve acesso

Embora tenha sofrido uma série de acusações da cúpula do Psol do Rio Grande do Sul na quinta-feira passada, a governadora Yeda Crusius já disse que não irá processar ninguém. O ex-secretário da Fazenda Aod Cunha, que afirmou que entraria na justiça para que eles mostrassem as provas que afirmam ter, também desistiu. Foi só da boca pra fora. Agora, ganhou uma bolsa de estudo e vai para Nova Iorque. Bye bye.

E por que pessoas acusadas de corrupção, caixa 2, de usar R$ 400 mil de um por fora para comprar sua casa (como a governadora tucana), não processam seus acusadores?

A resposta só pode ser uma: porque sabem que eles têm como provar as acusações. Numa entrevista publicada ontem no Diário de Cachoeirinha (procure a edição de 24 de fevereiro, terça), o advogado nacional do Psol e vereador de Porto Alegre, Pedro Ruas, confirma que está apenas aguardando que algum dos acusados entre com um processo contra eles para que possa pedir "exceção da verdade", o que lhe dará acesso aos autos e às provas que afirma existirem.

Ruas desceu a detalhes, dizendo o que viu, ouviu, ou não, em cada uma das acusações – o que você pode conferir na reprodução da entrevista, abaixo:

Entrevista em que Pedro Ruas afirma o que viu de provas contra governo Yeda Crusius

Numa postagem em seu blog hoje, a abelha-rainha do jornalismo gaúcho e editora-executiva do Zero Hora, Rosane Oliveira, diz que está cheia de dúvidas. E as enumera. Curiosamente, a única dúvida que não passa pela cabeça de Rosane é por qual motivo os acusados não processam os acusadores para que essas dúvidas sejam dirimidas de vez. Por que será?

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

imagem RSSimagem e-mail

Editor da Folha critica jornal:‘Ditabranda é demais’

Fernando de Barros e Silva é o nome dele, que é editor do Brasil, da Folha de S.Paulo. Em artigo publicado nesta terça de carnaval, ele é o primeiro jornalista a reagir ao sequestro da realidade que a mídia corporativa impõe ao país, na tentativa de vender uma realidade alternativa aos brasileiros. Eis a íntegra do artigo de Fernando:

Ditadura, por favor

Certamente não é a primeira vez que um colunista da casa diverge de uma posição expressa pelo jornal em editorial.
Mas é a primeira vez que este colunista se sente compelido a tornar pública sua discordância, inclusive em nome do que aprendeu durante 20 anos nesta Folha.
O mundo mudou um bocado, mas "ditabranda" é demais.
O argumento de que, comparada a outras instaladas na América Latina, a ditadura brasileira apresentou "níveis baixos de violência política e institucional" parece servir, hoje, para atenuar a percepção dos danos daquele regime de exceção, e não para compreendê-lo melhor.
O que pretende ser um avanço analítico parece, mais do que um erro, um sintoma de regressão.
Algumas matam mais, outras menos, mas toda ditadura é igualmente repugnante. Devemos agora contar cadáveres para medir níveis de afabilidade ou criar algum ranking entre regimes bárbaros?
Por essa lógica, chega-se à conclusão absurda de que o holocausto nazista não passou de um "genolight" perto do extermínio de 20 milhões promovido por Stálin.
Ora, se é verdade que o aparelho repressivo brasileiro produziu menos vítimas do que o chileno ou o argentino, isso se deu porque a esquerda armada daqui era menos organizada e foi mais facilmente dizimada, não porque nossos militares tenham sido "brandos".
Quando a tortura se transforma em política de Estado, como de fato ocorreu após o AI-5, o que se tem é a "ditadura escancarada", para falar como Elio Gaspari. Seria um equívoco de mau gosto associar qualquer tipo de "brandura" até mesmo ao que Gaspari chamou de "ditadura envergonhada", quando o regime, entre 64 e 68, ainda convivia com clarões de liberdade, circunscritos à cultura.
Brandos ou duros, o fato é que os regimes autoritários só mobilizam a indignação de grande parte da esquerda quando não vêm acompanhados da retórica igualitarista.
Muitos intelectuais se assanham agora com a tirania por etapas que Chávez vai impondo à Venezuela sob a gosma ideológica da revolução bolivariana. Isso para não lembrar o fascínio que o regime moribundo mas terrível de Fidel Castro ainda exerce sobre figurões e figurinhas da esquerda nativa.
É bem sintomático, aliás, que, ao protestar contra a "ditabranda" em carta à Folha, o professor Fábio Konder Comparato, guardião do "devido respeito à pessoa humana", tenha condenado os autores do neologismo a ficar "de joelhos em praça pública" para "pedir perdão ao povo brasileiro".
Que coisa. Era assim, obrigando suas vítimas a ajoelhar em praça pública, submetendo-as à autêntica "tortura chinesa", que a polícia política maoísta punia desvios ideológicos durante a Revolução Cultural. Quem sabe, como a "ditabranda", seja só um palpite infeliz.

Você pode até alegar que Fernando de Barros e Silva deu uma no cravo e várias na ferradura, ao atacar Chavez e Fidel, como o editorial, e ainda forçar a barra com uma interpretação literal do comentário de Comparato. Mas isso é acessório, o fundamental é que um jornalista disse Não, um jornalista ousou dar a cara a tapa e dizer que não endossa a falsificação histórica e autoindulgente que a Folha tenta impor a seus leitores.

Espero que não seja apenas o primeiro e único. Também vamos aguardar para ver o que o futuro lhe reserva, se a Folha é ditadura ou ditabranda. Na Globo, em 2006, o resultado foi a demissão do repórter Rodrigo Vianna, que criticara internamente a cobertura eleitoral imposta pelo aquário comandado por Kamel. Fernando de Barros e Silva deu um passo à frente ao expor sua discordância em público e no próprio veículo.

