Inacreditável é mesmo a palavra. Não dá para acreditar. Porque o depoimento do almirante Bento Albuquerque, ex-ministro das Minas e Energia de Bolsonaro, à Polícia Federal na terça-feira passada desmente não apenas o que havia afirmado anteriormente o próprio almirante como desmente também Bolsonaro.
Bom, desmentir Bolsonaro é tarefa fácil e à disposição de qualquer um em qualquer dia, porque o criminoso há décadas impune tem como mantra uma mentira pelo menos a cada dia. A desmentida pelo depoimento do almirante foi a de que as joias seriam para ele "em caráter personalíssimo", o que lhe facultaria o desejo de ficar com elas, no valor total de quase R$17 milhões — somados os dois estojos.
O almirante disse à PF que os estojos "eram presente de Estado". E aqui, além de desmentir Bolsonaro desmente a si próprio, que declarou à Receita, no dia da apreensão do estojo com as joias de R$16,5 milhões, que elas seriam um presente para Michelle Bolsonaro. Ou seja, numa das ocasiões o almirante mentiu. Em qual delas?
Mas o depoimento do almirante é inacreditável também porque não lhe foi perguntado o motivo de não ter declarado à Receita que trazia os estojos com seu assistente. Se eram, como disse agora à PF, presentes de Estado, por que não declará-los e agir como um muambeiro?
E inacreditável também porque Bento Albuquerque disse que recebeu os pacotes de um "emissário", tudo de boca, sem perguntar do que se tratava. E se fossem drogas? E se fosse uma bomba?
O depoimento do almirante complica sua situação e de quebra a do ex-presidente. Mas este já nem liga: é acusado de tanta coisa há tanto tempo impunemente (e coisa muito mais grave como a morte de milhares de brasileiros na pandemia) que acha que tem um escudo protetor que o livra da Papuda.
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