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Em sua coluna de hoje na Folha, o jornalista, escritor e biógrafo Ruy Castro dá uma aula prática em poucos parágrafos sobre a arte de fazer uma entrevista.
O problema de nossos jornalistas muitas vezes não é que não saibam as técnicas, mas é que não podem usá-las porque as possíveis respostas ou constrangimentos aos entrevistados contrariariam seus interesses ou, mais corriqueiramente, os de quem lhes paga os salários.
De qualquer modo, serve para quem não é jornalista como um mapa para saber quando uma entrevista está sendo bem feita ou não. E também para julgar o entrevistador por sua capacidade ou falta dela e poder desvendar os interesses que há por trás da entrevista.
O que me parece é que a coluna de Ruy Castro é um crítica indireta à entrevista que Bonner e Renata fizeram com Bolsonaro no JN de segunda.
A coluna de Ruy Castro:
Entrevistador não faz cara irônica nem compungida. Entrevistador faz cara neutra, de pôquer. Suas perguntas serão diretas, exigindo respostas diretas. Entrevistador tem de saber escutar, ficar atento à resposta e, ao ver que o entrevistado está enrolando, interrompê-lo com firmeza, dizendo que ele não respondeu à pergunta. Entrevistador só muda de assunto quando se satisfaz com a resposta.
Entrevistador não diz que vai mudar de assunto quando muda de assunto. As perguntas, previamente preparadas, têm de se seguir umas às outras com naturalidade. Quando o entrevistado percebe, foi levado pelo nariz pelo entrevistador. Ao preparar cada pergunta, entrevistador já terá previsto possíveis respostas e formulado as perguntas seguintes de acordo. Políticos têm repertório limitado, donde pode-se prever como ele reagirá a esta ou àquela pergunta.
Entrevistador só faz uma pergunta de cada vez. Uma pergunta que se desdobra em várias ou tenha outras embutidas se torna um cacho de perguntas, o que facilita a vida do entrevistado. Além disso, permitirá a ele só responder a última pergunta ou a que lhe for mais conveniente. As perguntas devem ser curtas, objetivas e terminar com ponto de interrogação. Perguntas longas, repetitivas e muito explicadas geram respostas vagas, subjetivas ou falsas, porque dão tempo ao entrevistado para pensar.
Quanto mais curta e rápida a pergunta, mais sem defesa virá a resposta. E, quanto ao ponto de interrogação, não estou brincando. Alguns entrevistadores, em vez de fazer uma pergunta, elaboram uma formulação e, de repente, param e ficam à espera de que o entrevistado a prossiga. Os entrevistados mais espertos fingem escutar e ficam calados, à espera do dito ponto de interrogação.
Quando o entrevistado mente descaradamente, entrevistador olha no olho da câmera e desmoraliza o entrevistado com a informação verdadeira.
A Polícia Federal cumpre hoje pela manhã mandados de busca por ordem do ministro do STF e presidente do TSE Alexandre de Moraes nas casas dos empresários bolsonaristas Luciano Hang, dono da Havan; Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu; José Isaac Peres, dono da gigante de shoppings Multiplan; José Koury, dono do Barra World Shopping, no Rio de Janeiro; Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia; e Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono da marca de surfwear Mormaii.
Eles participam de um grupo no WhatsApp Empresários & Política e pregam um golpe de Estado, caso Lula vença a eleição presidencial deste ano. A revelação das mensagens golpistas foi feita pelo repórter Guilherme Amado.
A defesa explícita de um golpe, feita por alguns integrantes, se soma a uma postura comum a quase todos: ataques sistemáticos ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a quaisquer pessoas ou instituições que se oponham ao ímpeto autoritário de Jair Bolsonaro. [Metrópoles]
O ministro Moraes mostra que não foram apenas palavras, quando em seu discurso ao assumir a presidência do TSE disse que agiria de modo rápido e firme contra fake news e ameaças à Constituição e ao estado democrático de direito.
Um pente fino da Receita Federal também poderia esclarecer denúncias de sonegações milionárias de alguns desses empresários bolsonaristas.
A coluna de Janio de Freitas hoje na Folha vai ao ponto como quase sempre: Cobrança de comprovante e o suborno do eleitor são a mesma fraude.