Que esse artigo seja o primeiro de uma série, escrito por jornalistas que não concordam com os caminhos do jornalismo impostos pela mídia corporativa - O Globo, Folha, Estadão, Rede Globo à frente.

Leia também:

» ‘Grande imprensa’ seqüestra e mata

» Demitido, repórter da TV Globo acusa emissora e Ali Kamel de manipularem cobertura política

» Reportagem de Nassif sobre a Veja e uma pergunta: - Quem será o Rodrigo Vianna de Veja?

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

imagem RSSimagem e-mail

Defesa da ditadura é tradição de pai para filho na Folha

Hoje faz uma semana que a Folha publicou um editorial em que classificou como uma ditabranda, a ditadura que censurou, prendeu, seqüestrou, torturou e assassinou inúmeros brasileiros, entre 1964 e 1985. E até agora ainda não se sabe o que o presidente eleito pela mídia corporativa, José Serra, pensa do assunto.

Para os que não se recordam, ou para os que não leram o editorial, aqui repito o trecho infame:

Mas, se as chamadas "ditabrandas" - caso do Brasil entre 1964 e 1985 - partiam de uma ruptura institucional e depois preservavam ou instituíam formas controladas de disputa política e acesso à Justiça-...

Primeiro, como bem lembrou o Idelber, não há essa categoria “ditabranda”, e o termo, quando usado, não se encaixa nas definições apresentadas pelo editorial. Depois, eu queria entender como alguém pode achar que o que ocorreu no Brasil foi uma ruptura institucional, em que a disputa política e o acesso à Justiça foram preservados, ou existiam em “formas controladas”. E o AI-5? Será que a Folha nunca ouviu falar no AI-5?

Mas essa análise da ditadura como ditabranda tem história na própria Folha, como registrei aqui. O antigo dono do jornal, Octavio Frias de Oliveira, pai do atual, escreveu e publicou o seguinte editorial, em 22 de setembro de 1971, no auge da ditadura:

Editorial: Banditismo
[Publicado em 22 de setembro de 1971]
Octavio Frias de Oliveira

A sanha assassina do terrorismo voltou-se contra nós.

Dois carros deste jornal, quando procediam ontem à rotineira entrega de nossas edições, foram assaltados, incendiados e parcialmente destruídos por um bando de criminosos, que afirmaram estar assim agindo em "represália" a noticias e comentários estampados em nossas paginas.

Que noticias e que comentários? Os relativos ao desbaratamento das organizações terroristas, e especialmente à morte recente de um de seus mais notórios cabeças, o ex-capitão Lamarca.

Nada temos a acrescentar ou a tirar ao que publicamos.

Não distinguimos o terrorismo do banditismo. Não há causa que justifique assaltos, assassínios e seqüestros, muitos deles praticados com requintes de crueldade.

Quanto aos terroristas, não podemos deixar de caracterizá-los como marginais. O pior tipo de marginais: os que se marginalizam por vontade própria. Os que procuram disfarçar sua marginalidade sob o rotulo de idealismo político. Os que não hesitaram, pelo exemplo e pelo aliciamento, em lançar na perdição muitos jovens, iludidos, estes sim, na sua ingenuidade ou no seu idealismo.

Desmoralizadas e desarticuladas, as organizações subversivas encontram-se nos estertores da agonia.

Da opinião pública, o terror só recebe repudio. É tão visceralmente contrario às nossas tradições, à nossa formação e à nossa índole, que suas ações são energicamente repelidas pelos brasileiros e por todos quantos vivem neste país.

As ameaças e os ataques do terrorismo não alterarão a nossa linha de conduta.

Como o pior cego é o que não quer ver, o pior do terrorismo é não compreender que no Brasil não há lugar para ele. Nunca houve.

E de maneira especial não há hoje, quando um governo sério, responsável, respeitável e com indiscutível apoio popular, está levando o Brasil pelos seguros caminhos do desenvolvimento com justiça social - realidade que nenhum brasileiro lúcido pode negar, e que o mundo todo reconhece e proclama.

O Brasil de nossos dias é um país que deseja e precisa permanecer em paz, para que possa continuar a progredir. Um país onde o ódio não viceja, nem há condições para que a violência crie raízes.

Um país, enfim, de onde a subversão - que se alimenta do ódio e cultiva a violência - está sendo definitivamente erradicada, com o decidido apoio do povo e da Imprensa, que reflete os sentimentos deste. Essa mesma Imprensa que os remanescentes do terror querem golpear.

Porque, na verdade, procurando atingir-nos, a subversão visa atingir não apenas este jornal, mas toda a Imprensa deste país, que a desmascara e denuncia seus crimes.

Sobre o motivo do ataque aos carros da Folha, nenhuma palavra. Mas uma declaração do jornalista Mino Carta lança luz sobre o assunto:

A Folha de S. Paulo nunca foi censurada. Até emprestou a sua C-14 [carro tipo perua, usado na distribuição do jornal] para recolher torturados ou pessoas que iriam ser torturadas na Oban [Operação Bandeirante]."

Viram só? Esse Brasil da tortura, da censura, para a Folha era o país de um governo sério, responsável, respeitável... onde o ódio não viceja, nem há condições para que a violência crie raízes.

Leia também:

» Eles dizem defender a democracia, mas adoram um golpe

» ‘Grande imprensa’ seqüestra e mata

» Folha quer ser a Veja dos jornais diários

» AI-5, 40 anos. Ouça Médici: Ele reclama que Costa e Silva era ‘tolerante demais’. Dono da Folha elogia

» AI-5, 40 anos, ouça o Passarinho: ‘Nossa ordem jurídica é ditatorial, mas às favas, senhor presidente, neste momento, todos os escrúpulos’

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

imagem RSSimagem e-mail

Stand by Me – Playing for Change. Não perca


Músicos ao redor do mundo dão sua interpretação para a canção Stand by Me (que muitos pensam ser de John Lennon, mas na realidade é de Ben E. King, Jerry Leiber and Mike Stoller). Depois, num incrível trabalho de edição (infelizmente não creditado) todos os sons se juntam. Simplesmente sensacional.

