A questão militar. Quem vai botar o guizo no pescoço do gato? Deputada do Psol sai na frente

Todo mundo conhece a fábula de La Fontaine em que os ratinhos se juntam em assembleia para encontrar uma fórmula de afastarem o perigo de serem comidos pelo gato e decidem que a solução seria colocar um guizo no pescoço dele. O barulho do guizo os avisaria da proximidade do gato e assim teriam tempo de escapar. Mas aí surgiu o problema: Quem iria colocar o guizo no pescoço do gato?

Trazendo a fábula para os dias de hoje: quem vai botar o guizo naquilo que nos ameaça, os militares e a questão militar?

Porque os militares não querem largar o osso (no caso, picanha, salários milionários no governo, dezenas de milhares de cargos) e querem tutelar o governo Lula com a ameaça do golpe, que aconteceu no dia 8, como confirmou o ministro Dino, mas foi felizmente revertido.

Retomado o controle dos Palácios invadidos, o governo Lula determinou, entre outras medidas, o fim dos acampamentos em frente aos quartéis do Exército. No entanto, matéria do Washington Post de domingo passado informou que o comandante do Exército simplesmente proibiu que fossem presos os golpistas acampados em frente ao QG. 

“Você não vai prender gente aqui”, disse o comandante do Exército brasileiro, general Júlio César de Arruda, ao novo ministro da Justiça, Flávio Dino, segundo dois oficiais presentes.
O ministro não tocou no assunto, o que significa que o fato se deu, o que é gravíssimo, até porque não gerou consequências. 

O Brasil não aguenta mais essa intromissão militar. Pagamos seus soldos, uniformes, residências, pensões a eles e famílias; pagamos as armas que usam e eles nos ameaçam de utilizá-las contra nós, civis que os sustentamos.

Proporcionalmente, nosso Exército tem mais generais que o dos EUA. Mas os Estados Unidos vivem em guerra, enquanto os nossos vivem ameaçando golpe ou se lançando como Poder Moderador, categoria inexistente na nossa Constituição.  

Não dá mais para adiar o enfrentamento dessa questão militar. Mas, ao que parece, ninguém se atreve a botar o guizo no pescoço do gato. Ou melhor, ninguém se atrevia. A deputada federal eleita Luciene Cavalcante (Psol-SP) denunciou ao MPF o comandante do Exército pela prática do crime de prevaricação por não ter se empenhado, desde que assumiu a força, em desmobilizar o acampamento bolsonarista montado em frente ao quartel-general do Distrito Federal [Folha]. 

É preciso que nós, sociedade civil, façamos nossa parte e engrossemos o coro de que não queremos as Forças Armadas exercendo qualquer atividade na vida do país, além do papel que lhe é determinado pela Constituição.

O presidente Lula já disse recentemente que é esse também seu posicionamento e o do governo. 

Que o MPF chame o comandante e ele preste os esclarecimentos devidos. Se houver cometido alguma infração, que seja punido por ela, e vida que segue.


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