O grupo de empresários adeptos do golpe proporciona, à revelia, o elemento decisivo para explicar a campanha contra as urnas e, com isso, comprovar o objetivo de fraude eleitoral de Bolsonaro. Os empresários pró-ditadura tornaram ainda maior a gravidade das ações do próprio ocupante da Presidência, e de seus apoios civis e militares, para desmoralizar a Justiça Eleitoral e as eleições no Brasil.
Um dos temas dos empresários golpistas, revelado pelo repórter Guilherme Amado no site Metrópoles, é a remuneração de trabalhadores que aceitassem dar seu voto a Bolsonaro. Pagamento em dinheiro.
Esse foi o motivo de Bolsonaro lançar sua campanha antiurna alegando a necessidade de recibo do voto, emitido pela máquina, contra fraudes. Derrubada a tolice, a exigência ainda hoje é de qualquer comprovação do voto.
Bolsonaro e seus apoiadores jamais encontraram um argumento para sobrepor à tola alegação de segurança "para o próprio eleitor". A comprovação, porém, é que traria aos pagadores a certeza do suborno a ser quitado.
Como a presença de Luciano da Havan e outros ligados aos Bolsonaro dá certeza à conexão do grupo Empresários & Política às táticas importadas do planejador de Trump, Steve Bannon, para o candidato de cá. A cobrança de comprovante e o suborno do eleitor são a mesma fraude.
O mais eficiente dos senadores, Randolfe Rodrigues, já requereu inquérito sobre os planos de empresários como os donos dos 62 restaurantes Coco Bambu, do Barra World Shopping e outras fortunas.
Entre os vários inquéritos e ações contra Bolsonaro, porém, falta e será justo incluir o de conspiração contra o regime de Estado democrático de Direito. E o de agir para a sedição armada contra o Poder Judiciário e a Constituição. Propósito configurado nos atos legislativos para armar civis, inclusive com armas de guerra, e na atração de militares para ações corrosivas das eleições e do regime constitucional.
Os empresários golpistas completaram uma visão clara, para os militares em geral, do que muitos deles estão apoiando ou facilitando. Cientes ou não, o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, outros generais e coronéis pressionam a Justiça Eleitoral contra as urnas herméticas porque contrárias à fraude pró-ditadura.
O 7 de Setembro vem aí com a celebração eleitoreira de Bolsonaro em Copacabana, Exército, Marinha e Aeronáutica como participantes. E suspenso o desfile na av. Presidente Vargas para evitar que a multidão vá à "parada" tradicional no centro e emagreça a agitação bolsonarista.
Faltam muitos processos criminais a Bolsonaro e seus acólitos mais próximos. Até originais, a exemplo do processo merecido por Michelle Bolsonaro. A pajelança que faz no Planalto às noites de terça-feira, por ela revelado com prazer, comete inúmeras transgressões.
Primeira-dama não é cargo oficial, logo, não dá à portadora do título a entrada nas dependências executivas da Presidência depois de encerrado o expediente. Michelle entra com seu time de exorcismos na área mais sensível do palácio, o gabinete presidencial, que ela acha ter sido, antes de 2019, "consagrado aos demônios". Bem, o ocupante era Michel Temer, a quem, no mínimo, Dilma identificou como traidor. E tinha até o hábito de receber visitas noite a dentro, às escondidas, para entendimentos sigilosos.
Certo é que o gabinete permanece com presença demoníaca. Michelle dá a prova definitiva. Se renova a pajelança toda terça-feira, "depois que ele sai de lá", é porque o time de exorcistas continua detectando fluidos diabólicos também renovados por lá. Apesar disso, a entrada de um grupo à noite, no palácio e em dependência onde são comuns documentos importantes, é transgressão perigosa a todas as regras de segurança do centro de governo —seja isso mesmo ou não.
O rosto bonito e amável de Michelle iludiu por quase quatro anos. De repente, ilustra acusações pessoais até mais fortes que as de Bolsonaro, e com estas igualadas na falsidade. Talvez seja reação dos demônios incomodados no Planalto.
Ainda assim, Michelle é passível de processo criminal, cuja falta não se justifica. A concessão possível a ela, é dar-lhe a companhia do general Augusto Heleno Pereira, que passa por responsável pela segurança institucional.
O inquérito dos empresários pró-ditadura vai intoxicar ainda mais a campanha eleitoral.