A performance é parte do projeto Playing for Change, que é um “movimento multimídia criado para inspirar, conectar e trazer paz ao mundo através da música”. Mais informações no site do programa e também na fonte do Youtube, de onde peguei este vídeo. Músicos participantes:

Roger Ridley - [2005.R.I.P] Sta Monica CAL. USA
Grandpa Elliott - New Orleans LO, USA
Washboard Chaz - New Orleans LO, USA
Clarence Bekker - Amsterdam Holanda
Twin Eagle Drum Group - Zuni, NM, USA
Dimitri Dolganow - Moscow, Russia
Cesar Pope - Rio de Janeiro Brasil
Roberto Luti - New Orleans LO, USA
Geraldo e Dionisio - Caracas, Venezuela
Junior Kissangwa Mbouta - Congo
Pokei Klaas, Guguletu, South Africa
Django Degen - Barcelona Espanha
Sinamuva - Umlazi, South Africa
Stefano Tomaselli, Pisa, Italia
Vusi Mahlasela - Mamalodi, South África

Dica do Leo Cortabitati, da Mr.Vox.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

imagem RSSimagem e-mail

Para Folha, Hitler foi um assassinobrando?

Mao Tse-tung teria sido responsável pela morte de 42 a 70 milhões de chineses. Pegando esses números e utilizando a mesma metodologia da Folha para classificar de ditabranda a ditadura brasileira, podemos concluir que Hitler, ao promover o Holocausto de “apenas” 6 milhões de judeus, foi um tiranobrando, ditadorbrando, assassinobrando, ou as trêscoisasbrandas?

E o presidente eleito pela mídia corporativa, José Serra, concorda com a Folha, a ditadura brasileira foi mesmo uma ditabranda? Ainda não sei de comentário dele sobre o assunto. Não tem um repórter para perguntar?

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

imagem RSSimagem e-mail

Serra, ditadura ou ditabranda?

No momento em que a Folha de S.Paulo tenta se autoindultar, transformando em ditabranda a ditadura que serviu, inclusive transportando presos para a tortura, é importante nosso apoio à petição Repúdio e Solidariedade, lançada neste sábado de carnaval, mas também é fundamental sabermos o que pensa dessa tentativa de fraude histórica o governador de São Paulo e candidato declarado do diário paulista – e da mídia corporativa em geral -, José Serra.

- Afinal, Serra, o que houve no Brasil foi uma ditadura que torturou, assassinou e exilou brasileiros ou apenas uma ditabranda, como quer a Folha?

Eis a íntegra de petição:

Repúdio e Solidariedade
Ante a viva lembrança da dura e permanente violência desencadeada pelo regime militar de 1964, os abaixo-assinados manifestam seu mais firme e veemente repudio a arbitraria e inverídica revisão histórica contida no editorial da Folha de S. Paulo do dia 17 de fevereiro de 2009. Ao denominar ditabranda o regime político vigente no Brasil de 1964 a 1985, a direção editorial do jornal insulta e avilta a memória dos muitos brasileiros e brasileiras que lutaram pela redemocratização do país. Perseguições, prisões iníquas, torturas, assassinatos, suicídios forjados e execuções sumárias foram crimes corriqueiramente praticados pela ditadura militar no período mais longo e sombrio da história polí­tica brasileira. O estelionato semântico manifesto pelo neologismo ditabranda e, a rigor, uma fraudulenta revisão histórica forjada por uma minoria que se beneficiou da suspensão das liberdades e direitos democráticos no pós-1964.
Repudiamos, de forma igualmente firme e contundente, a Nota de redação, publicada pelo jornal em 20 de fevereiro (p. 3) em resposta às cartas enviadas ao Painel do Leitor pelos professores Maria Victoria de Mesquita Benevides e Fabio Konder Comparato. Sem razões ou argumentos, a Folha de S. Paulo perpetrou ataques ignominiosos, arbitrários e irresponsáveis a atuação desses dois combativos acadêmicos e intelectuais brasileiros. Assim, vimos manifestar-lhes nosso irrestrito apoio e solidariedade ante as insólitas críticas pessoais e políticas contidas na infamante nota da direção editorial do jornal.
Pela luta pertinaz e consequente em defesa dos direitos humanos, Maria Victoria Benevides e Fabio Konder Comparato merecem o reconhecimento e o respeito de todo o povo brasileiro.

Antonio Candido, professor aposentado da USP
Margarida Genevois. Fundadora da Rede Brasileira de Educação em Direitos Humanos
Goffredo da Silva Telles Júnior, professor emérito da USP
Dalmo de Abreu Dallari, jurista e professor de Direito da USP,
Maria Eugênia Raposo da Silva Telles, advogada
Andréia Galvão, professora da Unifesp
Antonio Carlos Mazzeo, professor da Unesp
Augusto Buonicore, doutorando da Unicamp
Caio N. de Toledo, professor da Unicamp
Cláudio Batalha, professor da Unicamp
Eleonora Albano, professora do IEL, Unicamp
Emir Sader, professor da USP
Fernando Ponte de Souza, professor da UFSC
Heloisa Fernandes, socióloga
Ivana Jinkings, editora
Marcos Silva professor titular da USP,
Sérgio Silva, professor da Unicamp
Patricia Vieira Tropia, Universidade Federal de Uberlândia
Paulo Silveira, sociólogo

Clique aqui para ir à petição Repúdio e Solidariedade.

Só não entendi a opção de realizar a petição por um site pago, já que há como fazê-lo de graça na internet. Além do pagamento (de 2 a 100 dólares, você escolhe a “doação” - é como chamam - obrigatória...), há a burocracia etc. Isso vai fazer cair muito o número de assinantes. É coisa de quem não entende como funciona a rede - ou não se importa. Pena.

Mas, voltando ao Serra. Será que teremos um jornalista, único que seja, que se chegue ao presidente eleito pela mídia, José Serra, e pergunte a ele se concorda com a Folha que nossa ditadura foi uma ditabranda?

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

imagem RSSimagem e-mail

Fundo preto do blog dançou no carnaval

Atendendo a pedidos, tudo azul no Blog do Mello. Gostou?

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

imagem RSSimagem e-mail

Blogueiros gaúchos têm razão: RBS é a pior do Brasil

Mas a concorrência é grande. E esforçada. Repare:

Anteontem, o PSOL gaúcho convocou uma coletiva para denunciar um grande esquema de corrupção, desvio de verbas públicas, caixa 2, envolvendo membros do governo tucano, inclusive a governadora Yeda Crusius. Como a matéria foi repercutida na chamada grande imprensa, mostrei aqui ontem - Yeda Crusius: ‘Por 100 mil eu não me levanto da cadeira’.

Hoje, a farra continua. A editora-executiva do jornal Zero Hora, Rosane de Oliveira, em seu blog...(Licença para um parágrafo entre parênteses.)

(É um mimo a apresentação da Rosane – que, relembro, é editora-executiva do Zero Hora – feita por um outro jornalista da casa: "A Rosane de Oliveira é a abelha-rainha do jornalismo político. Ela passa o dia depurando sua colmeia de informações. O resultado é de um melífluo sabor para seus leitores, que confiam que tudo o que ela escreve é a síntese de todos os fatos políticos importantes.")

Voltando à abelha-rainha. Ela hoje volta ao assunto em nova postagem, Reações diferentes. E já começa chamando assim as graves acusações feitas pelo PSOL: “Embora a lama jogada no ventilador pelo PSOL...”. Não, abelha, o PSOL não jogou, ele denunciou a lama, o que é coisa bem diferente.

Por falar em diferente, o título da postagem de Rosane se refere ao comportamento distinto de dois dos personagens envolvidos nas denúncias. O ex-secretário da Fazenda Aod Cunha entrou na Justiça para exigir que o PSOL prove o que diz contra ele ou se retrate. No que faz bem. Já a governadora Yeda...

Em vez de procurar a Justiça, Yeda Crusius optou pelo embate verbal. (...) Em entrevista ao repórter Elder Ogliari, da Agência Estado, disse que a deputada Luciana Genro e o vereador Pedro Ruas não têm credibilidade e "não podem convocar a imprensa para fazer dela massa de manobra para os propósitos golpistas que sabidamente têm".

Lá pelas tantas, o repórter pergunta por que ela não exige que o PSOL apresente provas. Resposta de Yeda:

– Exigir provas? Eles devem exigir de si próprios. Minha mãe me ensinou a não responder a provocações de bêbados de porta de bar. O nível do fazer política no Rio Grande do Sul é altíssimo. Não merece esse tipo de provocação.

E o que pensa a abelha-rainha, após “passar o dia depurando sua colméia de informações”, das reações diferentes? Afinal, a governadora foi acusada de levar dinheiro por fora para comprar um apartamento e de ter recusado 100 mil por mês, porque seria pouco, o que a teria feito pronunciar a já famosa sentença: “Por 100 mil não me levanto da cadeira”. Eis o que pensa Rosane:

São duas maneiras diferentes de encarar a situação. Acostumada aos ataques da oposição, Yeda não se abalou como Aod...

Ou seja, errado é quem fica abalado e pede provas a quem o chama de corrupto, já Yeda não se abalou, porque está acostumada aos ataques da oposição... É uma mulher equilibrada, que não se abala com palavras vazias, coisa de oposicionista que não tem o que fazer.

A entrevista ao Estadão

Fui então ao Estadão ler a tal entrevista da governadora ao repórter Elder Ogliari. Foi outro choque. Repare como ele abre a entrevista [destaques meus]:

Bem no início daquele que se anuncia como o melhor ano de sua gestão, a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, está no centro de mais uma onda de denúncias políticas, feitas pelo PSOL e atribuídas a provas que estariam no processo que vai julgar os réus do desvio de R$ 40 milhões dos Detran/RS entre 2003 e 2007. Em vez de falar do equilíbrio fiscal, atingido no ano passado, e dos investimentos de R$ 2,3 bilhões que o Estado fará neste ano, com recursos próprios, a governadora foi colocada novamente na defensiva. Mesmo sem ter as provas que diz existirem à mão, o PSOL afirmou...

Parece porta-voz da governadora. Mas isso não é tudo. No segundo parágrafo, ele prossegue:

Yeda está mais tranquila porque as provas do que o PSOL diz não apareceram. Por isso, limitou-se a responder à acusação por uma nota na qual salientou que o Ministério Público Federal já desmentiu as declarações do PSOL e vem evitando o assunto, preferindo se ocupar da elaboração dos contratos de gestão que seus secretários terão de assinar a partir deste ano, se comprometendo com metas de desempenho.

E por aí vai...

Já no Rio de Janeiro, O Globo... bem, novamente O Globo não deu uma linha sequer sobre o assunto.

Por isso disse que concordo com os blogueiros gaúchos quando afirmam que a RBS é a pior do Brasil. Mas a concorrência é dura. E esforçada. Mesmo quando o esforço é não fazer nada, como O Globo com seu silêncio.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

imagem RSSimagem e-mail

Chamar o presidente Lula de bandido não é ofensivo?

Para o Estadão não. Ontem fui ao portal ler uma notícia e me deparei com os comentários reproduzidos na imagem abaixo. Um deles, em três frases, chamou o presidente de bandido duas vezes – o mesmo Lula aprovado por 84% dos brasileiros.

Mas o pior eu li depois. Nas regras do Estadão para os comentários, está escrito, entre outras restrições, que serão rejeitadas mensagens com material ofensivo (repare no grifo em laranja na imagem).

Logo, para o Estadão, chamar o presidente de bandido não é uma ofensa. Prova disso é que ainda hoje, 24 horas depois, o comentário infame não foi retirado, como você pode comprovar aqui e, se não vierem a apagar depois desta postagem, ainda deve estar no ar aqui.



Agora, por que o presidente Lula foi atacado desse jeito? Simplesmente porque o presidente ficou indignado com demissões na Embraer.

"É um absurdo que uma empresa que recebeu recursos do BNDES, ao longo dos últimos anos, ao primeiro sinal de problemas, promova este enorme corte, sem uma única conversa com ninguém do governo, sem nos procurar. Isso é um absurdo"

Agora, pergunto: quem é(são) o(s) bandido(s) nessa história?

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

imagem RSSimagem e-mail

Yeda Crusius: ‘Por 100 mil eu não me levanto da cadeira'

Numa coletiva ontem à tarde em Porto Alegre, o PSOL gaúcho fez graves acusações ao tucanato daquele estado. Caixa dois na campanha de Yeda ao governo, dinheiro que teria sido usado para complementar a compra de um apartamento pela governadora e até a existência de um mensalinho.

Segundo os psolistas eles tiveram acesso a uma vasta documentação, em áudio e vídeo, que teria sido gravada pelo empresário Lair Ferst e entregue por este ao Ministério Público, como parte de acordo de delação premiada. Ferst é um dos 33 réus na ação sobre o desvio de R$ 44 milhões do Detran no governo Yeda.

Quer saber de todas as acusações, acesse aqui o RS Urgente. São acusações gravíssimas. E quem quiser se informar sobre elas deve procurar a blogosfera gaúcha, uma das mais ativas e confiáveis do país: além do RS Urgente citado, Dialógico, Diário Gauche, Hélio Paz e mais um monte deles (os que esqueci, favor me lembrarem nos comentários, mas sem ofensa, tá?). Porque se você depender dos jornalões... Repare nos títulos das matérias deles, que parecem combinados:

  • Zero Hora: Sem provas, PSOL acusa governo Yeda
  • Folha: Sem provas, PSOL acusa Yeda de prática de caixa 2 e desvios
  • Estadão: Yeda é acusada de comprar casa com caixa 2 / PSOL faz denúncias contra governadora e ex-auxiliares, sem mostrar provas
  • O Globo: bem, o jornalão carioca simplesmente supera os demais, porque não dá uma única linha sobre o assunto.

Já a editora-executiva do jornal Zero Hora, em seu blog, fez uma postagem com o seguinte título: Mandatos em jogo. Fui ler. Será que ela acha que o mandato de Yeda está em jogo?

Pela gravidade das acusações que fizeram à governadora Yeda Crusius e a pessoas próximas a ela, o vereador Pedro Ruas e a deputada federal Luciana Genro (PSOL) empenharam seus mandatos na entrevista concedida ontem à tarde. Se conseguirem provar a existência das gravações e se o conteúdo corresponder ao que foi descrito provocarão uma hecatombe no governo. Se não conseguirem, sua credibilidade ficará irremediavelmente comprometida e passarão os próximos anos respondendo a processos na Justiça. A imunidade parlamentar não é absoluta.

Ah, os mandatos em jogo são os dos psolistas...entendi. Você entendeu?

- Mas, Mello, e cadê a frase da Yeda em destaque no título?

Está no link do RS Urgente que eu indiquei:

Lair Ferst relata conversa que seria sobre a repartição do dinheiro do Detran entre ele, Yeda, Vaz Netto e Maciel. Lair oferece 100 mil por mês para Yeda para manter o esquema e ela responde: por 100 mil eu não me levanto da cadeira.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

imagem RSSimagem e-mail

Charge no New York Post compara Obama a macaco

Charge New York Post compara Obama a macaco

Esta charge publicada no New York Post mostra que racismo continua vivo nos EUA, mesmo com a eleição e posse de Obama. Mas serviu também para mostrar que o movimento antirracismo continua forte e atuante. Manifestantes foram às ruas pregando boicote ao jornal.

A charge junta dois fatos acontecidos nesta semana: a morte a tiros de um chimpanzé que teria atacado uma mulher e o plano de Obama para enfrentar a crise. A frase afirma: “Vão ter que encontrar outra pessoa para escrever a próxima lei de incentivo”.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

imagem RSSimagem e-mail

Íntegra da nota do MP da Suíça no caso Paula Oliveira

Eis a íntegra do Comunicado de Imprensa, num português claudicante, com tradução do SwissInfo.

Comunicado de Imprensa do Ministério Público de Zurique – Sihl
19 de Fevereiro de 2009

Suposto caso na estação de trem de Stettbach: falso testemunho reconhecido

A mulher, que afirmou ter sido atacada, reconheceu frente à polícia ter dado falso testemunho. O exato desenrolar dos acontecimentos e os motivos ainda são motivo de investigação criminal. Em outro processo paralelo deverá ser esclarecido como detalhes do interrogatório policial dessa mulher foram tornados públicos.

Em ligação ao comunicado de imprensa do Ministério Público de Zurique-Sihl de 18 de fevereiro de 2009, informam aqui também o Ministério Público I do Cantão de Zurique que:

A brasileira de 26 anos e detentora da nacionalidade brasileira, que afirmou ter sido atacada em 9 de fevereiro de 2009 na estação de trem de Stettbach em Zurique, desmente suas declarações frente à polícia. Em 13 de fevereiro de 2009 ela esclareceu não ter ocorrido nenhum ataque e que ela mesma provocou os ferimentos de cortes. Confrontada aos resultados dos exames ginecológicos, ela também confirmou que não estava grávida.

Frente aos testemunhos foi necessária a abertura imediata de mais inquéritos.

O Ministério Público de Zurique-Sihl investiga em conjunto com a Polícia da Cidade de Zurique para descobrir motivos que justificassem os atos e se, e até quanto este foi premeditado e se há outros participantes. Isto dentro do contexto do inquérito penal por suspeita de falso testemunho. Já em 9 de fevereiro de 2009 foi recolhida uma grande quantidade de provas. Sua avaliação criminal técnica ainda estão em andamento. Também a investigação, feita com base na queixa original aberta devido ao ataque, continuam.

As afirmações de 13 de fevereiro de 2009 ainda não haviam sido confirmadas pelo Ministério Público em um interrogatório formal. Sobretudo frente ao comportamento contraditório da mulher no momento das declarações, sua testemunha devem ser examinadas em concordância com os resultados das investigações médicas legais e de avaliação técnica de pistas. Por essas razões a Polícia e o Ministério Público de Zurique não tornaram públicas suas declarações de 13 de fevereiro de 2009.

Agora as supostas testemunhas da mulher foram divulgadas pela mídia. Os correspondentes relatos são verdadeiros em parte. Sobre detalhes dos testemunhos o Ministério Público de Zurique-Sihl e a Polícia da Cidade de Zurique não tomam posição no atual momento. Isso por respeito às investigações em andamento e por proteção à personalidade das pessoas envolvidas.

Em um inquérito separado será esclarecido por quais caminhos os conteúdos de interrogatórios policiais da mulher conseguiram chegar ao conhecimento público. O Ministério Público I do Cantão de Zurique abriu processo contra desconhecido em 19 de fevereiro de 2009. Nesse caso não está apenas em foco a questão da violação de segredos oficiais; se este ocorreu, ainda não foi esclarecido.

O Ministério Público de Zurique-Sihl e o Ministério Público I irão informar ativamente em tempo hábil as mídias.

Não acredito que o MP suíço tenha emitido tal nota se não pudesse comprová-la. Portanto, o caso Paula Oliveira parece encerrado, com a confissão de automutilação.

No entanto, num caso de tantas reviravoltas, sempre é bom deixar a porta aberta para fotos novos (o que também faz a nota, reconheço), porque “Sobretudo frente ao comportamento contraditório da mulher no momento das declarações, sua testemunha devem ser examinadas [aqui acho que quiseram dizer “seu testemunho deve ser analisado”] em concordância com os resultados das investigações médicas legais e de avaliação técnica de pistas”.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

imagem RSSimagem e-mail

Ó, Tarso Genro, a inveja é uma M...inistra.(Com atualização)

Numa entrevista publicada hoje no diário espanhol El Pais, o ministro da Justiça Tarso Genro afirmou [o destaque é meu]:

[A ministra Dilma Roussef] es una buena candidata, tiene buena capacidad de gestión, pero, sobre todo, tiene el obstáculo más grande que pueda poseer alguien que opte a la presidencia: el apoyo del presidente Lula.

Quer dizer que um presidente com 84% de aprovação é obstáculo para uma candidatura?

Pergunta ao Serra se ele prefere o apoio de Alckmin, Artur Virgílio, Álvaro Dias, Tasso Jereissati, FHC e toda a turma demo-tucana, ou o de Lula.

Ministro, a inveja... você sabe.

E você que me lê, o que acha: o apoio de Lula ajuda ou atrapalha?

ATUALIZAÇÃO às 19h: Na Folha online há a informação recente, vinda do próprio ministro Tarso Genro, de que foi mal interpretado no uso da palavra "handicap", que tem um sentido no Brasil e outro lá fora:

"Em entrevista ao jornalista Javier Lafuente declarei que o apoio do presidente Lula à ministra Dilma Rousseff seria a maior 'vantagem' que alguém poderia ter numa campanha presidencial. Utilizei a palavra 'handicap', que no Brasil tem uma conotação positiva. No entanto, ela foi interpretada por Lafuente como 'obstáculo' --um sentido completamente oposto ao que me referi", diz o ministro em nota enviada ao "El País" e distribuída para a imprensa brasileira.

Comentário: O PIG mundial (o El País é do grupo Prisa, ligado ao Opus Dei) é realmente inacreditável.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

imagem RSSimagem e-mail

Paula Oliveira teria confessado. Ou não?


A revista semanal suíça Weltwoche dá o caso Paula Oliveira como encerrado. Notícia de primeira página informa que Paula teria confessado à polícia que nunca esteve grávida e que se automutilou. O partido que teve sua sigla marcada pelo corpo da brasileira, SVP, afirmou que vai processá-la. A tal confissão teria sido feita na sexta-feira, dia 13, e Paula a teria assinado.

Mas, se Paula confessou tudo na sexta, como seu pai, Paulo Oliveira, continuou dando entrevistas afirmando que acreditava na versão inicial da filha? Ele não sabia de nada, não viu/ouviu nada? Afinal, ele já estava na Suíça e é advogado, como a filha. Teria permitido que ela fosse interrogada pela polícia, no estado em que estava, sem ser assistida por um advogado? Difícil acreditar.

Se assistiu a tudo e viu a filha desmentir o que dissera anteriormente, por que continuou mantendo a história para a imprensa brasileira? Não seria melhor calar?

Essa história continua mal contada.

Quem poderia nos ter tirado ao menos algumas dessas dúvidas não o fez. Reportagem do Jornal Nacional de ontem, reproduzida acima, mostra que o repórter Marcos Losekann esteve cara a cara com o gol, era só chutar, mas ele ciscou pra lá, ciscou pra cá e não trouxe respostas a nossas dúvidas.

Diante do pai de Paula e do advogado suíço recém contratado pela família, e de posse da informação da revista, o máximo que ele conseguiu foi uma declaração claudicante do advogado suíço – não se sabe se surpreso pela notícia (como dá a entender a edição) ou pela dificuldade de se comunicar em português.

A pergunta deveria ter sido formulada ao pai de Paula. Ele sabia da tal confissão? Por que deixou a filha ser interrogada sem assistência jurídica? Etc.

Mas o jornalismo brasileiro não é um mar. Nem mesmo um rio. Em sua grande maioria é decidido no aquário das redações, onde se reúne a chefia para determinar como será feita e o que vai conter uma reportagem. O repórter é apenas o motoboy da notícia.

Enquanto essas dúvidas não forem esclarecidas, o caso continua em aberto. Ainda mais porque a informação é exclusiva da revista e esta é ligada ao governo como nossa imprensa ao Serra.

E pra você, o caso está encerrado?

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

imagem RSSimagem e-mail

Notas michês de um jornalismo mixuruca

Reprodução do Blog do Josias com ataques a Dilma e Marta

A imagem é do Cidadania, do Eduardo Guimarães, quem primeiro denunciou essa indignidade.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

imagem RSSimagem e-mail

Escola das Américas, escola de assassinos. Vídeo


Vídeo mostra um pouco da história da Escola das Américas (School of the Americas), criada em 1946 no Panamá, em 1983 transferida para Fort Benning, nos Estados Unidos. Famosa por haver formado, entre outros, Manuel Noriega, Hugo Banzer, o general Viola, do golpe militar argentino de 1976, o outro general, Galtieri, da guerra das Malvinas, e Manuel Contreras, chefe da terrível DINA da ditadura Pinochet no Chile.

Alguns depoimentos de militares e parlamentares americanos no vídeo chegam a ser engraçados, de tão cínicos.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

imagem RSSimagem e-mail

Paula Oliveira na Suíça: últimas informações

A história da brasileira Paula Oliveira, que teria sido atacada por três neonazistas no último dia 9, em Zurique, na Suíça, está cada vez mais difícil de se sustentar. Pelo menos na parte que se refere ao abortamento dos gêmeos no suposto ataque.

Em entrevista à revista Época, uma amiga (muy amiga) de Paula há mais de três anos e que foi sua companheira de trabalho na multinacional dinamarquesa, onde Paula é funcionária na Suíça, afirma que ela “tinha deixado uma impressão de que inventava algumas coisas para chamar a atenção”. Chegou a afirmar que perdera o marido francês no acidente da TAM em Congonhas, o que se mostrou falso.

A muy amiga disse à reportagem que recebeu há alguns dias um e-mail da Paula em que esta informava da gravidez de gêmeos, enviando o exame em anexo. A Época reproduz o e-mail e a foto do ultrassom, junto com a informação, recebida da amiga, de que a foto é idêntica a uma outra facilmente alcançada através do Google Images.

Ficam as dúvidas: apenas a foto era falsa ou falsa é toda a história da gravidez? Se é assim, por que Paula continua internada num hospital, sem expectativa de alta, sangrando e expelindo coágulos há mais de cinco dias, segundo o pai afirma ao blog suíço Coisas da Suíça? Por que em O Globo de hoje há a afirmação do mesmo pai de que o sangramento é apenas menstruação? Se é apenas menstruação, por que ela está à base de morfina, sempre segundo o pai nessa reportagem em vídeo da Band?

De todas as questões a que me chama mais a atenção é o fato de ela afirmar que foi agredida por três neonazistas, que teriam retalhado seu corpo com as siglas do partido de direita, no poder na Suíça.

Se era para justificar o aborto (ou a falta de gravidez) bastava que ela dissesse que perdeu os gêmeos por abortamento natural, o que seria razoável, já que é portadora de uma doença - o lúpus - que pode causar esse tipo de problema. Por que os três homens e meter o partido do governo na história, o que só poderia lhe causar as complicações que está causando?

O pior para Paula Oliveira é que a investigação sobre o suposto crime é difícil. Na estação “as câmaras funcionam apenas como um circuito interno de TV e não gravam imagens”. A motivação da polícia suíça ficou clara quando os policiais que a atenderam fizeram pressão para que ela confessasse que estava mentindo e inventando tudo aquilo.

Como sabiam? É comum na Suíça pessoas se apresentarem à polícia com o corpo todo retalhado por automutilação?

Fica evidente também o vazamento seletivo da informação de que ela não estaria grávida no momento do suposto ataque, quando nenhuma outra declaração é feita, sob alegação de sigilo.

Há ainda o caso do psiquiatra espanhol, que afirmou na entrevista da Band linkada anteriormente, que Paula estava muito convicta em suas afirmações.

Pra finalizar: Hoje, O Globo, em sua primeira página, diz que o pai de Paula nega plano de fuga da Suíça e afirma que não sabe de onde partiu essa informação. Eu sei: do mesmo O Globo, que ontem afirmou, também na primeira página, Governo quer que advogada deixe Suíça, o que não foi confirmado pela família de Paula nem pelo governo brasileiro.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

imagem RSSimagem e-mail

Globo e Serra deixam de ganhar prêmio internacional

Foto do brasileiro Luiz Vasconcelos premiada no World Press Photo 2008

Se concorressem ao World Press Photo 2008, a dupla Globo-Serra seria a maior barbada. A foto vencedora, do americano Anthony Suau, mostra um policial invadindo uma casa, cujos moradores foram desalojados pela crise mundial.

O brasileiro Luiz Vasconcelos, do jornal “A Crítica” de Manaus, foi o primeiro colocado na categoria Notícias gerais, com esta belíssima foto aí em cima, que mostra uma mulher enfrentando a polícia para evitar o despejo de vizinhos, em Manaus – segundo afirma o jornal O Globo. [Mais fotos premiadas aqui]

Como se vê, o tema da desapropriação de casas ligado à violência policial e resistência estava na ordem do dia do júri. Daí minha afirmação de que a dupla Globo-Serra teria papado o prêmio de vídeo, se houvesse a categoria no prêmio.

Olhem o vídeo abaixo, que editei em 11 de dezembro de 2007, retirado do Jornal Nacional, e vejam se eles não mereceriam o prêmio.



Reportagem de José Roberto Burnier no Jornal Nacional mostrou a Polícia Militar de São Paulo usando spray de pimenta, gás lacrimogêneo e balas de borracha para desocupar casas construídas na região da Favela Real Parque, na capital de São Paulo.

Entre os atingidos pela ação da PM, uma criança de colo, um bebê de apenas um mês de vida e uma mulher grávida, que entrou em trabalho de parto.

No entanto, o foco da matéria foi o imenso congestionamento que a ação de reintegração de posse causou ao trânsito na manhã paulistana.

Como o governador de São Paulo é o tucano José Serra e o prefeito da capital, o demo Kassab, o JN não fez comentário algum sobre o uso de violência pela PM.

Editei o trecho da reportagem que mostra a ação policial. Repare no spray sendo lançado contra uma senhora com uma criança pequena no colo. Em seguida, há o depoimento da mãe de um bebê de pouco mais de um mês de vida. Mais adiante, uma grávida sendo levada numa maca.

Spray de pimenta pode matar

O spray de pimenta, segundo informação da Folha Online, “causa irritação à pele, olhos e à mucosa do trato respiratório superior, gerando dor e desconforto. Pode inclusive gerar inflamações e edemas nas áreas em que entra em contato. Esses efeitos podem durar de 30 a 60 minutos”.

O médico toxologista Sérgio Graff, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), entrevistado pela reportagem da Folha, afirmou que a substância liberada pelo spray não é letal, mas pode causar sérios problemas – inclusive a morte – em pessoas menos resistentes, como idosos e crianças.

"Nestes casos, a morte é causada por complicações em decorrência da inflamação das vias aéreas, em que desencadearia uma crise de bronquite e o motivo seria insuficiência respiratória ou insuficiência cardíaca."

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

imagem RSSimagem e-mail

Paula Oliveira, vítima do resultado do plebiscito na Suíça?

Presidente do SVP e o cartaz da campanha

Paula Oliveira pode ter sido vítima da campanha pelo Não no Plebiscito que ocorreu na Suíça dia 8 de fevereiro. Coincidentemente, um dia antes do ataque que ela afirma ter sofrido de três neonazistas, que deixaram marcas e escreveram em seu corpo a sigla do partido direitista, atualmente no poder naquele país, SVP.

Em 8 de fevereiro os suíços foram às urnas ampliar ou negar acordos anteriores assinados com a União Européia. O partido no poder, SVP, fez campanha pelo Não e perdeu. Eles queriam restringir a livre circulação de estrangeiros pelo país. O Sim venceu por 60% a 40%.

A campanha do SVP foi agressiva, os estrangeiros sendo vistos como corvos que devoravam a Suíça aos bocados, como mostra reprodução do cartaz da campanha aí em cima.

O ex-presidente do partido e ex-ministro da Justiça, Christoph Blocher, numa entrevista no mesmo dia 9, lamentou o resultado e atacou imigrantes, especialmente alemães e portugueses:

Ele citou que o desemprego entre os imigrantes portugueses aumentou 108% nos últimos quatros meses e que esses desempregados ficam na Suíça para receber o seguro-desemprego e os benefícios da assistência social.

Pois foi na noite desse dia que Paula foi atacada, segundo suas próprias palavras, quando falava ao telefone (em português) com sua mãe.

A sigla SVP espalhada por seu corpo não seria mais uma forma radical de protesto e inconformismo contra esses “portugueses que ficam na Suíça para receber o seguro-desemprego e os benefícios da assistência social” e que, afinal, foram beneficiados pela vitória do Sim no Plebiscito?

Falar português pode ter sido a desgraça de Paula Oliveira.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

imagem RSSimagem e-mail

Caso Paula Oliveira na Suíça: SVP pensa expulsar brasileira

A vida da brasileira Paula Oliveira na Suíça não está fácil, e pode piorar, caso se confirme a suspeita de automutilação levantada pela polícia suíça. É que o partido de direita, xenófobo e racista, que teve sua sigla marcada no corpo de Paula, publicou uma nota em seu site pedindo investigações criminais sobre a brasileira e, conforme o caso, indenização dos custos das investigações e até a expulsão de Paula Oliveira do país (se é que ela vai querer continuar lá, depois disso tudo).

“O SVP do cantão de Zurique espera das autoridades de investigação criminal o esclarecimento completo desse caso. Especialmente é preciso avaliar se devem ser abertos inquéritos contra diversas pessoas por enganar a Justiça. Além disso, o SVP espera que os custos das amplas investigações sejam cobertos pela mulher brasileira e respectivas outras pessoas envolvidas. Além disso, a Secretaria de Migração do cantão (estado) deve averiguar, após a conclusão do processo, se o visto de permanência pode ser retirado. O dano que foi causado à Suíça através das acusações injustas justiça um procedimentos como esse.” [Fonte:Blog Coisas da Suíça]

Vamos ver que nota vão divulgar, caso a brasileira tenha sido - como acredito - realmente atacada por neonazistas simpatizantes do partido.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

imagem RSSimagem e-mail

Paula Oliveira no Orkut: solidariedade, mas também ofensas

No Orkut, a página de Paula Oliveira, a brasileira que teria sido agredida por neonazistas na Suíça, está bombando. Embora a imensa maioria dos recados seja de pessoas prestando apoio e solidariedade a Paula, há sempre aqueles que se aproveitam desses momentos para exibir suas abjeções em público. Veja esse dois exemplos, pescados por lá:

  • Tinha que ser nordestina --"
    Quer chamar a atenção? Pendure um guindaste no pescoço, e não afunde a reputação do Brasil na merda, são por causa se gentinha como VOCÊ que os brasileiros são motivo de chacota&desprezo em países de 1º mundo como Suiça :D
  • intãão vc nem gravida tava e c maxucou sozinha?!affês pra q isso?!pra conseguir fama?!essa é nossa sociedade de hoje em dia infelizmente =) ja anunciaram q o medico e a policia afirmaram q vc c maxucou sozinha =) acretido na midia =)

Repare que este último ainda afirma: acredito na mídia.

Uma curiosidade: Paula pertence a uma comunidade do Orkut chamada Eu Odeio o PT.

Clique aqui e receba gratuitamente o Blog do Mello em seu e-mail

imagem RSSimagem e-mail